Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
- "Te digo Kurt, estou mais que perdido." – protestou Finn, levando até a boca meio bife que estava comendo.
- "Não entendo. Fez algum movimento oficial?" – ele perguntou, com certa expressão de asco: ainda depois de todos esses anos não conseguia tolerar os hábitos alimentares de Finn.
- "Bom..." – continuou, uma vez que conseguiu engolir. "sempre digo a ela que está bonita e as vezes a abraço ou... seguro a mão dela. E conversamos... por horas. É sério, conversamos de tudo. Te juro Kurt, é como se não tivesse passado todos esses anos."
- "Mas passaram irmão." – respondeu com uma careta estranha.
- "A que se refere?"
- "Bom Finn, nós crescemos. Talvez para a Rachel de dezesseis anos bastava que diga que está bonita ou que segure a mão dela, ou inclusive que tomem café juntos todas as manhãs..."
- "Já foram duas semanas consecutivas, sem interrupções."
- "O ponto é..." – retomou Kurt, fazendo pouco caso da interrupção. "... que talvez para essa Rachel não basta isso. Talvez ela queira algo mais."
- "Como o que?" – perguntou Finn, terminando o prato de uma vez.
- "Leve ela para jantar, proponha uma saída, convide para uma partida, para uma festa. Compre algo para ela. Ou, em caso de buscar realmente um efeito novo, fale da mesma forma que está falando comigo. Ela é Rachel, vai entender." – falou Kurt, finalizando também a incrível salada que havia pedido. Se limpou delicadamente a comissura dos lábios e voltou a palavra. "Já pensou no que vai falar para Amy ou... quando vai apresentá-las?"
- "Sim... sim... estive pensando. Acho que poderia convidá-la para o aniversário da Amy. É em um par de semanas e está muito entusiasmada. Realmente quer conhecê-la, mesmo eu quase não tendo falado dela com minha filha." – respondeu.
- "Nem me fale. Esse Cd de Wicked deve estar gasto a essas alturas." – ambos sorriram, enquanto a garçonete servia a sobremesa.
- "Não é um pouco... estranho que eu esteja penando em tudo isso quando na realidade não aconteceu nada entre nós? Quero dizer... nem sequer nos beijamos e eu já penso que estou..."
- "Voltando a se apaixonar por ela?" – o ajudou Kurt. Finn não contestou. "Veja, para um par de seres humanos normais seria louco. Irreal. Inclusive um pouco... obsessivo. Mas você e Rachel não são (e nunca serão) um par de seres humanos desse tipo. São... especiais. Como as grandes e verdadeiras histórias de amo." – lhe explicou, como se estivesse relatando o final de algum filme da Drew Berrimore. Finn se manteve em silencio: ainda quando Kurt estava um pouco louco, geralmente costumava ter razão. As vezes demasiada razão para o gosto de Finn.
- "Gostou da comida?" – perguntou Finn nervoso. Rachel concordou com um sorriso, enquanto devorava o último pedaço de seu bolo de chocolate vegetariano.
- "Gosto de fazer esse tipo de coisa. Diferente." – explicou ela. Finn inalou: aquele era o momento adequado para dizer para ela aquilo que havia praticado durante dias, aquilo pelo qual havia gastado a metade do seu salário nesse restaurante e em um buquê de flores. Esticou sua mão sobre a mesa, buscando a de Rachel e sorriu ao sentir o contato. Talvez com um pouco de sorte, a pequena poça de suor da palma de sua mão deixaria ela entender que iria fazer uma confissão em breve.
- "Rach..." – começou, para chamar sua atenção e pode sentir com ela ficava um pouco tensa. "essas últimas semanas estive pensando muito... em nós. Em como aconteceram as coisas. E acho que... que merecemos uma segunda oportunidade." – lhe explicou, buscando seu olhar.
- "É mais uma... décima segunda oportunidade, né?" – contestou ela em tom de brincadeira.
Ele também sorriu.
- "Ao que me refiro é que... sinto uma conexão com você que não senti em anos. Não, pelo menos, desde que estávamos juntos. E isso... isso deve significar algo." – continuou ele. Ela o olhou por um segundo e o sorriso aumentou ainda mais.
