top of page

Todos na Music House já estavam acostumados ao namoro de Finn e Rachel, após cerca de três semanas. O jovem casal, à sua maneira, demonstravam seu amor.

À sua maneira, sim, porque, Finn e Rachel tinham um próprio jeito de se amarem. Brigavam, se beijava, discutiam por uma besteira, e, cinco minutos depois, a língua de um já estava sugando a do outro, segundo análise bastante acurada de Kurt, melhor amigo e irmão dela e dele, respectivamente.

Mas, a melhor maneira que Finn e Rachel encontravam para exacerbar seu amor um pelo outro era através da música. Numa aula em que os alunos estavam entediados demais para se concentrarem em fundamentos da música clássica, ele foi para a bateria e ela assumiu o microfone para cantar “Don’t go break my heart”, de John Lennon.

Os alunos aplaudiram efusivamente, encantados com a sintonia dos dois:

– Acho que nós nascemos para fazer duetos. - riu Finn, guardando as baquetas no armário depois que a turma fora dispensada.

– Bem, o povo gosta!- exclamou Rachel. – Querido, vou sair, tenho um lance para resolver, é coisa rápida.

– Mas você não vai almoçar? – Finn estranhou.

– Ah, não, como qualquer coisa, é rápido, volto sem nem me atrasar pro turno da tarde, ok?- ela disse, apanhando sua bolsa e saindo às pressas.

Finn estreitou os olhos, desconfiado. Há uns dois dias, Rachel tinha ficado estranha, mais agitada com o normal, quase como se estivesse escondendo algo dele. Ele sacudiu os ombros e balançou a cabeça, afastando a ideia: eles passavam tanto tempo juntos, no trabalho e fora dele, que mesmo se quisesse, ela não teria como fazer isso. E, depois, o que ela esconderia? Não havia nada escabroso o bastante na concepção dele que a garota pudesse fazer que merecesse não vir à tona. Mais uma vez afastando suas desconfianças, ele trancou a porta e dirigiu-se para o refeitório.

A comida estava ótima por sinal. Finn adorava aquele purê e carne ao molho que era feito na cozinha da Music House, mas teve que se levantar antes que desse vontade de repetir o prato.

Caminhando rumo ao banheiro para escovar os dentes, ele escutou um choro vindo do banheiro das garotas. Sem pensar, ele adentrou o recinto, preocupado se alguma menina estava passando mal, e viu não uma aluna, mas Marley, soluçando a um canto, com as mãos apoiadas numa pia.

–Marley?! O que... houve?- ele hesitou, chegando mais perto.

–Nada, nada.- a garota enxugou as lágrimas, mas seus olhos azuis estavam turvos e sua expressão não era das melhores.

–Sério? Você tá com uma cara péssima. – ele afirmou.

– Fazer o quê, né? – ela limpava as lágrimas que continuavam a rolar por seu rosto. - Sou feia mesmo...

– Quem disse isso? – Finn se espantou. – Você é linda! Muito linda, magra, alta, tem este rosto delicado, estes lindos olhos azuis...

A professora meneou a cabeça, incrédula e encarou o reflexo no espelho:

– Eu não vejo nada disso, Finn. Por quê?

Ele a olhou como se ela estivesse falando o maior absurdo da história: como aquela garota a sua frente não seria bonita?

–Marley, olha... não sei quem disse isso a você, mas você é linda. Sério.

Ele colocou a mão no ombro dela, que sorriu de volta para ele:

–Você é um doce, Finn.

– É mesmo.- uma voz respondeu atrás deles dois.

Era Rachel parada à porta, de braços cruzados e cara de poucos amigos:

–O que você tá fazendo aqui no banheiro feminino, Finn?

Os olhos da morena iam dele para Marley, que tirava rapidamente a mão do ombro dele e limpava o rosto.

– Eu ouvi a Marley passando mal, vim ajudar.

–Já tô melhor, Finn, pode ir. – ela disse, sorrindo conformada para ele.

– É, Finn, pode vir. – Rachel retificou, saindo do banheiro.

Ela foi pisando duro pelos corredores, até entrar em sua sala com o rapaz atrás de si. Sem olhar para ele, Rachel foi arrumando suas coisas para a próxima aula, revirando papéis e partituras.

– Vem cá, não acredito que você tá com ciúmes... – ele disse.

Ela o fuzilou com o olhar:

– Eu?! Ciúmes?

–A Marley estava passando mal.

– Engraçado. – Rachel finalmente o encarou. – Você estava dizendo que ela era linda. Quando você tá passando mal, não quer que digam o quão bonito você é, e sim, que te deem remédio.

–Ela tava com uma crie de autoestima, Rachel. Tava chorando.

– Toda mulher tem isso na TPM, Finn. Não é legal ver seu namorado consolando outra garota no banheiro feminino dizendo que ela é linda, ok? – Rachel disse, os olhos ardendo um pouco porque lágrimas de raiva e frustração brotavam neles.

–Hey, todas as outras podem ser bonitas... mas só você faz meu mundo balançar, garota.- Finn sorriu com o canto da boca, puxando-a para um abraço.

Rachel e Finn ficaram perdidos naquele instante sublime até ele perguntar:

– E a senhorita foi pra onde, hein?

–Eu... Finn. – ela pegou em suas mãos.- Eu amo a Music House, mas você sabe que meu sonho é a Broadway, não é?

Ele balançou a cabeça afirmativamente.

–Então.- ela continuou. – Eu consegui um agente. Uma pessoa que vai me ajudar a fazer os teste pras principais peças, me indicar aos diretores, enfim...

– Eu sei.- Finn disse, sentando-se e trazendo Rachel para seu colo.

–Eu fui visitar meu agente hoje. O nome dele é Arthur Fitzpatrick.

Finn arregalou os olhos:

–Quê?! Arthur Fitzpatrick? Sério?

–Você o conhece?

–Nós fizemos faculdade juntos. Ele, obviamente, se formou e parece ter se especializado em Relações Públicas, até porque a família toda é desse ramo.

– Ah, mas será que são a mesma pessoa? – Rachel retorquiu.

– Só pode.

Rachel ficou observando-o por alguns instantes até dizer:

– Você não gosta dele.

–Não tenho nada contra. Só não era dos meus amigos favoritos. – ele desconversou, levantando-se. – Anda, estamos atrasados pra aula.

–Finn, você tem certeza de que tá tudo bem se eu for agenciada pelo Arthur? – Rachel buscou se assegurar.

Finn coçou a nuca, tentando desanuviar suas ideias. Ele definitivamente não contava com a volta de Arthur a sua vida.

– Tudo bem, querida.

–Ótimo! – ela bateu palmas.- Porque semana que vem, ele virá aqui na Music House para me ouvir cantar. Será legal, você vai poder reencontrar um antigo amigo!

“Sim. Vai ser muito legal”, Finn pensou consigo mesmo.

 

 

 

 

 

Cap. 9: "Atravessando a sintonia"

  • Facebook Classic
  • Twitter Classic
  • c-youtube

FOLLOW ME

bottom of page