Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
- "Então Rachel, te farei os testes médicos para comprovar que tudo está em ordem e podemos terminar os papeis." – lhe explicou o médico, saindo do consultório para buscar alguns exames.
- "Realmente não entendo porque te fazem tantos testes." – disse Finn, brincando com uma maquete do sistema respiratório que repousava sobre a mesa do médico.
- "Querem se assegurar de que esteja tudo bem, nada mais. Entre os ensaios e as apresentações tem bastante desgaste físico, não podem arriscar que algo me passe." – contestou ela.
- "Bom... tenho notícias." – anunciou o doutor, entrando no pequeno consultório.
Finn pode ver como Rachel se movia nervosa em seu assento e segurou a mão dela para tranquilizá-la.
- "São boas ou ruins?" – perguntou ela, alarmada, enquanto o homem revisava uma vez mais os papeis.
- "Não sei. É bom ou ruim que esteja grávida?" – contestou, olhando para ela com um sorriso.
Se sentiu um estrondo quando a maquete com que Finn havia estado brincando caiu no chão. Ambos se olharam, assombrados.
- "Como... como disse?" – perguntou ele, com voz rouca.
- "O que ouviu. Está grávida." – repetiu o médico.
Ela levou uma mão a boca, enquanto a expressão de surpresa se convertia aos poucos em um sorriso.
- "Está tudo bem? Me refiro ao... ao bebê." – murmurou, começando a chorar.
- "Bom, deveria te fazer mais testes algo exaustivos, mas creio que com seu estado de saúde não haverá problemas." – lhe explicou. Viu como Rachel e Finn se olhavam e sentiu que estava sobrando no lugar. "Deixarei vocês sozinhos um minuto. Felicitações!" – disse, dando um tapinha no ombro de Finn ao passar do lado dele.
- "Finn... vamos ter um filho." – sussurrou ela, pasmada, olhando nos olhos dele.
- "Eu não... não posso acreditar." – respondeu ele, com voz roupa pela emoção.
Ambos ficaram de pé ao mesmo tempo, se abraçando fortemente. Finn pode sentir como Rachel se agitava entre seus braços, chorando e começou a chorar também.
Meses (senão anos) esperando esse momento, o momento em que o amor que ambos se tinha se materializava, nada mais nada menos, que em uma pessoa.
- "Está feliz?" – perguntou ele, se separando um pouco e limpando as grossas lágrimas dela com o polegar.
- "Está brincando? Acho que vou morrer de felicidade!" – gritou ela, rodeando ele pelo pescoço para beijá-lo fortemente, repetidas vezes e intercalando um 'te amo' com cada beijo.
- "Vamos ter uma mini Rachel... ou um mini Finn." – disse ele, levantando ela em seus braços de tal maneira que os pés dela se desgrudaram do chão.
- "Não. Vamos ter um mini Finchel." – respondeu Rachel.
Finn sorriu tanto que os olhos se encheram de lágrimas e sentou Rachel na mesa.
- "Oi pequeno Fnchel." – murmurou ele para o ventre de sua esposa, o acariciando suavemente.
Rachel esticou um pouco sua mão para acariciar a bochecha de seu marido e Finn segurou ela, colocando ambas, a sua e a dela, sobre o ainda plano ventre.
- "Acho que nunca te amei tanto como agora." – lhe confessou.
Rachel não respondeu. Não fez falta. Sabia que Finn entendia que ela sentia exatamente o mesmo.
-oo-
- "Rachel? O senhor Saddle disse para entrar." – lhe informou a secretária.
Ela respondeu com um sorriso, segurando sua bolsa e entrando na conhecida oficina.
- "O que te traz aqui, Berry?" – disse o homem, de forma mal humorada, de trás de sua mesa.
- "Eu queria... falar com você." – respondeu ela, nervosa, ocupando a cadeira que costumava usar cada vez que ia nesse lugar.
- "É sobre a gravidez?" – inquiriu Saddle, sem sequer levantar o olhar de seus papeis.
- "Como sabe?"
- "Menina, não chega até aqui sem ter certas... habilidades." – lhe disse ele, criticamente. Ela ficou ainda mais nervosa e o velho rodeou sua mesa para se sentar na mesma, de frente para ela. "Lembra o que te disse na nossa primeira entrevista?"
- "Sim. O senhor me disse que não tinha pensado em fazer a obra sem mim." – contestou Rachel, tratando de não criar esperanças.