- "Significa que algumas coisas não mudam... e outras mudam o justo e necessário." – lhe explicou em um sussurro. Finn parecia confuso, por isso Rachel se apressou a continuar. "Significa que ainda vejo em você aquele garoto pelo qual me apaixonei há tempos. E essa parte de mim que ainda tem dezesseis anos sempre vai te querer. Não posso evitar." – Finn concordou, entendendo perfeitamente a que se referia. Rachel continuou. "O estranho Finn é que nessas semanas comecei a conhecer o homem em que você se converteu. E esse homem... é mais interessante que aquele garoto de dezesseis anos."
- "É?"
- "Sim. Muito mais interessante."
- "Então... não acha que vamos muito rápido? Está bem que nos sintamos como nos sentimos?" – soltou ele, aliviado.
- "Nós temos nossos próprios tempos." – respondeu ela. Se olharam por um momento, pensando nas implicâncias do que acabaram de dizer. Pagaram a conta em silencio e assim também se dirigiram para o apartamento de Rachel.
- "Queria ficar..." – disse ele, a acompanhando até a porta. "... mas a babá deve ir meia noite, então..."
- "Então deve voltar para seu lar, fazer o que melhor faz." – finalizou Rachel. "Sabe..." – agregou, olhando ele diretamente nos olhos. "pode me beijar se quiser."
- "Sim , eu quero." – respondeu ele se aproximando os poucos centímetros que os separavam. Bastou que seus lábios se encontrassem para que ambos perdessem o sentido do tempo e do espaço.
Para que Finn a rodeassem fortemente pela cintura, tão forte para levantá-la uns centímetros do chão e nivelando seus rostos. Rachel colocou os braços no pescoço dele, sorrindo e sentindo os lábios de Finn sorrir contra os dela. Havia valido a pena. Havia valido os anos de sonhos confusos, de noites solitárias e de beijar outros lábios só para certificar em cada um deles de que nada era como isso, que nenhuma mulher daria a Finn tudo aquilo que Rachel era capaz de dar em apenas um beijo e que nenhum homem faria ela sentir tão querida, tão cuidada e tão desejada como Finn. Se soltaram apenas quando suas gargantas começaram a incomodar pela falta de ar.
- "Anota isso em segundo lugar depois de ser pai." – murmurou ela, ainda um pouco agitada.
- "O que acha que aprendi em todos esses anos de universidade?" – respondeu ele, antes de voltar a beijá-la.
- "Tenho que me acostumar ao Senhor Hudson ou é só apenas mais um do monte de admiradores que não passam do primeiro encontro?" – perguntou o porteiro quando Finn e Rachel se separaram e ela entrou no prédio.
- "Até amanhã Barry." – respondeu ela com um sorriso, junto quando a porta do elevador se fechava.
- "Obrigada Adam. Nos vemos amanhã." – disse Rachel, enquanto subia em seu carro e ligava o celular. Uma função a menos, pensou se olhando no reflexo de um dos vidros da rua. O telefone vibrou com tanta frequência que Rachel se viu obrigada a contestar a ligação.
- "Deve me ajudar Rachel, estou perdido." – contestou a voz de Finn quando sentiu o cumprimento de Rachel no telefone.
- "O que aconteceu? Por que murmura?"
- "Tenho um jogo em meia hora e não consegui alguém para cuidar da Amy e não posso deixá-la sozinha. Blaine estará comigo e Kurt está de viagem e não posso trazer ela porque está fazendo muito fri..."
- "Ei ei... acalme-se! Eu cuidarei dela." – o interrompeu ela, com um tom caloroso.
- "Faria isso por mim?"
- "Já fiz muitíssimo mais por gente menos importante, então isso não será nada de outro mundo." – explicou. Podia sentir como Finn relaxava do outro lado da linha.
- "Quando chegar aqui te darei o maior abraço da sua vida." – prometeu, quase risonho.
- "Oh... isso é genial! Acho que a ânsia me fará quebrar com todas as leis de trânsito."
Dez minutos depois Finn cumpria sua promessa ao apertá-la em seus braços quando Rachel cruzou a porta de entrada do pequeno apartamento.
