Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Eu me sentia um lixo. Um brinquedinho de três adultos que eu considerava serem meus melhores amigos. Eu queria alguém pra me ajudar naquele momento, e como um anjo caído do céu, lá estava Sam, com um regata branca, uma bermuda bege e os cabelos desarrumados pelo vento. Eu sentia que talvez pudesse me abrir com aquela pessoa, e ser alguém melhor. Eu passei tantos anos me escondendo dos homens, tentando achar um jeito de conquistar um em especial. Me isolei da sociedade, evitei ter uma vida social. Evitei de ter outros amigos além de Santana, Finn e Kurt. Me prendi tão forte nesse sentimento que esqueci que um mundo esperava por mim lá fora. New York estava de braços abertos pra mim. Mas eu estava cega de amor, e nunca percebi isso. Até conhecer Sam.
Era como um anjo sarado, feito especialmente pra mim. Como se alguém tivesse ido até aquelas lojas que fazem roupa sob medida, escolhido Sam e tivesse me dado como presente de aniversário. É uma comparação totalmente feia de se fazer, mas estava dentro do contexto. Ele me fazia sentir viva, me fazia sentir-se eu mesma. Coisa que evitava fazer há muito tempo. Desde aquela história de "mulher perfeita", deixei minha essência pra trás, me baseando em algo que eu não era, e nunca seria. Se Finn quisesse gostar de mim, que gostasse pelo o que eu sou. Me dei conta disso depois que tingi meu cabelo de loiro, e passei o maior mico. Eu não era eu mesma ali. E Sam teve a coragem de dizer isso para mim; dizendo que preferia a antiga eu. Talvez, essa tenha sido uma das principais razões para ter feito o que eu fiz minutos atrás. Talvez fosse um erro, uma ação precipitada. Mas eu só queria seguir minha vida adiante, com a cabeça erguida.
Por esse motivo, estou parada na frente do apartamento de Kurt e Finn. Decidi vir pegar minhas coisas, e achar um lugar para ficar. Resolveria as coisas do apartamento com Santana, quando estivesse com a cabeça fria, e não tivesse vontade de atacá-lo no pescoço. Ergui a cabeça, abrindo a porta do apartamento. Não podia parecer abalada com tudo aquilo; teria que mostrar que sou superior, e que não dou a mínima se me usaram para um joguinho barato deles.
–Rachel...graças a Deus você voltou! Vamos conversar, você entendeu tudo errado.-Santana falou, levantando-se do sofá. Ela tinha uma voz calma e preocupada, coisa que não é típica de um Lopez.
–Só vim pegar minhas coisas. Não se importem, já estou dando o fora daqui.-Disse isso, me dirigindo até o quarto de Finn, aonde eu estava dormindo naqueles dias. Fechei a porta e tranquei, antes que Santana, Kurt ou Finn pudessem entrar e me questionar. Ou pior, tentar conversar comigo.
–Espera...eu vi somente Kurt e Santana na sala. Virei a cabeça, esperando o pior. É...eu estava trancada no quarto com Finn. E não tinha para onde fugir. Se eu saísse, tinha Santana e Kurt do outro lado da porta. Se ficasse, teria Finn com seus argumentos. Eu tive que ceder, e ouvir toda a mentira que Finn tinha para me contar. Chega de fugir, ou tentar me esconder. Era só ouvir e depois iria embora. Simples assim.
–E-eu não posso ficar sem você Rachel. Não vai embora.-Finn disse, uma voz chorosa ecoando pelos meus ouvidos. Respirei fundo, juntando minhas roupas e colocando em uma mala.
–Eu não vou ser mais o brinquedinho de diversão de vocês, Finn. Eu já me machuquei muito tentando ter você pra mim, mas isso foi a gota d' água.-Disse, virando o rosto para que Finn não visse a lágrima que deslizou pela minha bochecha.
–Você entendeu tudo errado, Rachel! Não foi esse o plano! Viu? Você não deixa a gente se explicar e vai fazendo logo suposições.-Finn levantou da cama, parecendo irritado.
–Então se explique, Finn Hudson. Sou toda ouvidos.-Disse, cruzando os braços e o encarando, pedindo uma explicação.
–E-e-eu...-Ele tentou gesticular, e vi o quanto estava corado. Bufei, juntando minha mala e indo até a porta.
–Adeus, Finn Hudson.-Disse, abrindo a porta.
–EU TE AMO, CACETE!-Finn gritou, me fazendo parar. O quê ele estava dizendo? Eu não conseguia raciocinar direito, e apenas deixei minha mala cair direto no chão. Me virei, encarando-o com lágrimas nos olhos.
–O-o quê você...-Tentei falar, mas não conseguia nem mesmo terminar a frase. Estava perplexa demais.
