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Rachel recordava muito bem sua primeira vez com Finn: havia sido desajeitada, rápida, inesperada e maravilhosa. Haviam passado meses rondando em todas as bases possíveis, até que uma tarde chuvosa havia deixado levar (mais Finn do que ela, para dizer a verdade) entre partituras do Clube Glee e aqueles bichos de pelúcia que Rachel costumava ter sobre sua cama de solteiro.

Durante meses, se não anos, ambos haviam esperado por isso e ainda que não tivesse sido tão romântico como ela esperava nem tão sensual como ele esperava, definitivamente ocuparia para sempre um dos lugares mais importantes na memória de sua vida juntos. Então nesse dia, anos depois, Rachel pensou que talvez poderiam reivindicar por essa primeira vez. Que essa... segunda primeira vez poderia ser totalmente romântica e sensual que a primeira (por falta de preparação) não foi.

Colocou naquele dia toda sua energia e esforço em pensar até o último detalhe e quando Finn tocou a porta, Rachel pensou que o fator nervosismo havia sido pouco considerado em seu planejamento.

Nem sequer haviam trocado propriamente os cumprimentos e Finn já havia arrumado para levá-los até o cômodo sofá, carregando ela ao estilo dos recém-casados e cravando um beijo que a deixou sem fôlego. Rachel sentiu como a língua de Finn roçava contra a sua e recordou então (como em muitas outras ocasiões naqueles dias ao seu lado) o porque o amava tanto.

Vejam, Finn a fazia sentir viva. Mais que cantar a nota mais alta do mundo sem desafinar, mais que o som da multidão a aplaudindo ou as gotas de chuva molhando seu rosto. Não, Finn era o que fazia Rachel dar voltas ao mundo, emudecer todos os sentidos.

- "Espera." – murmurou quando sentiu sua desajeitada mão tratando de desabotoar o vestido.

Finn se incorporou, para não esmagá-la e coçou nervosamente a parte de trás da cabeça.

- "Sinto muito. Não pude me conter." – se desculpou de novo, tal como no dia anterior.

- "Não, não deve se desculpar, o que passa é que... Você tirou a barba!" – gritou Rachel, de forma quase divertida, ao notar que Finn já não tinha a tediosa barba.

- "Sim. Você disse tantas vezes que não gostava que eu achei que... assim era melhor." – se explicou.

Rachel acariciou a agora limpa bochecha, sorrindo: aparentemente Finn havia pensado (igual a ela) em fazer isso da forma correta. Agora foi Rachel a que não pode se contar e se aproximou de Finn para beijá-lo com ainda mais paixão e determinação que antes (se isso fosse possível). Ele não colocou impedimento e aproveitou sua força e o pequeno tamanho dela para voltar a recostar sobre o sofá, retomando de onde haviam parado.

Rachel pensou, ao sentir a mão de Finn lhe acariciar as costas enquanto pode desabotoar seu vestido, que o jantar, as velas e o champagne poderiam esperar, mas que eles já haviam esperado muito para atrasar ainda mais seu encontro. Por um segundo, sentiu a leve música de fundo, o cheiro de baunilha das velas aromáticas que havia acendido e o som dos carros na rua. E então, quando a mão de Finn encontrou esse ponto em sua barriga que fazia ela perder a cabeça, não sentiu mais nada que não fosse ele, ou ela... ou eles. Lhe custava, em situações com essa, distinguir aonde começava um e terminava outro.

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Estavam tão tranquilos que para Rachel custou uns segundos em se dar conta de que não estavam dormindo totalmente. Nova York (a cidade que nunca dorme) havia decidido tomar uma noite de descanso, já que tudo permanecia calmo. Se moveu um pouco entre os braços de Finn, olhando pela ampla janela para o Central Park, tratando de calcular que horas eram.

Sentiu o estômago dele vibrar e não pode conter o sorriso.

- "Por que ri, Berry? Não pode pretender que eu faça todo esse exercício sem engolir a quantidade adequada de calorias posteriormente." – se queixou, em tom de brincadeira.

- "Com quantas... com quantas você esteve?" – soltou, formulando a pergunta que há tempo rodeava sua mente.

- "Que eu recorde... umas nove." – disse inflando o peito quase com orgulho. "E você?"

- "Três. Você e outros dois. E se quer saber sim, você é o melhor." – confessou ela, sem se apenar. Finn sorriu.

- "Com você é diferente. Tão diferente que as demais... são chatas. Mas tudo com você é diferente. Caminhar com você, falar com você, discutir com você... tudo é melhor." – disse ele, se girando na cama para olhar nos olhos dela. Rachel voltou a acariciar o rosto dele pela milionésima vez naquela noite.

- "E... a que se deve isso?" – inquiriu, adivinhando a resposta.

- "Pode ser porque é uma pessoa incrível, ou porque nos conhecemos há muito tempo. Pode ser porque sempre confiou em mim (ainda quando eu não confiava) ou porque tem esse sorriso lindo. Porque canta como os deuses ou porque sabe o que fazer para me deixar louco." – aventurou, ganhando um beijo apressado no escuro e um sorriso. "Pode ser porque eu te amo." – disse, com total segurança de que nunca haveria um momento mais preciso para lhe declarar seu amor que aquele, da mesma forma que há anos após as primeiras notas de Faithfully haviam feito.

Sentiu como Rachel continha a respiração e temeu por um momento (igual que naquele distante dia) que ela não fosse capaz de lhe devolver a confissão. Mas então sentiu ela se mover ao seu lado, chocando os lábios dele com os dela e entendeu que sempre ia amá-la, ainda se ela não pudesse fazer.

- "Eu também te amo!" – murmurou para ele no ouvido, o abraçando forte, quase cortando a respiração. Aparentemente, não havia distancia, nem tempo, nem fama ou barba alguma que pudesse mudar o que uma vez (e mais de uma) ambos haviam sentido.

Mais tarde, quando comiam o complexo prato que Rachel havia preparado para o jantar que nunca aconteceu, Finn confessou que fazer amor não havia sido, em primeiro lugar, a desculpa para se reunirem sozinhos. Que esse havia sido o complemento perfeito. Que há dias estava buscando, sem encontrar, a forma de lhe dizer que ainda a amava. Rachel lhe contestou, com sarcasmo, que poderia ter lhe explicado isso antes de ter gastado uma fortuna na maravilhosa lingerie que havia comprado (e que Finn havia se encarregado de inutilizá-la terminantemente ao rasgá-la).

Tal como aquela primeira vez, a vida voltava a ensinar para eles que quanto menos se planejam as coisas... melhor saem.

Capítulo 7

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