- "Ok, eu também senti sua falta, mas está começando a me asfixiar." – se queixou ela e sua voz quase não foi escutada entre as profundezas do corpo de Finn. Ele lhe deu um pequeno beijo, em forma de agradecimento, antes de pegar suas chaves e sua mala para sair.
- "Amy já está dormindo, então não te significará nenhum problema. Tem bastante comida na geladeira se tiver fome." – lhe explicou, colocando a jaqueta. Rachel respondeu com um gesto afirmativo, enquanto o apressava até a porta. Finn parou em seco. "Prometo te recompensar por isso, sério." – murmurou.
- "Vá e ganhe esse jogo e eu pensarei em minha recompensa." – respondeu, o segurando pela gola da jaqueta para nivelar seus rotos e beija-lo novamente. Por um momento Finn esqueceu por completo que existia uma coisa chamada Futebol Americano, mas quando Rachel se afastou, ele voltou a se colocar na pele de treinador.
- "Vale um 'quebre a perna' no mundo dos esportes?" – perguntou enquanto ele chamava o elevador.
- "Vale no nosso." – contestou ele, lhe devolvendo um sorriso.
Rachel se jogou no cômodo sofá quando colocou a lasanha congelada no microondas e se atreveu a tirar os sapatos. Até esse momento não havia prestado realmente atenção no lugar como um todo (Finn havia ocupado seus cinco sentidos). Passeou pelo lugar olhando os quadros com fotos nas paredes. Aquela, mais que uma casa, era um museu de Amy Hudson e Rachel conteve o riso ao recordar que a casa de seus próprios pais era um pouco assim também.
Amy com Finn em um jogo de futebol, Amy com Finn na Disneylandia, Amy sozinha, Amy com Burt e Carole (claramente para eles a idade não passava), Amy e Kurt disfarçados de pinguins e uma Amy engraçada com a cara toda pintada. Espiou a pilha de DVD's que Finn tinha ao lado da televisão, buscando algo interessante para ver.
Filmes infantis, jogadas de futebol, concertos de rock, mais filmes infantis... Estava se dando por vencida quando um pequeno envelope de papel lhe chamou a atenção: ali, escrita com a alvoroçada letra de Finn, estavam as palavras 'Novas Direções'. Rachel colocou o DVD no reprodutor no preciso momento em que o microondas anunciava que seu jantar estava pronto.
- "Isso é a Regional de 2011 e meu nome é Finn Hudson." – disse o Finn do vídeo, se focando torpemente no rosto. Rachel reconheceu no mesmo instante o vestuário: os meninos estavam com camisas e calças pretas com uma gravata branca e elas estavam com vestidos brancos com alguns detalhes em preto. Podia ver Lauren Zizes no fundo, engolindo quem sabe que exótico doce e sentia o riso contagioso de Tina e Mercedes como trilha sonora. "Aquele é meu irmão Kurt e essa é Rachel." – continuou apontando com a câmera. Kurt ainda estava com seu uniforme do Warbler. Ele e Rachel pareciam estar entrosados em uma conversa muito interessante.
- "Pode deixar isso? Me deixa nervosa." – se queixou a voz de Santana Lopez. Bastou com isso para que Finn focasse diretamente nos olhos dela.
- "Essa é Santana. Pelo pouco que escutaram dela saberão como é queixosa. Diga pra gente Santana, o que espera dessa noite?" – lhe perguntou Finn.
- "Que... ganhemos." – respondeu em voz baixa, como se admitir aquilo significasse o mais doloroso do mundo. Nesse momento as luzes apagaram e a sala se encheu de ansiedade.
- "Muito bem, aí vai os Warblers. Boa sorte!" – Finn murmurou para Kurt quando ele passou ao seu lado. Imediatamente Finn buscou Rachel com a câmera, para encontrá-la no extremo oposto da sala, falando consigo mesma. "Agora verão Rachel Berry em seu estado natural." – explicou, se aproximando mais, passando ao lado de Artie que cumprimentou alegremente para a câmera.
Quando chegou até onde ela estava, Rachel pode ver claramente a sim mesma pela primeira vez desde que o vídeo havia começado (e pela primeira vez em muitos anos). Finn lhe perguntou se estava nervosa e ela contestou que um pouco, mas que as verdadeiras estrelas não costumam ficar. Finn riu tanto diante esse comentário, que a câmera perdeu o focou por uns segundos.