–Foi tudo um plano de Santana e Kurt. Eles chegaram pra mim e disseram que eu deveria tentar te conquistar trazendo mulheres pra casa, te fazendo sentir ciúmes. Depois, você veio com aquele papo de mulher perfeita, e achei a oportunidade certa para te mostrar que você sim era a mulher perfeita pra mim. Santana e Kurt tinham um plano paralelo, um com você, outro comigo. Os dois sempre souberam que nós dois sempre fomos apaixonados um pelo outro, mas nunca contaram. Queriam que a gente descobrisse por conta própria. Sempre me ajudaram com planos pra te conquistar, assim como te ajudaram para me conquistar também. Eu nunca soube que você me amava, Rachel. Eu guardei esse segredo sobre meu amor por você por anos. Até um dia que os dois me viram beijando uma foto sua. Constrangedor, eu sei. O motivo pelo qual eu sou tão galinha é porque sempre tentei te substituir, tentei fazer outra mulher uma parte minha. Mas você já ocupava, e ocupa a maior parte do meu coração, desde sempre. Desde que você era uma criancinha, com aquelas tranças mal feitas, e cheia de areia pelo vestido. Eu me encantei por você desde aquele momento, Rachel. E eu nunca me canso disso.-Finn disse, segurando-se para não chorar.
–Eu não conseguia raciocinar nada direito, não conseguia nem mesmo me mover. Era muita informação para minha cabeça. Desde o momento que Finn disse que me amava, eu senti meu mundo girar e meu corpo ficar molenga. Ter Finn dizendo tudo aquilo para mim, era como um sonho. Mas tinha sido tarde demais.
–E-eu...-Era minha vez de engasgar e perder as palavras. Finn soltou um sorriso, continuando.
–Lembra quando te disse, naquela boate, que havia amado muito alguém? Eu iria admitir naquele momento que te amava, e que sempre te amei. Mas tive medo; eu sempre tive medo. E eu sei que você teve também. Nós dificultamos tanto esses anos todos, mesmo sentindo a mesma coisa um pelo outro. Ontem, eu estava prestes a me declarar pra você, e dizer todo o plano verdadeiro. Mas eu não consegui. Mesmo vendo você se declarando, eu não consegui. Mas depois que levei uma surra de Santana e um sermão de Kurt, só estava esperando você voltar pra dizer isso...-Ele tirou uma caixinha da cômoda, e meus olhos arregalaram. O que ele estava fazendo? Me pedindo em casamento? Finn chegou mais perto de mim, ainda ajoelhado. Eu o encarava, sem saber ao certo o que fazer. Eu não estava pronta para aquilo. Era o pior momento para se declarar, Finn Hudson. O pior.
–O que você...?-Disse, mas Finn passou o dedo pela minha boca, pedindo para que eu ficasse quieta.
–Rachel Berry...você me daria a imensa honra de ser minha namorada?-Finn perguntou, com os olhos brilhantes.
O que eu devo falar depois disso? Eu estava em choque! Não esperava aquilo vindo dele, naquele momento. Era o pior momento de todos. Se fosse algumas horas antes, eu estaria em seus braços, o amando pra sempre. Mas agora? Tudo complicava minha cabeça.
–Não.-Disse, com a voz de criança que acaba de perder o melhor brinquedo que tinha. Eu, no entanto, estava perdendo a melhor coisa da minha vida.
–Por quê, Rachel?-Ele levantou-se, afastando-se de mim.
–Sam me pediu em namoro algumas horas atrás. E eu aceitei.-Disse, tentando ser o mais firme possível. Aquilo estava me cortando por dentro.
–Termina com ele! Dá um jeito! Rach, fica comigo.-Finn chorava, e eu não sabia o que fazer, porque queria ficar com ele naquele momento. Mas eu não podia, e isso me matava.
–Você não entende? Eu me distanciei de tudo que é homem esses anos todos, tentando ficar com você. Agora eu tenho a chance de ter um relacionamento real com alguém que não tem medo de dizer que gosta de mim. Eu me sinto bem com Sam. Eu te amo, Finn. Mas eu preciso de um tempo pra pensar sobre tudo isso. Foi tudo muito rápido, e confuso. Me dê um tempo. Um, ou dois meses.-Eu disse, segurando-se em sua mão, e lhe dando um dos meus melhores sorrisos.
–Vamos deixar o tempo agir e decidir tudo, então?-Finn perguntou, encostando de leve em meu rosto.
–É o melhor...mas eu estarei bem. Eu espero que você fique bem. Eu só preciso pensar e botar meus pensamentos em ordem.-Me aproximei mais, o beijando com carinho.
Era a primeira vez que fazia aquilo, e foi tão simples e tranquilo. Foi muito melhor do que eu imaginava. Foi muito melhor do que eu sonhava. Estar com Finn me fazia segura, mas ainda tinha receio de estar ao seu lado como namorada. Acredito que ele também precise de um tempo para pensar. Deixei me envolver pelo momento, e o beijei com ainda mais sentimento. Era como estar no paraíso. Eu me sentia plena. Me separei de Finn, lançando-lhe um sorriso acolhedor. Tomei minhas malas, pedi desculpas a Santana e Kurt, e disse que logo ligaria para eles. Dei uma última olhada em Finn e sai dali. Mas sem nenhum rancor ou raiva. Com a promessa que iria um dia resolver tudo aquilo que estava pendente.
Vi o celular vibrar, e o peguei, tirandoo do bolso. Sorri, ao ver quem era.
"Se não tiver um lugar pra ficar, meu apartamento está de portas abertas."
"Estarei aí daqui alguns minutos."
Então era isso...eu iria morar com Sam Evans.