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Assar muffins e cantar distraiu Rachel por um tempo e, com a chegada de seus pais, sua noite foi ocupada por assuntos relativos aos trabalhos de ambos, substituídos em seguida por comentários sobre cinema, TV, teatro, música, viagens, as aulas dela e fofocas sobre a vida dos parentes. No entanto, após vestir sua camisola, apagar as luzes e deitar-se na cama, Rachel não pode mais evitar Finn Hudson: as lembranças das mãos dele tocando seu corpo, do corpo nu dele deitado em sua cama, o sorriso malicioso que dava quando percebia o efeito que estava provocando nela. Sentiu seu corpo começar a queimar por dentro.

Rachel decidiu tomar um banho, acreditando que um pouco de água fria resolveria o problema, mas Finn estava lá, fazendo companhia a ela também no chuveiro, não saindo de seus pensamentos onde quer que ela fosse, pensamentos estes que iam ficando cada vez mais e mais e mais cheios de luxúria, até o momento em que Rachel percebeu que estava se tocando. Aquilo a deixava confusa! Não que nunca tivesse tocado a si mesma antes, mas nunca o havia feito pensando em ninguém especificamente, nem mesmo durante qualquer momento de seu namoro com Tom. No entanto, ela se deixou levar pelo momento, até chegar ao máximo prazer, pensando todo o tempo nele e em como seria ainda mais forte aquela sensação se fossem as mãos dele tocando sua intimidade.

Após recompor-se, Rachel terminou seu banho, vestiu novamente a camisola e voltou para a cama. Novamente tentou dormir em vão. O que tinha acabado de acontecer só mostrava o quanto aquela atração era perigosa. Era uma atração capaz de tirá-la do controle e Rachel Barbra Berry nunca fica fora do controle de suas emoções e ações.

Além disso, não era desse tipo de relação que ela precisava, não era esse tipo de envolvimento que ela queria, e pelo qual vinha esperando há tanto tempo. Rachel queria mais! Mais do que uma coisa física, de pele, de corpos, desejo, calor, ondas de prazer, ainda que fossem de um prazer mais forte do que ela jamais pudera imaginar. Ela queria romance, carinho, companheirismo. Queria formar um elo com alguém, exatamente como ela tinha descrito em uma de suas letras de música, um tempo atrás.

A estudante levantou-se, acendeu a luz, pensando que, afinal, era vã aquela tentativa de dormir, então talvez fosse melhor usar o tempo de forma produtiva. Abriu uma das gavetas de sua escrivaninha e pegou o material que mantinha na casa dos pais: partituras, folhas repletas de rabiscos musicais, anotações sobre peças em que atuou durante o ensino médio, etc. Sabia que a letra de que lembrara estava por ali, precisando ainda ter a sua melodia melhorada.

Logo a encontrou e começou a tentar trabalhar na melodia, sendo, no entanto, impedida pelas lembranças daquele dia não muito agradável em que a tinha escrito.

Era a noite da festa de formatura de seu último ano no McKinley, mas Rachel estava em casa de pijamas, comendo sorvete vegan e assistindo Funny Girl com seus pais. Tinha garantido a eles que tudo estava bem, afinal nunca fora uma garota de festas. A única coisa nas festas que lhe agradava era a música, mas não havia nenhuma chance de ela cantar no baile e nem de dançar, uma vez que o único menino de toda a escola que dançaria com ela tinha sido dispensado algumas semanas antes.

Contudo, bem no fundo, ver os colegas combinando de irem à festa, as meninas bonitas sendo convidadas, algumas recebendo convites especiais, com flores, bombons, bichos de pelúcia ou outros presentes típicos de namorado, dos rapazes, tinha despertado em Rachel um sentimento novo. A garota crescera com seu pensamento voltado para a carreira, a fama, os prêmios que iria conquistar, mas percebeu, naquele momento, que todas essas coisas a fariam, sim, feliz, mas só seria plenamente feliz se tivesse com quem compartilhar tudo isso. Alguém para levar flores para ela no camarim depois de sua estréia, alguém a quem agradecer, além de seus pais, ao receber um prêmio, alguém para quem reclamar de colegas pouco talentosos, alguém a quem encontrar quando voltasse para casa, cansada, precisando de um abraço.

Rachel pediu licença aos pais, dizendo estar com sono, e subiu para seu quarto, sabendo que somente duas coisas poderiam ajudar naquele momento: transformar os sentimentos em arte... e chorar. Então, ela fez as duas coisas. Pegou papéis e canetas, sentou-se na cama, chorou e escreveu, escreveu e chorou, e ficou assim por algum tempo, até ter chegado à letra final de “My Perfect Link” (Meu Elo Perfeito), aquela mesma que permaneceria guardada na gaveta por mais ou menos um ano.

A música falava do quanto aquela queria alguém que estivesse sempre a seu lado, em momentos bons e ruins, sempre apoiando-a e recebendo seu apoio, sempre sabendo exatamente o que dizer, como fazer as coisas ficarem melhores, como se pudesse ler seu pensamento. Um homem que tivesse força e delicadeza, que a fizesse rir e sorrir, com que fosse fácil conversar, de quem fosse confortável estar perto. Alguém feito para ela, com quem ela tivesse um elo perfeito.

Olhando aquela letra tanto tempo depois, Rachel suspirou, cansada, triste, decepcionada, frustrada. Até agora, não havia conhecido ninguém que fosse nada parecido com ele elo e a sensação que tinha era de que nunca o encontraria.

Mas não perderia as esperanças! Afinal Rachel Berry nunca desiste daquilo que quer. E, acima de tudo, não se contentaria com menos. Não se entregaria a uma relação puramente carnal, quando queria amor, ainda mais uma relação carnal com potencial tão grande para tirá-la do controle de sua própria vida.

De uma coisa Rachel tinha certeza: ela dissera que sim, mas jamais ligaria para Finn Hudson.

Capítulo 4

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