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Tudo começou quando eu assistia "legalmente loira", logo após ter chego do trabalho. Liguei a TV, e me joguei no sofá, já que nem Finn, Kurt ou Santana estavam ali. Comecei a mudar de canais, e parei nesse bendito filme. Nunca cheguei a assistir ele inteiro, sempre via pelas metades. Foi aí que descobri como mulheres loiras são burras, idiotas e metidas. Mas acima de tudo, tem um poder incrivelmente grande sobre os homens. Não sei realmente o por quê isso acontece, mas é a pura verdade. Uma pesquisa recente também afirmou isso. Os homens preferem muito mais as loiras do que as morenas. Finn prefere muito mais as loiras do que as morenas. E isso machuca, por sinal.

 

–E se eu...-Comecei, falando comigo mesma, encostando na ponta dos meus cabelos. Não. Eu nunca iria fazer isso.

 

–RACH! NOVIDADE, NOVIDADE!-Finn entrou no apartamento, interrompendo meus pensamentos. Entrou animado, jogando-se ao meu lado. As vezes, acho que a convivência com Kurt não lhe faz bem. Depois de alguns anos morando juntos, Finn adquiriu um lado, digamos, feminino.

 

–Kurt Hummel se apossou do seu corpo, foi?-Perguntei, dando uma leve risada, recebendo um tapa na perna.

 

–Cala a boca e me escuta. Quinn vai fazer uma festa fantasia na casa dela, pra comemorar o fim do ano. Ela convidou eu, você, Kurt e Santana. Se ajeite, é amanhã as 20 horas.-Finn disse, levantando-se depois e indo até o quarto, saltitando.

 

Rolei os olhos, não acreditando que aquela réplica da Barbie realmente me queria na festa dela. Ela era tão...simpática. E isso me causava enjoo. O que eu iria vestir? Corri até o quarto de Finn.

 

–O que eu devo usar, Finn?-Perguntei, vendo ele separar a fantasia dele. Finn de bombeiro. Essa era boa.

 

–Quinn disse para usar algo que surpreenda. Falou que haverá uma competição, pra eleger a melhor fantasia.-Finn disse, sorridente. Sorri também, voltando ao sofá. O final de "legalmente loira" passava, e um sorriso sacana surgiu em meu rosto.

 

Vamos surpreender aquela vadia.

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Me olhei no espelho novamente. Eu não acredito que realmente tinha feito aquilo. Fechei os olhos, tirando o pano que estava na minha cabeça. Ainda sentia o cheiro da tintura, e aquilo só fez com que eu lembrasse que era real. Eu estava loira. Finn já estava na casa de Quinn, portanto somente me veria daquele jeito na festa. Santana e Kurt se arrumavam, discutindo qual maquiagem ficava melhor na latina. E eu, estava lá, com um vestido pink colado, de salto alto, e loira. Eu era a Barbie. Se Finn curtia loiras e mulheres de rostos angelicais, era isso que eu seria aquela noite. Retoquei a maquiagem, deixando meu rosto o mais delicado possível.

 

–Rachel, que sapato eu...-Santana abriu a porta do quarto, deparando-se com a minha figura. Ela não piscava. Não respirava. Apenas me encarava com a boca aberta e os olhos arregalados.

 

–Santana, por favor...-Comecei, sendo interrompida pela escandalosa risada de Santana Lopez. Rolei os olhos, cruzando os olhos.

 

–KURT! VEM VER ISSO AQUI!-Santana gritou, em meio as suas risadas. Me sentei na cama, fechando os olhos e evitando ouvir a risada de Santana ecoando pelo apartamento. E depois, a risada de Kurt juntando-se a dela.

 

–E-eu...não acredito que você realmente fez isso.-Kurt disse, abafando o riso, enquanto Santana rolava no chão de tanto rir. Idiotas.

 

–Tudo pelo Finn.-Eu disse, animada, evitando os dois patetas me encarando como se eu fosse uma palhaça.

 

Talvez eu fosse. Mas tudo isso valeria a pena. Pelo menos eu acho isso. Está na hora de mostrar do que Rachel Berry é capaz.

 

Depois de fazer as duas crianças pararem de dar risada, saímos do apartamento, indo até a casa de Quinn. Eu sentia minhas mãos suando, e ainda podia ouvir leves risadas vindas de Kurt e Santana. Ignorei, me olhando novamente no espelho. Eu não estava tão estranha assim. Santana e Kurt exageram demais, é esse o problema.

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Sempre gostei dos holofotes todos virados pra mim. Qual é, eu amava chamar a atenção de todos e todas. Até naquele momento, eu gostava de ter pessoas me encarando com olhares estranhos. Eu gostava. Kurt e Santana vinham atrás de mim, enquanto procurávamos por Finn e Quinn, que deviam estar se pegando em algum lugar. Eca.

