Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
O que pode dar para a pessoa que te completa, aquela que ama com todo seu ser?
Isso é o que Finn se pergunta essa mesma manhã, quando ao olhar o jornal recorda que ele e Rachel cumprem seu primeiro ano de casados em um par de dias. Vejam, Rachel não é muito complicada, nem tão pouco demanda muito dele, por isso provavelmente desfrutará de qualquer coisa que Finn dê para ela. Porém, ele não pode evitar pensar que nada no mundo dera o suficientemente perfeito para dar a ela como símbolo de seu incondicional amor.
- "Kurt e eu costumamos pular essas datas." – lhe respondeu Blaine, quando Finn comentou com ele o incrível dilema que enfrentava. "As vezes, juntamos o dinheiro dos presentes e fazemos alguma viagem, ou um jantar familiar. Mas realmente não gostamos de celebrar esse tipo de ocasião. Preferimos celebrar dia a dia." – agregou, enquanto ele e seu cunhado repassavam as jogadas para as próximas partidas.
- "O problema é, na realidade, que Rachel e eu estamos começando a formular nossos próprios costumes e geralmente fazemos juntos." – lhe explicou Finn. "Mas dessa vez quero surpreendê-la, quero fazer algo sozinho."
- "Bom... pode levá-la para jantar e..."
- "Isso eu já pensei." – a interrompeu Finn.
- "Ok, ok. O que é que a Rachel mais ama no mundo?" – questionou Blaine, guardando uma boa quantidade de papeis em uma caixa.
- "Suponho que... estar com Amy e comigo. Compartilhar o tempo." – respondeu Finn, duvidativo.
- "Muito bem. Então, dê a ela algo que gere... novos espaços, novos momentos para compartilhar." – propôs Blaine.
Finn sorriu.
- "É por isso que você será meu assistente." – brincou, enquanto ambos pegavam suas coisas para voltar para a casa.
-oo-
- "Vejo que desfruta da comida." – murmurou Rachel, sorrindo ao ver como seu esposo devorava metade do seu prato de uma vez.
- "Vejo que desfruta de me ver comer." – ele respondeu, limpando o canto dos lábios com o guardanapo.
Esticou um pouco sua mão para segurar a de sua esposa sobre a mesa e ambos trocaram um olhar que pareceu interminável.
- "Oi." – sussurrou ela, como se acabasse de ver ele.
Na realidade, se pensasse um pouco, não recordava quanto tempo havia passado desde a última vez que estiveram sozinhos.
- "Odeio esse lugar. Odeio que as cadeiras estejam colocadas tão longe. Eu gosto mais daquela velha cafeteria na 47. Aquela que pode se sentar ao meu lado e eu posso te abraçar." – disse ele, beijando a dobra dos dedos dela e voltando para sua comida com uma expressão de desagrado.
Rachel soltou uma gargalhada.
- "Você gosta dessa cafeteria porque servem os melhores waffles do mundo. Os assentos são só um condimento." – esclareceu ela, comendo delicadamente o conteúdo de seu prato.
- "Me ofende a acusação, Berry. Seus waffles são os melhores, sem dúvida alguma." – respondeu Finn, com sinceridade.
- "É a primeira vez que me chama de Berry em muito tempo." – disse Rachel, surpreendida. "o qual está mal porque, de fato, agora sou Hudson. É precisamente isso o que estamos celebrando, não?"
- "Estamos celebrando que você é Hudson e eu sou Berry." – brincou ele. Rachel riu tão forte que um par de clientes das outras mesas se viraram para vê-la. "E você sempre será Rachel Berry para mim. Sempre será essa mulher incrível, poderosa, apaixonada..."
- "Por Deus, Finn! Deverá parar ou não poderei me manter civilizada por muito tempo mais." – murmurou, com uma voz quase sensual, enquanto lhe acariciava levemente a perna com um de seus sapatos de salto.
- "Garçom? A conta, por favor!" – pediu Finn instantaneamente, sorrindo e vendo como Rachel sorria também.