- "Não sei se está nervosa, mas está muito linda. Isso eu posso te assegurar." – murmurou ele, como se a câmera não estivesse ligada. A Rachel do vídeo contestou com um sorriso. A Rachel espectadora estava tão compenetrada com aquelas recordações que quase perde a pequeno vozinha que tossiu para chamar sua atenção. Ao se virar, Rachel encontrou com o brilhante rosto de Amy Hudson lhe devolvendo o olhar.
- "Olá." – foi tudo o que atinou em dizer, enquanto pausava o vídeo. Amy não respondeu em seguida, no que se limitou a olha-la por uns segundos.
- "Você não é a Mary, minha babá." – disse mais para si mesma do que para Rachel.
- "Não, não sou. Eu sou Rac..."
- "Tão pouco é meu tio Kurt, isso é certo." – continuou Amy, examinando ela determinada.
- "Não, claro que não sou Kurt. Sua babá não pode vir então seu pa..."
- "Já sei quem é! É a bruxa da caixinha!" – interrompeu Amy uma vez mais, dessa vez muito entusiasmada. Rachel a olhou desconcertada por um segundo, que foi o que demorou Amy para sair correndo até seu quarto e voltar com algo entre suas mãos. Se sentou ao lado dela no sofá e Rachel reconheceu imediatamente a caixinha a qual Amy se referia.
- "Sim, essa sou eu. De fato, esse é meu autógrafo. Eu sou Rachel!" – se apresentou, deixando o CD que havia autografado para Finn na mesinha de centro e estendendo uma mão para Amy.
- "Sou Amy Hudson." – respondeu segurando sua mão.
- "Um prazer te conhecer Amy Hudson." – disse Rachel, contendo o riso ao ver a forma em que Amy se apresentava.
- "É muito mais bonita em pessoa que na caixinha." – murmurou, olhando embelezada.
- "Bom, obrigada! Você é muito mais bonita do que nas fotos." – respondeu Rachel, lhe devolvendo o elogio. Voltaram a ficar em silencio por um tempo e Rachel pensou que poderia ouvir os pensamentos de Amy batendo em sua cabeça. A menina esticou de repente a mão, acariciando uma das bochechas de Rachel e ela se sentiu corar um pouco.
- "É real, né?" – lhe perguntou Amy, quase com temor da resposta. Aí sim Rachel não pode conter o riso.
- "Sim, sou real. Seu papai tinha esse jogo e sua babá não pode vir, então lhe fiz o favor de cuidar de você por essa noite. Acha bom?" – lhe perguntou.
- "Sim. Acho bom." – contestou a menina, ainda estudando ela com muita determinação.
Rachel pensou que era muito mais parecida a Finn do que tinha parecido em um primeiro momento.
- "Realmente é amiga do meu papai. Eu achei que estava mentindo pra mim." – confessou.
- "Sim. Sou amiga do seu papai e de seus tios também. De fato, estava olhando esse vídeo em que estamos tosos." – lhe explicou apontando para a imagem congelada na tela, de uma Rachel de 17 anos.
- "Posso ver com você?" – pediu Amy, com um tom de súplica que fez com que fosse impossível para Rachel dizer que não.
- "Bom... suponho que não tem nada de mal nisso, né?" – disse levando o prato sujo para a pia. Buscou uma garrafa de água para ela e um suco de maçã para a menina e voltou a se sentar no sofá. Amy havia desaparecido novamente e voltou um momento depois com uma pequena coberta, um travesseiro e um coelho cor de rosa. Se sentou delicadamente ao lado de Rachel, praticamente se sentando em seu colo e estendeu a coberta sobre as pernas de ambas.
- "Pode segurar o Bonnie se quiser." – murmurou, lhe dando o pequeno animal. Rachel o segurou agradecida e colocou novamente o vídeo.
