Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Finn abriu lentamente a porta se entrada, temendo despeertar tanto Amy como Rachel. Supôs que, por passar das 2 horas da manhã, ambas estariam dormindo. E estava certo, já que quando colocou um pé no interior, viu as duas dormindo ali, no sofá da pequena sala, como se fossem amigas íntimas ou se conhecessem há séculos. Se aproximou aos poucos, deixando suas coisas na prateleira. Não pode conter o riso que cresceu em seu rosto ao ver o quão ternas eram as duas ali, compartilhando uma coberta que dava apenas para uma.
Esticou sua mão para acariciar o cabelo de Amy e ela se moveu um pouco em sonho.
Quando a segurou para levá-la para seu quarto, Rachel acordou.
- "Ola!" – "murmurou muito devagar. Finn levou um dedo aos lábios, em sinal de silencio e Rachel concordou enquanto reprimia um bocejo.
- "Papai? A Rachel pode vir outro dia? Me agrada muito." – disse Amy de forma preguiçosa.
- "Agora durma, amanhã conversamos." – ordenou Finn, lhe dando um beijo de boa noite. Quando voltou para a cozinha, encontrou Rachel já preparando um chá.
- "Como foi?" – perguntou em um sussurro quase inaudível.
- "Ganhamos. Mas meu Quarterback foi pego no teste de drogas, então eu tive que ficar para preencher papeis. Lamento ter feito você esperar tanto." – se desculpou, no mesmo tom.
- "Não lamente, passei muito bem." – disse, lhe entregando uma xícara e se sentando ao seu lado. Finn segurou a mão livre de Rachel sobre a mesa e ela lhe deu um pequeno aperto.
- "Quer dizer que se deram bem? O que fizeram?" – questionou, tomando o primeiro gole do chá.
- "Vimos essa gravação das Regionais de 2011, então possivelmente Amy agora vai te exigir que cante vinte e quatro horas por dia." – lhe explicou, enquanto o imitava e tomava um gole de chá. Finn sorriu e Rachel considerou que estava com um humor suficientemente bom para lhe fazer perguntas. "Por que... por que não canta mais? Não me diga que desperdiçou anos de treinamento com Rachel Berry para terminar sendo um cantor de chuveiro." – brincou.
Finn encolheu os ombros.
- "Acho que na realidade gostava de cantar... com você. Com todos você, né?" – se corrigiu, tratando de apaziguar um pouco sua imagem de pobre apaixonado sem consolo. Rachel não contestou, porém decidiu terminar sua xícara e segurar a mão de Finn. Ele fez o mesmo até que não pode conter os bocejos e deitou dramaticamente sobre a mesa, fazendo com que Rachel reprimisse uma gargalhada.
- "Talvez eu devo ir..." – falou ela. Finn se incorporou de repente e Rachel achou que fosse impossível que ficasse mais lindo, com seu rosto ternamente triste e seu cabelo saindo por todos os lados.
- "Poderia... poderia ficar. Digo... não quero que esteja sozinha na rua a essa hora. Poderia dormir aqui e ir amanhã antes de tomar café da manhã. Ou depois... ou..." – o brilho de esperança que havia em seus olhos deu a entender para Rachel que tudo o que Finn queria era estar com ela, nada mais que isso.
- "Para qualquer outro homem eu diria que não. Não saímos propriamente, mais do que uma vez Hudson." – lhe disse, sem olhar para ele.
- "Não faremos nada, sério. Não me atreveria a fazer porque... bom, não nos vemos há muito tempo e essa é minha casa e minha filha está aqui..." – Rachel o silenciou ao colocar sua mão na corada bochecha do rapaz.
- "Tem algo que possa usar? Essa calça jeans não é para passar a noite." – murmurou. O sorriso de Finn não pode ficar mais brilhante.
Como podia ter esquecido tudo aquilo? Como era possível que tivesse apagado aqueles detalhes? Pouco recordava Rachel do vídeo que havia visto umas horas antes. Havia apagado de sua mente os rostos quem havia sido sua família, igual que o incomparável som de todas seus vozes se unindo em uma. Como podia ter se esquecido da forma em que se sentia ao estar com Finn? Como era possível que tivesse esquecido o que sentia agora, ao colocar uma de sua velha camisa, com a certeza de que ao cruzar a porta estaria ali, a esperando? Era uma espécie de corrente de adrenalina passando por suas veias, como se seu próprio coração quisesse pular de seu peito e correr até os pés do gigante que esperava no outro quarto. Acomodou um pouco o cabelo, mas ano muito: todas aquelas manhãs de café da manhã pouco planejadas, haviam lhe ensinado que Finn ainda preferia ver ela em seu estado natural. Se olhou no espelho pela última vez e sorriu: era como se estivesse vendo a si mesma pela primeira vez em muito tempo. Saiu do quarto para encontrá-lo incomodamente sentado na cama, revisando uns papeis.
