Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Eu parei. Eu corri. Eu fugi. Eu fui uma covarde; eu não queria que ninguém tivesse visto aquilo. Mesmo assim, não me arrependo pelo o que fiz. Sei que tanto eu quanto Sam estamos nos gostando, mas aquela insegurança, que preciso saber que não tenho mais nenhuma chance com Finn para aí sim seguir em frente. Preciso ter certeza absoluta que ele não quer nada comigo; algo dentro de mim diz que tem algo que eu ainda não descobri.
Não vi nenhum movimento atrás de mim. Sam também estava confuso; nem mesmo Santana ou Kurt vieram atrás de mim, então decidi seguir até o apartamento sozinha. A noite em New York estava gélida; eu podia sentir cada pêlo do meu corpo enrijecer com o toque do vento. Me encolhi ainda mais, cruzando os braços no peito. Eu só queria me livrar daquele cabelo, daquela roupa e daquele homem que rodeava minha cabeça há tantos anos.
–Sam....me desculpe.
Lembro das minhas palavras, logo após parar o beijo, e sair correndo do apartamento de Quinn. Eu sabia que beijar Sam não foi pecado; foi uma forma de dizer que gosto de ficar ao lado dele. Mas mesmo assim, parece uma traição. Na minha cabeça, eu sempre pertenci a Finn. E eu precisava que ele me libertasse para assim, finalmente, ter um relacionamento com outros homens.
Eu teria que fazer algo que ando tentando fazer há anos. Nunca me senti atraída por alguém como me sentia por Sam. E eu sabia que ele gostava de mim também. Porém, eu sempre guardei o sentimento de Finn para eu mesma, sem nunca contar para ele sobre isso. E nunca soube ao certo se ele sente ou sentiu algo por mim. Então a hora havia chego: eu precisava saber se Finn sentia algo a mais por mim.
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Já disse o quanto eu odeio o sol de manhã? Aqui no quarto de Finn, ele bate exatamente na minha cara, o que me obriga a levantar cedo. Estava acabada; nem sei como cheguei no apartamento. Se peguei carona, táxi ou vim a pé mesmo. Só sei que ainda estava com a fantasia e com o cabelo da Barbie. Tratei de tomar um banho e buscar a água oxigenada.
Percebi que não havia ninguém em casa. Finn, provavelmente estava com Quinn. Agora Santana e Kurt...eu não tinha a menor ideia. Decidi que iria me preocupar com isso apenas mais tarde. Agora, minha missão era arrancar aquela loira oxigenada que vivia dentro mim.
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Nunca me senti tão angustiada e ansiosa em toda a minha vida. Cada partícula do meu corpo tremia freneticamente. Ouvi a porta abrir, e logo depois a voz de Finn ecoar pelo apartamento, seguida pela de Santana e Kurt. Saí do banheiro, sendo novamente a Rachel morena. Eu me sentia muito melhor assim.
–Vocês chegaram!-Eu disse, fingindo uma animação. Pra falar a verdade, meu nível de animação estava zero no momento. Já o nervosismo? Estava pra mais de mil.
–Acabamos dormindo na casa da Quinn, já que estávamos muito cansados pra vir pra casa.-Santana disse, e Kurt concordou, bocejando.
–Posso falar com você, Finn?-Falei, ignorando Kurt e Santana, que saíram da sala de fininho, trancando-se no quarto.
–Sobre...?-Ele perguntou, com certo desinteresse. Isso me frustrou.
–Sobre o que eu ando fazendo isso nesses últimos dias. Eu peço desculpas.-Eu disse, mesmo sabendo que ele não entenderia.
–O que você anda fazendo?-Eu estava certa. Ele me encarava com uma cara de total confusão.
–Você não percebe? As roupas que eu ando usando, meu jeito de agir, meu jeito de falar. O ciúmes que eu tento causar em você quase todo dia. Finn, eu pintei meu cabelo de loiro!-Gritei, apontando para meu cabelo, mesmo que ele já estivesse escuro novamente.
–V-você...estava tentando ser a mulher perfeita pra mim?-Ele se tocou. Merda.-Espera...agora eu estou começando a me tocar das coisas! Rach...você gosta de mim?
Eu procurei o sofá; sentei e coloquei a cabeça nas mãos, sem saber o que falaria agora. Tudo que guardei esses anos todos havia sido falado da boca pra fora e entendido por Finn.
–Eu te amo desde sempre, Finn. E você nunca se tocou disso. Desde o ensino médio; eu ando esse tempo todo tentando conquistar você, com a ajuda de Santana e Kurt. Nós bolamos milhares de planos, e esse foi o pior de todos. Essa história de mulher perfeita foi o plano mais estúpida e retardado que eu inventei. Eu sinto muito, Finn, de verdade. Tentei parar de amar você tantas vezes, tentei me afastar e seguir em frente. Eu me sinto tão idiota falando tudo isso somente agora. Fui covarde esses anos todos, mas aí está toda a verdade. Rachel Berry te ama mais do que tudo nesse mundo.-Disse, finalmente abrindo meu coração.
