Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Finn tinha feito testes para tocar vários instrumentos da orquestra e também para a banda que tocaria junto a ela, a pedido do próprio maestro que já o conhecia, sabia que ele tocava muitos deles, e queria garantir que o teria na melhor posição possível. O rapaz acabou sendo contratado para bateria e percussão, que era justamente o que ele mais queria. A bateria sempre foi a sua maior paixão, era o espaço que ele ocupava em sua própria banda e, por isso, também era o instrumento do qual tinha maior domínio. Havia um lado ruim porque o desafio era menor, mas o lado bom seria impressionar cada vez mais seu maestro.
Nas três primeiras vezes em que visitou NYADA teve que ir direto para o teatro porque já estava em cima da hora, e também saiu direto do teatro para casa porque estava acompanhado de Rory e alguns outros componentes da banda e da orquestra que também estudavam com ele em Julliard. Nas outras quatro vezes em que foi ensaiar, conseguiu dar algumas voltas por corredores da universidade, mas não teve a sorte de encontrar Rachel. Temendo estar ficando obcecado pela morena, Finn esteve mais duas vezes no local e oportunidade para ficar quanto tempo quisesse, mas não a usou. Disse a si mesmo que era melhor esquecer. Tudo aquilo tinha sido um maravilhoso sonho pornográfico ou talvez todo homem tenha esse momento de êxtase na vida, mas ele não possa se repetir, para o seu próprio bem, por ser intenso demais.
Rachel, por sua vez, divertia-se com os amigos, ensaiava com eles, tomava todas as providências para que a montagem fosse um sucesso e, se enterrando assim no trabalho, esquecia tanto de sua busca pelo elo perfeito, quanto de seu ex-colega de colégio, esquecimento este que se tornara ainda mais necessário quando Rachel encontrou uma foto do rapaz em um dos anuários que achou, por acaso, durante uma arrumação de seu quarto. Vestido com a jaqueta do time de futebol, ele posava junto a outros quatro jogadores e três cheerios, em uma foto que mostrava quão entrosados eles estavam uns com os outros, enquanto Rachel aparecia no anuário com os nerds do jornal da escola, sendo que nem com eles ela trocava uma palavra que não fosse sobre a publicação. Estava claro que Finn era o popular e ela não era ninguém. Eles não poderiam ser mais opostos!
“A banda e a orquestra já estão ensaiadas no seu tom... eu acho que o ideal é começar por A Boy Like That, já que a Mischa já chegou também. O Jesse vai demorar um pouco...”
“Ok.” Rachel respondeu ao amigo Tony, no camarim que dividia com Mischa, Tina e mais uma menina do elenco, continuando seus exercícios de aquecimento vocal.
Tony saiu, gritando que a esperaria no palco e, sem seguida, avisando o mesmo a Mischa, que estava no corredor.
Poucos minutos depois, com um sinal de Tony, Figgins começava a reger a orquestra e depois de alguns acordes, ouvia-se uma bela voz feminina, de tom grave, forte. Após alguns versos, a voz forte dava lugar a uma outra, mais suave, mais delicada, mas não menos poderosa, não menos bela, ao contrário. Era a voz mais bela que Finn já tinha escutado, uma voz de anjo, que tocou que mexeu com ele imediatamente. Além disso, havia alguma outra coisa naquela voz, uma certa familiaridade. Não podia ser... é CLARO que podia ser! Ele era estúpido ou o que? Ele estava em NYADA, pelo amor de Deus! E ela era estudante de arte dramática... era tão óbvio!
Não sabendo sequer como, Finn conseguiu manter-se calmo e concentrado em seu trabalho. Foram ensaiadas aquela e várias outras músicas, muitas e muitas vezes cada uma. Os diretores e atores, pelo que ele escutava daquilo que eles falavam, posicionado no espaço abaixo do palco, eram bastante exigentes quanto á performance de todos. Quando ouviu Rachel falar, ele teve certeza de que era ela quem estava ali e não sabia direito o que pensar. Trabalharia perto dela nos próximos meses e não tinha certeza se isso era bom ou mau. Conviver com ela poderia ser uma segunda chance. Ser rejeitado por ela, mais uma vez, poderia ser sua perdição.
Finn esperou o ensaio acabar e procurou por Rachel, perguntando por ela a todos que estavam por ali nos bastidores do teatro, e a encontrou, enfim, conversando com um rapaz em um dos corredores que davam para alguns camarins.
“Você é terrível, Jesse. Eu não quero que você marque nenhum encontro meu com ele... eu falo sério!”