 

E sabe aquele momento em que a pessoa que você menos esperava, está lá? Era exatamente isso que eu estava presenciando no momento. A pessoa que eu menos esperava. A pessoa que estava na minha cabeça há dias. Aquele que tinha um sorriso brilhante e uma boca extremamente atraente. Sam. Ele estava vestido de médico, algo que não tinha nada a ver com a real profissão dele. Fui até seu encontro, recebendo olhares de decepção por parte de Santana e Kurt.

 

–Rachel?-Ele perguntou, ainda estranhando minha fantasia. É, eu estava realmente ridícula.

 

–É, por incrível que pareça.-Eu disse, me sentando ao seu lado no sofá.

 

–Encontrei Finn por aqui, junto com minha irmã. Ele me olhou com certa reprovação, e fiz o mesmo. Me desculpe.-Ele disse, e arregalei os olhos. Ele era irmão de Quinn?

 

–Quinn é sua irmã?-Perguntei, confusa.

 

–Sim, ela é. E daqui a pouco, vão achar que você é minha irmã também.-Ele disse, e soltei uma risada escandolosa, o que fez Finn finalmente notar minha presença ali. Encontrei ele encostado em uma porta, me encarando. Sem rir. Sem me lançar um olhar de reprovação. Sem dizer algo ou gritar algo. Apenas me encarando. Soltei um leve "oi", sorrindo. Ele não respondeu, apenas se virou, sem sequer falar comigo.

 

Era como se eu visse todos os anos que lutei por Finn serem esmagados com aquele simples olhar que ele me deu. Aquele olhar que não me mostrou nenhum sentimento. Surpresa, raiva, decepção, amor. Nada. Nenhum sentimento. Toda aquela história de mulher perfeita, tinha sido destruída com apenas aquele olhar.

 

–Você está bem?-Sam perguntou, encostando de leve em meu ombro.

 

–Acho que sim. Só preciso beber alguma coisa. E dançar. Dança comigo?-Perguntei, fazendo Sam corar. O puxei, sem ligar se ele sabia ou não dançar. Por algum motivo, eu só queria ele do meu lado naquele momento.

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Eu notava os olhares de reprovação de Santana e Kurt lançados para mim. Mas nem ligava. Sabia que Finn era um amor impossível. Se não consegui todos esses anos, não vão conseguir nunca. Parei de tentar. Eu ainda o amava profundamente, mas tinha alguém do meu lado que podia fazer eu esquecer aquele amor. Sam era a chave para uma vida sem sofrimento e sem Finn.

 

–Vou no banheiro e já volto.-Eu disse, beijando sam na bochecha, deixando ele dançando sozinho.

 

Me olhei no espelho, prometendo a mim mesma que assim que chegasse em casa, passaria água oxigenada e deixaria de ser loira. Não iria mais mudar para ser aquilo que não sou. Eu não sou uma mulher perfeita. Tenho defeitos, tenho qualidades. Não sou uma Barbie, que tem cada parte do seu rosto revestida de perfeição. Não sou um exemplo de mulher. Não sou uma rainha da beleza. E se alguém um dia fosse me amar, deve me amar pelo jeito que eu sou. Sem nenhuma máscara, sem nenhum fingimento. Sem nenhum cabelo tingido.

 

–Ela ficou bizarra com aquele cabelo.–Ouvi a voz de Quinn, vinda de algum lugar próximo. Provavelmente, o quarto dela, que era do lado do banheiro.

 

–Não sei o que deu na Rachel. Ela não é assim.–Agora era a voz de Finn. Mais nenhuma conversa. Eu podia ouvir a respiração intensa de Quinn enquanto Finn, provalmente, a enchia de beijos e carinhos. Fechei os olhos, evitando imaginar a situação. Abri a porta do banheiro, indo até aonde Sam estava. Ele pegava uma bebida qualquer.

 

–Você acha que eu fiquei estranha com esse cabelo?-Perguntei, sem nem ao menos avisar que já estava ali de volta. Vi ele se virar, me encarando.

 

–Digo que prefiro a Rachel morena. Ela tinha uma personalidade mais atraente e mais real.-Ele disse, sorrindo.

 

–Real? Como assim?-Perguntei, confusa.

 

–Essa Rachel loira parece mais uma encenação, um fingimento. Você tentando fingir ser aquilo que não é.-Sam disse, e abaixei minha cabeça, envergonhada. Ele tinha toda a razão do mundo.

 

–Me desculpe...-Eu disse, corando um pouco. Ele segurou meu queixo, fazendo eu olhar em seus olhos.

 

–Eu gosto de quem você é. Não quero nenhuma fantasia, nenhuma máscara. Você é incrível, do jeito que você é. Sem cabelos tingidos, sem maquiagem, sem roupa de Barbie. Eu sei que pode ser errado, mas...-Sam começou, mas o interrompi, juntando meus lábios nos deles.

 

Estava cansada; meus pés doíam, meu corpo doía; meu coração estava despedaçado. Eu só precisava de alguém como Sam do meu lado.

Cap. 8: "Blonde girl"

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