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A forma como ele olhava para aquela garota irritava Rachel profundamente.

Nada contra Marley Rose, mas... ela tinha que admitir que um bicho estava trabalhando em suas entranhas enquanto ela via a cara de extrema apreciação com que ele a observava cantar “Chasing Pavements”, da Adele.

Como Rachel Berry tinha chegado a este ponto?

{...}

–Ai, amiga, vamos sentir tantas saudades!- Rachel disse, abraçando Sunshine Corazón, sua colega de trabalho. Sunshine, que era professora de música na Music House estava de mudança de Nova York para Los Angeles, e todos seus colegas estavam reunidos em um simpático bar no SoHo para o “bota fora” dela.

–Eu sei, eu sei!- a filipina riu, abraçando Rachel também.- Mas deixei uma substituta à altura: Marley, vem cá!- ela disse, puxando uma tímida moça de belos olhos azuis para apresenta-la à Rachel.

A festa estava muito animada, Rachel e Sunshine arrasaram cantando de improviso “Telephone”, duo de Beyoncé e Lady Gaga, arrancando assovios e palmas de todo mundo. Após a apresentação, Rachel recostou-se no balcão, pedindo uma bebida que elevasse ainda mais sua adrenalina para aguentar a noite toda.

–Não é muito forte não?- uma voz rouca e quente perguntou perto do seu ouvido, voz à qual ela já reconhecia mesmo com menos de um mês de convivência com seu dono.

–Não preciso de ninguém me regulando, faz favor.- ela respondeu, virando o copo, desafiadora.

–Acho sexy mulheres decididas assim...- Finn rodeou Rachel e parou à sua frente.- Só acho que um pouco sóbria você ainda pode lembrar o que podemos fazer mais tarde.

–Desculpe?- Rachel riu.- Não vai acontecer mais nada entre nós. Aquele beijo foi um erro, um equívoco.

Finn arqueou uma sobrancelha:

–Sério?

–Humhum... aliás, você não tá de condicional ou coisa parecida?- Rachel provocou.- Não deveria estar aqui. Tá tarde.

Finn lambeu lentamente os lábios, estudando a atitude desdenhosa da garota.

–Não tô de condicional, senhorita... se eu estou lhe incomodando... vou me retirar.- ele falou, afastando-se dela.

Rachel deu de ombros. Ela tinha achado mesmo que fora um erro gigantesco beijar Finn naquele dia, então, nada melhor do que deixar o quanto antes as coisas bem claras entre eles.

Ela não era do tipo que gastava energia com relacionamentos. Quer dizer, ela tinha namorado dois caras, Jesse St.James e Brody Weston, ambos do meio da Broadway, mas sempre que as coisas começavam a complicar, sempre que demandavam mais dela do que achava necessário, Rachel tirava o corpo fora. Claro, beijar Finn tinha sido melhor do que os outros caras de toda a sua vida, mas ela não iria desfocar de si, do que queria, do que ele estava fazendo ali na Music House porque as línguas e bocas de ambos de repente, se uniram e tinham trabalhado numa coreografia perfeita.

Ela estava levando sua decisão muito bem até o dia em que Finn não a acompanhou à aula como seu assistente, e sim, Marley. Pior foi ouvir os risinhos de ambos e o dueto de “Every Breath you take” que eles improvisaram na hora do lanche.

–Eles são uns fofos juntos, não são?- Kurt cochichou com ela, sentando-se ao seu lado para ver o irmão e a nova professora unindo suas vozes e trocando olhares enquanto entoavam a canção mais clássica do Police.

–Ah, bem...- Rachel hesitou. “Não, eles não eram fofos! Finn não era nenhum Sting, ela não era nenhuma Chrissie Hynde ou algo do tipo, e...”

– Tudo bem, Rachel?- Blaine, juntando-se ao namorado e à amiga perguntou.

–Oh, sim, claro. Tudo bem.

Tudo bem uma ova. Ele nem olhava mais para Rachel. Só queria saber daquela nova garota.

–Muito bom ver Finn empenhado na Music House, não é Rachel?- indagou Will Schuester certa manhã.

Ela inspirou profundamente antes de responder:

–Sim, é.

Will sorriu, como se estivesse perscrutando os pensamentos da garota:

–Tá sentindo falta dele? Ainda acho que este menino precisa de um rumo, mas ele me disse que prefere não te acompanhar mais nas aulas... algo aconteceu entre vocês?

Rachel baixou os olhos:

–Não, este garoto é que é cheio de conversa mole.