“Rae, ia te fazer tão bem! Há quanto tempo você não sai com ninguém?”
Percebendo que tinha sido notado pelo outro cara e que escutar mais poderia criar uma situação ainda mais embaraçosa quando ele se revela-se, Finn escolheu esse momento para chamar o nome de Rachel.
“Finn?”, ela responder após virar-se e vê-lo, definitivamente surpresa.
Ele foi até ela e os dois se cumprimentaram com “ois” e um abraço, dado com uma certa hesitação por ambos.
“Em estou tocando na banda... a banda da sua peça. Aliás, eu ouvi você. Sua voz... é... linda... sua voz é linda!”
“Obrigada, Finn.” Ela fez uma breve pausa, pois se sentia estranha assim tão próxima a ela, mas entendeu que era ela quem deveria falar. Ele a elogiara, ela não poderia deixar de comentar sua presença na banda. “Que bom que você está na banda. E que coincidência louca, não? Você ta gostando do trabalho?” ele tinha o dom de fazê-la tagarelar.
“Estou gostando bastante. O maestro... ele é meu professor. Um dos melhores... quem eu quero enganar? Ele é CARA, Rach! Tudo que eu sempre quis foi trabalhar com ele, ele tem tanto pra ensinar, eu posso ir tão longe...” Ele estava realmente animado agora e já não havia nenhum desconforto entre eles. Ela não podia deixar de sorrir, enquanto ele continuou a falar sobre Figgins, a experiência que ele estava tendo e como isso tudo fazia bem pra ele.
A partir desse dia, Rachel e Finn começaram a conviver no teatro. Sempre se cumprimentavam e algumas vezes conversavam sobre alguma coisa relativa à peça ou sobre alguma outra coisa relacionada à música. Ele decidiu que não tentaria chamá-la para sair ainda, até porque nesse momento a desculpa de estar ocupada seria ainda mais fácil de ser utilizada. Mais ou menos quinze dias se passaram, até que um dia Rachel surpreendeu Finn, indo procurá-lo na sala onde os músicos ficavam reunidos antes de tomar suas posições.
“Oi, Finn. Você tem uns minutinhos pra mim?”
“Claro, Rach. Pode falar, ele disse, levantando-se da cadeira onde estava sentado e aproximando-se dela, mas mantendo uma distância segura suficiente para controlar a vontade permanente que tinha de beijá-la.
“Eu tenho trabalhado em uma música... eu tenho a letra completa, mas a melodia... essa melodia simplesmente não sai e isso está me deixando louca!” Ela riu de si mesma, mas retomando o tom sério, acrescentou “Não que eu vá gravar isso agora ou coisa do tipo, mas eu tenho essa... essa necessidade de que as coisas estejam sob controle e... ai, Finn, desculpa, eu sei que isso é completamente insano!”
“Calma, Rach. Eu entendo. Quando eu não consigo terminar uma melodia ou um letra por muito tempo, eu também meio que piro!” Ele riu e ela sorriu por ele estar sendo tão... doce. “Ou no mínimo eu fico bem irritado. O que você quer que eu faça pra te ajudar?”
“Eu queria que você levasse com você a partitura... e a letra... que você tocasse, visse se faz sentido pra você o que eu fiz até agora... se tem alguma coisa errada e é por isso que eu não saio do lugar... qualquer ajuda é bem vinda! Pensei em você porque você vai ser músico de verdade, eu sou totalmente amadora, eu brinco...”
“Eu ainda não decidi se essa súbita modéstia cai bem em você, senhorita, mas eu vou ajudar!”
Ela agradeceu com o maior sorriso que ele já tinha visto no rosto dela e com um abraço que, dessa vez, foi um verdadeiro abraço entre amigos, sem nenhum constrangimento. Ele pegou o material e eles se despediram, pois ele iria tocar e ela cantar, nas próximas horas.
Finn gostava de ser amigo dela, conversar, poder dar a opinião dele sobre o trabalho dela, comentar sobre os artistas que os dois amavam e que, surpreendentemente, descobriram ser muitos, ensinar algumas coisas sobre teoria musical e aprender sobre teatro. Mas havia uma parte dele que continuava tendo que fazer uma força hercúlea para não agarrá-la, beijá-la, arrancar suas roupas e tocar cada parte de seu corpo, antes de penetrá-la, com força, até os dois gozarem de novo um nos braços do outro.
Afastando esses pensamentos, que só faziam sua calça apertar dolorosamente, ele juntou-se aos companheiros para mais um ensaio. Mais tarde ele resolveria isso, de um modo ou de outro.