- "São as jogadas de hoje." – se explicou. Rachel assentiu, brincando nervosamente com a barra da grande camisa que Finn havia lhe emprestado e que chegava até seus joelhos. Se aproximou até onde ele se encontrava e quando acariciou uma bochecha dele pode sentir como todo o nervosismo abandonava seu corpo. Finn a puxou pelo braço, para encostá-la ao seu lado da cama e apagou a luz.
- "Isso é como uma espécie de Deja Vu." – murmurou ela, buscando seu rosto na escuridão. Viu os olhos de Finn brilhar de surpresa, abaixo a tênue luz que entrava pela janela. Se aproximou mais, para poder abaixar mais ainda a voz. "Me lembra daquelas noites em que você escapulia pela minha janela e ficávamos murmurando na escuridão para que meus pais não acordassem, até que ficássemos dormindo. Exceto que hora que não temos que escapar e na realidade tratamos de não acordar sua filha."
- "Algumas coisas não mudam e outras mudam o justo e necessário. Não é isso que você me disse?" – inquiriu ele, a abraçando pela cintura.
- "Me alegra que preste atenção em mim e que entenda o que eu digo. Essa é uma das coisas que mudou o justo e necessário." – disse ela, se aproximando o suficiente para recostar um pouco sobre ele.
- "Você já não é tão controladora."
- "Você tem uma barba."
- "Continua sendo um pouco mandona."
- "Já não é ingênuo."
- "Lembra aqueles dias em que nossos problemas eram... Santana Lopez e Jesse St James?" – disse ele contendo o riso.
- "Ainda nesses dias... tinha uma incrível fé em nós. Em que cedo ou tarde terminaríamos entendendo que essas não eram mais que pequenas coisas ao lado do... do que tínhamos." – confessou, aproveitando a falta de iluminação, assim desse modo Finn não veria quando havia se corado.
- "Alguma vez se pergunta o que teria acontecido se não tivéssemos nos separado?" – questionou, acariciando distraidamente o cabelo.
- "A primeira vez, a última ou todas do meio?"
- "Não sei, escolha uma."
- "Antes costumava pensar que talvez havia sido um erro. Mas desde que voltamos a nos encontrar... não sei, isso mudou." – disse. Finn não pode evitar sorrir.
- "Ainda quando sofri muito, faria tudo de volta. Pense, estar separados me deu uma filha e te deu sua carreira. Agora... nos encontramos e fazemos um Mash-up incrível de nossas vidas. Se em um par de anos separados conseguimos isso, o que falta daqui pra frente estando juntos... seremos invencíveis." – disse com um tom melodramático, como de vilão de desenho animado. Rachel ficou em silencio: era estranho (e em certo ponto assustador) ter esse nível de conexão e de entendimento com Finn. Era estranho que essas mesmas ideias tivessem cruzado pela cabeça dela na semana anterior e que nenhum dos dois a considera louca. Mas, pensando melhor, para as pessoas estranhas como eles acontece, geralmente, coisas estranhas.
- "Se quiser dormir, eu posso ir para o sofá." – propôs.
- "Não. Fique!" – murmurou Rachel se aproximando para beijá-lo. Finn se surpreendeu ao princípio, mas respondeu imediatamente ao segurá-la pela cintura e rodá-la na cama, para abraça-la mais forte. Sentiu os lábios de Rachel abrir, buscando o preciso lugar aonde sabia que encontraria e não duvidou em aprofundar o beijo quando sentiu seus pequenos dedos empurrando na nuca, o convidando para ser livre e fazer o que quisesse.
- "Não tem uma leve ideia do quanto senti sua falta." – lhe murmurou entre os beijos, sentindo como seus lábios se contornavam em um sorriso.
- "Pode ser que tenha uma impressão remota." – lhe contestou, beijando a linha da mandíbula. Lhe deu um último beijo, mais doce que os demais, tratando de transmitir aquelas coisas que não se animavam ainda de sair de sua boca e se virou na cama para abraça-lo de novo e se preparar para dormir.
- "Sabe? Essa barba tem que ir." – sussurrou depois de uns minutos. Finn tratou de fingir de dormido, mas Rachel pode sentir como seu peito continha uma gargalhada.
O som do alarme do relógio despertador irrompeu o quarto e Finn pode sentir como o pequeno corpo de Rachel se estremecia, se assustando com a repentina mudança de ambiente.
- "Sinto muito." – murmurou ele, esticando seu longo braço para apagar o pequeno aparelho.
- "Que horas são?" – perguntou ela, ainda sem abrir os olhos, se aproximando mais dele inconscientemente.
- "São sete da manhã." – respondeu, lhe beijando uma bochecha.
- "Deveria ir antes de que Amy acorde. Não quero... te gerar problemas." – propôs.
- "Mas se eu já acordei." – disse uma pequena vozinha, do outro lado da cama.