Ele sentou-se ao meu lado, segurando minha mão. Eu havia estragado minha amizade e a chance de finalmente ter Finn. Eu via nos olhos dele o quão confuso e irritado ele estava.
–R-rachel...e-eu...-Finn começou, mas não conseguia sequer respirar direito. Ouvi a porta do quarto de Kurt sendo aberta, e os dois seres saírem de lá, com sorrisos cúmplices no rosto.
–O plano foi revelado!-Santana disse, erguendo os braços, sorrindo feito uma besta. O que ela estava falando?
–Sim, Santana...o plano da "mulher perfeita" foi revelado.-Eu disse, me afastando de Finn, abaixando a cabeça. Eu não acreditava que Kurt e Santana podiam estar sorrindo numa hora dessas.
–Não esse plano, Hobbit. O plano que eu, Kurt e Finn...
–NÃO!!!-Finn gritou, interrompendo Santana, proibindo que ela falasse qualquer coisa. Eu estava mais perdida do que cego em tiroteio naquela conversa. Que plano eles estavam falando?
–A merda já tá feita, Finn...por quê não contar?-Kurt disse, cruzando os braços.
–QUE PORRA VOCÊS ESTÃO FALANDO?-Levantei, gritando, cansada de não entender nada do que aqueles três idiotas estavam falando.
–Rachel, desculpa por tudo isso. Foi um plano meu, do Kurt e da Santana pra....me desculpa, eu não posso.-Finn tentou falar, mas desistiu na metade. Eu não conseguia entender nada, mesmo assim. Vi Santana e Kurt encarando Finn com ódio.
–FALA, FINESSA! QUE BOSTA....FALA!-Santana gritou, e pedi aos céus que Kurt a segurasse, antes que ela batesse em Finn ou soltasse seu maldito espanhol na cara dele.
E de repente, eu entendi tudo. Foi tudo um plano pra fazer com que eu assumisse meu amor por Finn. Ele já sabia de tudo isso, mas estava esperando eu me declarar pra ele, e ver o quanto humilhada eu iria ficar. Foi uma brincadeira; uma brincadeira infantil e medíocre que Santana e Kurt criaram. Eles brincaram com meu coração, tentando fazer com que eu fosse quem eu não era; me fizeram fazer papel de boba, acreditando que algum dia Finn iria realmente me amar. Eu era um fantoche, e os três me manipulavam somente por diversão. Foi tudo um joguinho para eles. Peguei minha bolsa, correndo pra fora daquele lugar. Não aguentava mais ficar no mesmo ambiente que aquelas pessoas.
Antes de sair do apartamento, me virei, olhando os três, com os olhos marejados. Eles estavam arrependidos pelo o que fizeram. Mas já era tarde demais; nunca soube como era passar a odiar uma pessoa, mesmo amando ela por muito tempo. Mas agora eu sabia; odiava aqueles três mais do que tudo.
–Eu não vou mais ser o brinquedinho de vocês; divirtam-se as custas de outra pessoa.-Disse, batendo a porta, sem deixar que ninguém se pronunciasse. Corri pra longe dali, sem me importar se algum deles me seguia.
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Eu não tinha lugar pra ir. Minha família não morava aqui, e amigos? eu considerava somente aqueles três meus verdadeiros amigos. New York começou a ser um lugar solitário pra mim. Sempre sonhei alto, tendo em mente que meu futuro e minha vida sempre estariam na big apple. Agora, eu só queria fugir dali, o mais rápido possível.
Havia somente um lugar naquela cidade que podia me fazer bem no momento. Aonde eu podia afogar as mágoas, e esquecer das pessoas que um dia eu considerei serem as mais especiais da minha vida.
O Central Park estava cheio; famílias e amigos reuniram-se naquele lugar para curtir o final de semana. Aquilo me dava nojo. Eu tinha vontade de gritar pra cada um: "Yey, um dia, todas essas pessoas vão te magoar e te fazer sofrer. Fuja antes que elas quebrem seu coração."
Mas eu fiquei somente sentada embaixo de uma árvore, observando tudo com desgosto. E nas horas mais difíceis, a pessoa certa aparece. Depois daquela conversa, depois de me machucar, parecia que eu sabia que só precisava daquele ser para continuar firme. E lá estava ele, radiante como sempre, sentado alguns metros longe mim. Levantei, respirando fundo, e seguindo até aonde ele estava. Me sentei ao seu lado, limpando as lágrimas.
–Olá Sam.