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O pequeno ser de olhos amendoados foi entregue a Rachel, enquanto lágrimas correntes saíam de seus olhos com bem mais intensidade que antes. Encarando aquele projeto de gente, a intensa dor que ela sentira no parto não parecia tão intensa agora. Ela havia valido a pena.

Agora Rachel Berry era oficialmente mãe.

Mãe.

Tal palavra parecia tão sem significado até aquele momento. Nunca soube o que era ter uma mãe, afinal fora criado por dois pais gays. Além disso, o interesse de conhecer a mulher que lhe deu a luz nunca apareceu. Sempre a odiou sem ao menos conhecê-la. Devia ser mesmo uma mulher sem coração para vender um ser tão inocente.

"Ela é linda, Rach." A voz de Quinn tirou-a de seu transe. A morena encarava sua filha com um amor incondicional que nunca achou que iria sentir.

Observou a melhor amiga por alguns instantes e constatou que ela também tinha lágrimas nos olhos. Quinn havia sido uma grande companheira pra ela desde o momento que decidira fazer a inseminação artificial e engravidar. Pode-se dizer que a amizade delas, que durava desde a infância, havia crescido ainda mais naqueles meses.

"Inseminação artificial?" A loira perguntou, ainda confusa por Rachel ter ligado pra ela com aquele papo em plena madrugada.

"Sim." Ela respondeu simplesmente como se fosse a coisa mais obvia do mundo.

"Isso é maluquice. Você é perfeitamente normal e linda. Requisitos suficientes para arrumar um namorado, depois casar e SÓ depois ter filhos." Quinn disse.

"Eu já estou com 31 anos e não consigo ter um relacionamento estável desde o ensino médio. Você ainda acha que eu ainda tenho esperanças de arrumar alguém decente?" Perguntou Rachel, se irritando, mas logo vendo que não havia sentido descontar suas frustrações amorosas na melhor amiga. "Q, eu quero isso. Já tomei minha decisão. Quero ser mãe mais que tudo. Sempre foi o meu sonho e você sabe disso. Não quero ter que procurar o homem certo se posso fazer isso sozinha." A morena completou, ouvindo o silêncio do outro lado da linha. "E eu quero mais que tudo, o apoio da minha melhor amiga."

"Okay, Rach. Eu te apoio." Respondeu a loira, sorrindo. "Mas com uma condição." Completou ela.

"Qual?"

"Quero ser madrinha do bebê... ou bebês." Ela riu, sabendo do risco de gêmeos ou trigêmeos na inseminação artificial.

Felizmente, não haviam sido trigêmeos nem gêmeos, mas a promessa de Quinn ser madrinha do bebê fora cumprida. Agora ela admirava o quanto a recém-nascida parecia uma miniatura da mãe, mas sem o nariz. Rachel teve vontade de gritar em comemoração quando percebeu tal fato.

"Qual será o nome da princesinha?" A pediatra, Dra. Dany, perguntou aparecendo pela primeira vez, após levar o bebê para a checagem completa. Era uma menina perfeitamente saudável.

"Zoey." Rachel respondeu. "Zoey Berry." Completou, abrindo um sorriso maior ainda.

"Muito bem, Zoey... hora da primeira mamada." Disse a doutora. "Te ensino como fazer, Rachel." Completou, dando um sorriso simpático.

Dar de mamar era uma coisa bem diferente. Era uma sensação que Rachel nunca havia sentido. Além da pequena Zoey sugar forte e ela sentir seu peito dolorido, o incomodo era o de menos. A sensação de estar alimentando sua filha diretamente pela primeira vez era de outro mundo.

As duas, Rachel e Zoey, não demoraram muito para ir pro quarto, já o estado de saúde de ambas não podia estar melhor. Mas o que chamou a atenção, antes que adentrassem o cômodo, era a placa branca com estrela douradas pregada na porta.

Nome: Zoey Berry

Nascimento: 20 de abril de 2013 às 13:03

Peso: 3.3 Kg

Medida: 47 cm

E se antes a morena não tinha caído na realidade, agora ela tinha.

Ela era oficialmente mãe.

~x~

Não tiveram que ficar muito tempo no hospital. Apenas mais 24 horas e Zoey estava à caminho do seu primeiro dia em casa. Vestida em um macacão rosa, ela estava cuidadosamente enrolada em um manto, apesar de ser primeira, no colo de sua mãe assim que adentraram a cobertura que Rachel vivia.

Não era qualquer pessoa que tinha uma cobertura em Manhattan, mas mesmo ela sendo simples, podia-se dizer que Rachel tinha uma boa situação financeira.

Era colunista de uma revista quando decidiu arriscar a carreira de escritora. Tentou diversas vezes fazer com que editoras publicassem seus livros, mas apenas um deu certo. Começou a escrever uma série de livros para adolescentes com uma ideia que ela julgava um tanto estúpida, mas que dera a ela tudo que ela tinha hoje.

E a série "Os Imortais" vendera 2 milhões de cópias nos Estados Unidos e fora traduzido em 35 países. O último livro de 6 fora publicado um pouco antes dela engravidar.

Quinn, formada em direito, era sua assessora, mas de jeito nenhum era tratada como uma. Ela era a melhor amiga de Rachel e era tratada com tal. A prova disso era que a loira não estava tomando conta de tudo desde que a morena engravidara por obrigação, mas sim por amizade.

"Nem sei como te agradecer por ter deixado o Joe de lado por uns dias pra ficar com a gente." Rachel afirmou, assim que adentrou a cozinha e avistou a melhor amiga preparando alguma coisa. Zoey já estava acomodada em seu berço. Quinn ficaria hospedada na cobertura por alguns dias pra ajudar Rachel até que seus pais votassem da quarta ou quinta lua-de-mel.

"Eu e o Joe não estamos muito bem. Namorar um hippie não é tão legal quanto eu esperava." A loira afirmou, colocando a água do chá no fogo. "Ele quer que eu pare de usar eletrônicos enquanto estiver em casa. De jeito nenhum eu vou me desfazer da minha televisão 52 polegadas ou do meu iPad." Completou, indignada.

"Quinn, ele usa dreads e protesta contra o uso da gasolina. Não me surpreenderia se você chegasse em casa e ele estivesse fumando maconha." Rachel brincou, indo até a sala e sentando- se sofá. Tinha que manter repouso.

"Na verdade, ele fumava, mas parou quando começamos a namorar." A loira disse, um tanto envergonhada, seguindo a amiga com duas xícaras na mão.

"Eu disse. Hippies não são seu tipo." Rachel afirmou, rindo da situação.

"Eu estou na decadência, ok? Já vou fazer 33 anos e meus pais me ligam praticamente todo dia perguntando quando vou me casar." Disse Quinn. "Só não sigo seu exemplo porque meu sonho nunca foi ser mãe." Completou, dando um gole no chá.

"Eu sempre tive o medo de me arrepender de ter feito inseminação quando ela nascesse, mas eu não poderia estar mais feliz." A morena disse.

"Você não acha que ela vai sentir falta de um pai ou sei lá?" Quinn perguntou, encarando-a.

"Eu não sei. Sempre senti falta de uma mãe mesmo com meus dois pais sabendo lidar com isso." Rachel afirmou. "Mas acho que eu também vou lidar bem com isso, tenho meus pais e tenho você." Completou, sorrindo.

"Concordo e além do mais, você ainda pode achar o homem certo." Disse Quinn, rindo e Rachel assentiu.

Capítulo 4

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