Saddle fez uma careta parecida com um sorriso.
- "E então, por que está tão nervosa?" – perguntou.
- "Porque... bom, só tenho cinco semanas de gravidez. Isso significa que não poderei fazer essa obra até dentro de... mais de um ano." – explicou ela, esquivando seu olhar e brincando com a ponta de sua camiseta.
- "Sabe que sou o dono desse teatro, né?" – disse ele. Ela assentiu. "Então sabe que posso fazer e desfazer como quiser. E eu, dono desse teatro, não estou preocupado. Por que você estaria?" – Rachel não respondeu, por isso ele continuou. "Comprei os direitos de Funny Girl há quase trinta anos. Provavelmente você não tinha sequer nascido. Porém, guardei essa obra em um baú desde então. Por que? Me dirá. Pelo simples fato de que não conseguia minha Funny Brice. Não, ao menos, até um par de anos, quando certa morena ingressou no círculo da Broadway. Sabe quem é ela, Berry?" – questionou.
- "Eu?" – respondeu ela, com um tímido sorriso.
- "Você." – disse Saddle, voltando para seu lugar atrás da mesa e colocando o óculos.
Ficaram em silencio uns segundos, enquanto ele fazia umas anotações.
- "Então isso é o que faremos." – explicou uns minutos depois. "Renovarei o contrato com o elenco de Hair por outro ano. Isso nos dará exatamente um ano e meio para nos preparar, para tomarmos as coisas com tempo. Aproveitamos essa oportunidade para fazer honra a causa, montando a melhor versão de Funny Girl que o mundo jamais verá. Poderá ter seu filho e terá vários meses até a estreia, o que dará tempo para o gigante do seu marido se acostumar com o bebê." – finalizou.
Rachel olhou para ele por um segundo, quase tão pasma como havia ficado um par de dias atrás, quando o médico havia lhe dito que estava grávida.
- "Então... ainda tenho o papel?" – perguntou, quase em um sussurro.
- "Eu diria melhor, que o papel é que te tem." – respondeu ele, dessa vez si sorrindo genuinamente.
Rachel não suportou e se levantou de sua cadeira para ir até aonde ele estava, capturando ele em um abraço.
- "Ok, ok. Já entendi, está agradecida. Algo mais?"
- "Quer que te peça algo mais? Como se me dar o papel da minha vida fosse pouco." – brincou ela, mudando a expressão quando viu que Saddle não sorria, mas que a olhava expectante.
Rachel pensou por um milésimo de segundo, dizendo o primeiro que lhe vinha a mente.
- "Quero Kurt Hummel no cenografia e Mercedes Jones no vestuário. E quero... quero Mike Chang e Brittany Pierce como dançarinos. E também tem duas vocalistas, Tina Cohen Chang e Santana Lopes, elas podem servir também. E Artie Abrahams é um excelente produtor musical." – finalizou, tratando de não se esquecer de ninguém.
Saddle olhou para ela confuso e por um momento Rachel pensou que havia ido muito longe.
- "Te dou a oportunidade de pedir o que for... e você decide dar trabalho para seus amigos? De onde veio, Berry?" – questionou pensativo.
- "De Lima, Ohio." – contestou ela, orgulhosa.
- "Vá agora. E dê a minha secretária o necessário para contratar essa multidão de especialistas." – lhe ordenou. "talvez se esposo queira retornar a suas raízes musicais e fazer um teste para o protagonista masculino. Diga que me chame se cansar de lançar bolas. Seria uma boa forma de reunir o Clube Glee, não?" – brincou, enquanto ela juntava suas coisas.
Rachel parou em seco.
- "Como...?"
- "Carinho... sou Saddle. Eu faço meus deveres." – disse ele, da mesma forma critica que sempre utilizava, fazendo um gesto para que ela se retirasse.
Rachel pensou, enquanto caminhava lentamente de volta para seu lar, que o Grilled Cheesus devia estar em ação.
Um filho e Funny Brice, tudo ao mesmo tempo? Por acaso queria matá-la de alegria e ansiedade?
Inconscientemente, cruzou os dedos da mão que levava no interior do fino casaco, acariciando o lugar aonde (ela supunha) se encontrava seu filho (ou filha).
- "Ouviu tudo, não? Parece que vai ter que se acostumar a escutar Don't Rain on my Parede." – murmurou, em tom confidente, enquanto se sentava na cadeira do piano e tocava os primeiros acordes da conhecida canção.