{...}

Ele a olhava de uma forma que incomodou Rachel. Mas, por quê? Por que ela se sentia tão mal por Finn não falar mais com ela, por ele estar aparentemente interessado naquela professorinha sem sal, por que ela não conseguia mais parar de pensar no beijo deles, e por que ela estava parada pensando nisso?!

Rachel saiu apressada do auditório, onde Marley cantava “Chasing Pavements”. Definitivamente, ela estava confusa, sem um namorado ou relação ou o que quer que fosse amoroso há algum tempo, e a presença de Finn que surgira tão rápida e acintosa na sua vida só estava embaralhando tudo.

Ela chegou em casa, jogou as chaves sobre um móvel, foi tomar um banho. Acabou decidindo-se por cozinhar e fez um quiche de legumes.

Então, ela não sabe de onde aquela ideia surgiu, mas lá estava ela, com travessa na mão, adentrando o apartamento de Blaine e Kurt oferecendo o jantar:

–Eu trouxe o bastante...- ela sorriu.

Depois de os três comerem e tomarem vinho, Kurt disse, olhando para ela:

–Não, Rach, o Finn não tá aqui.

–Mas eu nem perguntei nada!- ela se sobressaltou.

–E precisa? Você não para de olhar por cima dos ombros...

–Ele saiu com a Marley, acho.- confidenciou Blaine, retirando um pote de sorvete do congelador.- Eles parecem bem a fim...

–Você acha?!- Rachel perguntou antes de poder refrear sua boca.

Kurt e Blaine se entreolharam e soltaram uma gargalhada:

–Hum, amor, parece que tem alguém aqui que tá com ciúme...

–Eu não tô com ciúmes, ouviram?!- Rachel berrou, levantando-se com ímpeto.- Tchau pra vocês.

“Era só o que me faltava, eu com ciúmes daquele inconsequente”, Rachel divagava consigo, apertando diversas vezes o botão do elevador até desistir dele e descer dois andares de escada. Mas, ela não esperava que tanta impaciência lhe custaria tanto:

–Finn!- ela guinchou, assustada.

–Ahn...boa noite?- ele perguntou, cauteloso.

–O que você tá fazendo aqui?

–Eu moro aqui. Pelo menos, temporariamente, já que meu padrasto e minha mãe não querem me dar um apartamento e eu tenho que viver com Kurt e Blaine.

–Você não deveria estar... hum... fora?- ela inquiriu.

–Bom, já saí e já estou dentro.- ele riu.- Vem cá, você andou fumando algo, sei lá, ouvi dizer lá na Music House que você é vegan, andou tragando uns cigarrinhos de orégano ou...

–Eu tô ótima!- ela o interrompeu.

–Ok.- Finn deu de ombros, subindo alguns degraus.

–Finn, você... você tava com a Marley?- Rachel perguntou atrás dele, a voz miúda.

Sem que ela visse, ele deu um sorrisinho com o canto do lábio:

–Sim. Saímos, comemos cachorro-quente, andamos no parque... foi bacana.

–Wow, parece bem simples pro cara das grandes baladas frequentador dos tabloides.- ela retorquiu, sarcástica.

– Tá, garota.- Finn disse, aproximando-se rapidamente dela.- Chega deste joguinho. Deixa de indiretas. Qual é a sua?

Ela tremeu um pouco, tentando não desviar o olhar:

–Não tô fazendo joguinho nenhum.

–Não me cansa, Rachel. Você ainda me quer. Tá morrendo de ciúmes da Marley, admita.

Rachel arregalou os olhos, abriu a boca para falar, mas não saiu nada, porque Finn avançou sobre ela com avidez, encostando-a na parede, segurando-a com força para não lhe escapar:

– Diz que não sentiu falta disso, diz...- ele provocou, deslizando sua leve barba por fazer sobre a face dela, tal gesto provocando arrepios involuntários nela.- Você me deseja... eu sei que sim.

–Não!- Rachel disse entredentes, mas seu corpo a traía miseravelmente.

Finn apalpou suas coxas sobre a saia, mordiscou o lóbulo de sua orelha e ouviu um grunido que o fez avançar mais, roubando-lhe outro beijo impetuoso, sedentos, a língua de Rachel batalhando com a sua, os dedos da morena enterrados em sua nuca, a cabeça de ambos girando naquele mar de sensações loucas e boas demais.

– Você me deixa maluco, garota.

–Você é que me deixa louca.

 

 

 

 

 

Cap. 4: "Isso é ciúme..."

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