-oo-
- "Tem os olhos fechados? Porque não quero que veja nada..."
- "Sim, Finn eu tenho. Mesmo que tenha que se esperar muito, da última vez que me fez uma surpresa desse tipo me deparei com uma casa para mim." – recordou ela, enquanto ele a ajudava a subir as escadas. Rachel parou em seco. "Espera um segundo... estamos indo para o estúdio?"
- "Para o quarto ao lado, na realidade."
- "Não podemos ir para lá!"
- "Por que não?"
- "Porque... é lá que está seu presente." – confessou ela, abrindo os olhos.
- "Me comprou um presente?" – perguntou ele, claramente agradecido.
- "Claro que sim, carinho. É nosso primeiro aniversário e... queria que fosse especial." – lhe explicou ela, acariciando a bochecha dele.
Finn sorriu.
- "Então... ambas surpresas estão ali dentro. E seguramente Blaine e Kurt se encarregaram do seu presente tal como se encarregaram do meu." – disse ele, segurando a mão dela e se dirigindo para o quarto.
Rachel riu, enquanto assentia com a cabeça e ambos pararam na frente da porta fechada.
- "Na conta de três, abrimos." – ordenou ela, colocando suas mãos na maçaneta.
- "Um... dois... três!" – disseram os dois em uníssono.
Finn pode sentir como Rachel continha o fôlego quanto reconheceu qual de ambos presentes correspondia a ela. Levou uma mão a boca em um gesto dramático e olhou para ele com olhos chorosos por um segundo, antes de correr até o brilhante piano preto que reluzia embaixo da luz da lua.
- "Finn... é lindo." – murmurou ela, se sentando no pequeno banco e abrindo lentamente a tampa, se deparando com o pequena recado que Finn havia mandado colocar dentro. "Para você, Rachel. Para que continue me enfeitiçando com sua voz pelo resto de nossos dias juntos. Seu sempre, Finn." – leu com voz carregada de emoção e deixando que as primeiras lágrimas rolassem por suas bochechas. "Finn, é realmente incrível. É... obrigada!" – lhe disse, com aquela voz pequena e frágil, que usava só com ele. Se aproximou do seu marido, pegando as bochechas dele e ficando na ponta dos pés para poder beijá-lo. Finn sorriu. "Não vai abrir o seu presente?" – lhe perguntou ela, uma ver que se separaram, enquanto olhava por cima de seu ombro.
Finn se virou para encontrar uma bateria nova.
- "Wow Rach, isso é genial!" – gritou, se sentando no banquinho e batendo em um dos pratos com suas mãos. "Não toco em séculos."
- "Eu sei, por isso eu quis comprar. Supus que seria uma boa forma de descarregar a tensão se chegarem a te nomear treinador. Além do mais, sinto falta da sua cara sexy de baterista." – brincou ela, enquanto ele sorria e tirava os primeiros sons de sua nova bateria.
- "Agora só falta Amy aprender a tocar o contrabaixo e podemos formar nossa própria banda de Jazz." – disse ele. "Sente-se no piano, toquemos algo." – propôs ele, enquanto repetia um ritmo pegajoso com os tambores.
- "Na realidade... tem algo mais que quero te dar. Viria comigo?" – disse Rachel, estendendo a mão.
Finn a segurou imediatamente, deixando que ela o guiasse e se sentou na cama quando chegaram no quarto deles. Rachel se dirigiu para o closet e tirou uma pequena caixinha do interior do bolso de uma dos seus casacos de inverno, entregando para Finn.
- "Para meu esposo, Finn, em nosso primeiro aniversário, porque acho que esse é o melhor presente que sou capaz de lhe dar." – ele leu, sentando ela em uma de suas pernas e desembrulhando o pacote.
Teve que piscar algumas vezes, tratando de se certificar de que não estava vendo errado.
- "Rach... isso é um... um..."
- "É um teste de gravidez, sim." – ela disse, nervosa.
Finn engoliu em seco.
- "Significa que está... que estamos..."