-oo-
- "Pode me explicar por que está tremendo?" – lhe murmurou Rachel, dissimuladamente, enquanto se servia uma colherada generosa do purê de batatas que Carole havia preparado.
- "Estou nervoso." – contestou Finn, no mesmo tom. Ela olhou para ele assombrada, sem entender e ele se moveu incomodado na cadeira. "Não sei... contar a todos sobre... a notíciafará com que seus pais saibam que você e eu..." – Rachel engasgou no preciso momento em que entendeu a que Finn se referia.
- "Parece que estamos nos divertindo." – disse Blaine, levantando uma sobrancelha do outro extremo da mesa.
Finn lhe lançou um olhar glacial e ameaçador e Rachel soltou uma pequena bufada.
- "Então... vão nos dizer por que nos reunimos?" – questionou Leroy, cruzando os braços e abandonando por completo seu prato de comida.
Finn e Rachel se olharam por um segundo: não planejaram falar disso até que todos estivessem sentados na cômoda sala dos Berrys, desfrutando um chá. Porém, agora já não podiam escapar. Foi então quando Finn notou que Leroy havia conseguido prender sua atenção, já que o resto da mesa olhava para eles da mesma forma inquisitória (inclusive Blaine, que já sabia a notícia).
Finn pigarreou, enquanto Rachel segurava a mão dele por baixo da mesa.
- "Bom... queríamos compartilhar com vocês um par de notícias e parecia que fazer pessoalmente era muito melhor, porque Rachel acha que o telefone é muito impessoal e acho que eu devo..."
- "Estou grávida." – ela interrompeu, com foz firme e olhando para Carole fixamente.
Por um segundo, a mesa ficou calada, como se uma corrente de ar gelado tivesse entrado pela janela. Então foi Hiram quem falou.
- "De quanto tempo está?" – lhe perguntou.
- "Bom... quase dois meses. Mas sabemos há um mês. Queríamos estar seguros, por isso esperamos até agora, porque segundo todos os livros que li, as oito primeiras semanas são maus difíceis e... bom, não sei. Esperamos por tanto tempo que não queríamos ficar muito ansiosos." – lhe explicou, alternando o olhar com seus pais e os pais de Finn.
A mesa voltou a ficar em silencio, até que a pequena Amy (que até agora só havia se limitado a olhar a cena como se tratasse de um filme muito interessante) desceu de sua cadeira e correu até Rachel, se sentando no colo dela e começando a chorar.
- "Carinho... não chore. Não deve ficar triste." – acalmou ela, acariciando os pequenos cachos pretos.
- "Não estou triste, mamãe! Estou muito contente." – disse a menina, entre pequenos soluços.
Rachel começou a chorar também, a abraçando forte e se esquecendo do resto da mesa.
- "Merda Berry, por que sempre consegue tirar meu lado mais sensível?" – se queixou Kurt, chorando também e se aproximando dela.
Amy se sentou então no colo de seu pai e Kurt abraçou Rachel com tanta força que seus pés abandonaram o chão.
- "Não poderia estar mais feliz por vocês, sério. Sei o quanto queriam." – disse, enquanto abraçava Finn.
Rachel olhou para as quatro pessoas que ainda estavam na mesa, buscando respostas.
- "Creio que esses vão ser os seis meses mais longos da minha vida." – disse Hiram, enquanto ele e seu esposo se levantavam para abraçar sua filha e seu genro e Finn não pode evitar se tranquilizar quando sentiu o tom contente de ambos homens.
- "E você o que diz, avô Hummel?" – perguntou para Burt.
- "Eu... eu não poderia estar mais feliz." – confessou o homem, batendo no ombro dele e dando um beijo em Rachel na bochecha.
Ela olhou para Carole, que ainda estava sentada na mesa e temeu por um segundo que aquilo não a agradava. Então a mulher se levantou e abraçou seu filho com toda a força que era possível, deixando um beijo na bochecha dele.
- "O que foi que eu te disse? Te disse que ambos mereciam, que era só uma questão de tempo." – murmurou para Rachel, limpando uma das bochechas com a palma de sua mão.
Ela suspirou.
- "Então... conto com você se alguma vez entrar em pânico?" – questionou ela, olhando para a mulher fixamente nos olhos.
Carole sorriu, soltando um par de lágrimas também.
- "Conta comigo mesmo quando eu sei que fará fenomenalmente bem." – contestou, voltando a abraça-la.