Ambos se levantaram de repente, para encontrar a pequena Amy, em seu pijama e abraçada com seu coelho rosa, recostada sobre o extremo oposto do colchão que Finn e Rachel não tinham ocupado. Finn esfregou rapidamente os olhos, soltando um som entre um suspiro e uma gargalhada. Rachel tratou de se separar tanto dele que quase cai da cama.
- "Bom dia Amy." – lhe disse seu pai, a beijando na bochecha da mesma forma que havia beijado Rachel minutos antes.
- "Bom dia papai." – respondeu ela, se apressando para se sentar no vazio que deixavam as pernas de Finn. Rachel se sentiu, de repente, fora de lugar e pouco vestida. Tentou, em vão, que a camisa com que havia dormido lhe cobrisse até os pés. "Bom dia Rachel." – disse Amy se esticando para lhe dar um beijo na bochecha.
- "Bom... bom dia Amy." – contestou ela, acariciando a cabeça da menina.
- "Bom, já que Rachel está aqui, talvez ela queira nos acompanhar no café da manhã. Ela prepara umas panquecas sensacionais." – Finn explicou para sua filha e os olhos dela brilharam de emoção.
- "Sim! Por favor Rachel, fique! Por favor!" – suplicou Amy, juntando suas pequenas mãozinhas em sinal de súplica.
- "Suponho que não se pode dizer que não para isso, né?" – disse, dando uma olhada fulminante para Finn.
- "Por que não vai para seu quarto e me espera lá, Amy? Já vou te vestir o uniforme da escola." – ordenou Finn e Amy obedeceu instantaneamente. "Veja, se não quiser ficar está bem. Entendo que isso possa ser... um pouco estranho." – disse para Rachel, enquanto se certificou que Amy não estava atrás da porta.
- "Pois então não tivesse me vendido como a melhor cozinheira do mundo na frente da sua filha! Se vou agora, romperei o coração dela!" – contestou, ficando de pé e buscando sua roupa. Entrou no banheiro, mas Finn conseguiu entrar antes que ela fechasse a porta.
- "Está brava?" – murmurou, a rodeando com os braços e a aproximando dele. Pode sentir como Rachel concordava com uma das bochechas acariciando seu peito. "Sinto muito. Juro que não pensei. Amy e eu não estamos acostumados a ter companhia." – se desculpou, lhe beijando a cabeça.
- "Primeiro, terá que deixar de me abraçar cada vez que tenhamos uma discussão ou vai ganhar sempre." – contestou ela, se separando um pouco e apontando para ele de forma ameaçadora com o dedo. "Segundo, prometa que nunca mais utilizará sua filha para me persuadir com algo. É cem vezes mais irresistível que você. Finn, estou falando sério, não ria!" – protestou ao ver o sorriso dele aumentava com cada palavra que saia de sua boca.
- "Não rio, é só que havia me esquecido o quão linda é quando faz essa cara de... mandona." – se explicou, a abraçando ainda mais forte.
- "E essa seria uma forma um pouco mais sofisticada de romper com a regra número um." – disse ela.
- "Não voltará a acontecer, prometo." – respondeu ele, selando o trato com um beijo.
- "Lave os dentes. E deve deixar de ser um bom pai todo o tempo quando estiver perto de mim, porque está se tornando irresistível." – protestou ela, tratando com todas suas forças não sorrir e empurrando ele para fora do banheiro para poder se trocar. Meia hora mais tarde Finn entrava na cozinha depois de mudar Amy e tomar seu banho, para encontrar as duas garotas conversando animadamente.
- "Do que falam?" – questionou, enquanto Rachel lhe entregava uma xícara de café e um par de panquecas.
- "Da sua barba. Eu não gosto." – respondeu Amy, com a boca tão cheia de comida que alguns pedaços caíram na sai listrada que vestia.
- "Eu também não." – murmurou Rachel, revisando seu telefone.
- "Por que isso me cheira a complô?" – disse Finn, batendo carinhosamente na cabeça de sua filha. Amy olhou para Rachel pelo canto do olho, sorrindo e ela lhe respondeu com um piscar cúmplice.
Finn não pode evitar conter um sorriso.
- "Bom... nos vemos." – disse Finn, uma vez que os três desceram até a calçada para se despedirem. Lhe deu um beijo na bochecha, se detendo um pouco e Rachel corou.
- "Adeus Rachel. E pode vir quando quiser, gostei muito de você." – disse Amy, ficando na ponta dos pés para lhe beijar na bochecha, também.
- "Sim, talvez podemos sair as duas com Kurt algum dia... deixar seu pai e Blaine fazer 'coisas de homens'." – propôs, enquanto subia no carro. Os olhos da menina brilharam de emoção e Rachel pode escutar como Amy enchia seu pai com planos futuro para elas e Kurt. Rachel sorriu: talvez tinha conseguido se vingar de Finn um pouco.