- "Bom, essa é a Regional do Clube Glee de uns anos atrás. Esse é seu papai, mas ele você já conhece e essa sou eu. Sou mais bonita agora, verdade?" – perguntou. Amy concordou, com o olhar fixo na tela da TV. Para Rachel lhe pareceu extremamente terna a forma em que enrugava a testa, como se estivesse utilizando todas suas forças para gravar a maior quantidade possível de informação em seu córtex cerebral. Lhe recordou tanto a Finn que não pode se conter e passou um de seus braços pelos ombros da menina para trazer ela mais para perto. Ela sorriu e se acomodou mais a lateral de Rachel. "Essa é Quinn Fabray e essa é Tina Cohen Chang..."
- "Esse é Puck! E essa é Mercedes!" – gritou Amy, claramente entusiasmada ao reconhecer os rostos dos que agora apareciam no vídeo.
- "Claramente a eles já conhece." – disse Rachel com um sorriso. As luzes do vídeo voltaram a piscar e a sala se encheu de ansiedade novamente. Viu como a Rachel do vídeo dava os últimos retoques no vestido, enquanto trocava abraços nervosos com o resto dos integrantes. Finn lhe entregou a câmera para o Senhor Schuester e se aproximou de Rachel para prerapar a saída.
- "Quebre a perna!" – lhe disse ele.
- "Ei também te amo!" – contestou ela, o beijando rapidamente. Os primeiros acordes de 'Here, There and Everywhere' começaram a tocar. Finn e Rachel entraram em cena. Rachel havia se esquecido o quão bom eram em primeiro lugar. A forma em que suas vozes se acoplavam, o calor com que se olhavam, as torpes porém ternas tentativas de Finn de seguir os passos de dança, seu próprio rosto cheio de um brilho inigualável. Enquanto o resto do clube entrou em cena, sentiu como a pele se eriçava. Era isso. Ali estavam. Rachel esqueceu por um momento que Amy estava ali e soltou um par de lágrimas ao ouvir Sam e Santana se unindo a ela e Finn para a última nota. O público estourou em aplausos e também Amy o fez. Havia pulado com tanto entusiasmo que quase cai do sofá.
- "Isso esteve fantástico! Tem mais disso?" – lhe perguntou com os olhos brilhosos. Rachel bateu no lugar vazio no sofá, a convidando para se sentar. Amy não voltou a levantar pelo resto da apresentação e inclusive ficou extremamente nervosa quando um dos juízes titubeou uns instantes para declarar o Novas Direções como ganhadores.
- "Bravo, bravo! Incrível!" – gritou a menina, agora pulando do sofá e dando umas voltas pela sala ao grito de 'Novas Direções'.
- "Me alegro que tenha gostado." – disse Rachel, começando a lavar os pratos que havia utilizado antes. Amy empurrou uma cadeira para onde Rachel se encontrava e subiu nela para ficar no nível dela.
- "Canta muito bonito. Sério. E meu papai também! Não sabia que ele podia cantar." – disse a menina, com uma voz muito fraca, como se ofendesse que seu pai não tivesse compartilhado essa informação com ela.
- "Finn não canta?" – perguntou Rachel, confusa.
- "Bom... as vezes quando está no banheiro ou vamos no carro. Mas não é o mesmo. No vídeo cantava muito melhor." – se queixou, cruzando seus pequenos braços sobre seu peito.
- "Talvez deva apenas pedir. Eu costumava fazer isso." – confessou, secando as mãos na velha calça jeans que vestia.
- "Sim...sim, eu vou fazer isso. Vou pedir pra ele cantar para mim e não poderá me dizer que não, porque em duas semanas é meu aniversário e deve fazer o que eu digo." – finalizou. Rachel soltou uma gargalhada e Amy também sorriu um pouco. Esfregou os olhos, cansada e desceu da cadeira para voltar para o sofá. Rachel a seguiu, se deixando cair ao seu lado. Ficaram uns minutos em silencio e Rachel pode sentir como Amy (que já estava aconchegada ao seu lado, abraçada a seu coelho de pelúcia) ia cedendo ao cansaço.
- "Eu gosto disso. Estar com garotas. Estar com você..." – murmurou, antes de dormir.
Rachel se recostou um pouco mais no sofá, fechou os olhos e pensou antes de dormir, que aparentemente os Hudson tinham uma capacidade nata de fazer ela se sentir bem, em casa.