- "Significa que existe uma bem provável possibilidade de que esteja grávida." – continuou ela, quase risonha.
Finn a olhou por um segundo então e Rachel soube que ele estava colocando todo seu esforço para não desmaiar.
- "Então..."
- "Então, se quiser, podemos fazer o teste agora e... tiramos a dúvida." – explicou, lhe acariciando a parte baixa da nuca.
Finn pareceu reagir diante o contato, como se aquela simples carícia tivesse trazido ele de volta a normalidade.
- "Façamos!" – murmurou, dando para Rachel a caixinha, enquanto ambos caminhavam nervosamente para o banheiro.
- "Deverá deixar de me olhar, ou não poderei... fazer." – disse ela, incomodada, uns segundos depois, quando ambos haviam lido as instruções. Finn se virou, se sentando na beirada da banheira e sentiu como um momento depois, Rachel se sentava ao seu lado. "Agora só... tem que esperar." – explicou.
Finn segurou instintivamente a mão dela, dando um leve apertão. Nos seguintes minutos, nenhum dos dois falou. Ambos se encontravam muito ocupados pensando no que estava a ponto de acontecer, na quantidade de chances possíveis de que aquilo saíssem bem.
Rachel tratou de não fazer muitas esperanças, afinal já havia tido um falso alarme uns meses atrás. Porém, dessa vez estava convencida de que havia algo diferente, de que as coisas pareciam funcionar melhor. Agora eles estavam casados, viviam juntos e criavam uma filha. Existia melhor momento do que esse para ter outro filho?
Finn, porém, não sabe ser pessimista. Ele é otimista por natureza e nesses momentos só pode pensar no quanto amaria ter um filho com ela, no quão incrível seria ter ele agora, nesse mesmo momento, em seus braços, vendo como sua filha ou filho o olhava com olhos semelhantes ao de sua mãe (sempre soube que seus filhos iam ter os olhos de Rachel. Ele sabe, simplesmente).
Então sente como a mão de Rachel se solta da sua quando o relógio da cozinha marca que o tempo havia chegado ao fim e por um segundo o mundo para. Durante esse segundo, todas as esperanças parecem se materializar na frente de seus olhos e até lhe parece que pode ver como o ventre de Rachel cresce de repente.
Porém, o som do teste de gravidez chocando contra o fundo do pequeno cesto de lixo o devolve para a realidade. Rachel se afasta do banheiro, sem sequer olhá-lo nos olhos e Finn sente que poderia destruir aquele quarto com apenas gritar.
Se aproxima lentamente do cesto e comprova como aquele incrivelmente pequeno dispositivo se encarregou de sepultar suas esperanças.
- "Rach..." – murmura, se deitando ao lado dela, uns minutos depois, uma vez que conseguiu controlar toda sua tristeza e sua fúria, enquanto agradece que Kurt e Blaine estejam cuidado de Amy e que aquela noite ambos estejam sozinhos na casa.
Ela não responde, mas ele sabe que está escutando. Se desliza entre as cobertas, sentindo o contato de suas pernas nuas contra as dele e buscando aquele conforto que só ela pode lhe dar. Ela não resiste, mas tão pouco se relaxa nos seus braços como costuma fazer todas as noites.
- "Está bem?" – ele murmura.
- "Sim, eu só... quero dormir." – responde ela e Finn se alarma.
Não está chorando. Não tem um só sinal de tristeza em sua voz. Porém, ele sabe que está morrendo por dentro, tal como ele mesmo está. Ele sabe que levará dias para se recuperar, que chorará escondida e que só cantará músicas tristes, porque assim é Rachel.
Sabe que ele mesmo passará o resto da semana repassando os contras de ter um filho e queimando sua fúria na academia (ou na sua nova bateria). Sabe, sobretudo, que algo em Rachel se partiu, porque quando passam um par de segundos ela busca a desculpa para se desprender se seu abraço e ele pede a quem for que lhe dê a força necessária para voltar a unir aquelas peças.