Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Está começando a ficar ansiosa e não é para menos. Primeiro é Mercedes quem chega, numa sexta de manhã, com a incrível notícia de que está grávida. Rachel se alegra por ela, de verdade. Afinal, Mercedes e Luke estão saindo por um ano e meio e vivem juntos há seis meses.
- "Isso é perfeito! Você terá seu pequeno e Blaine e eu receberemos o nosso a qualquer momento. Só falta você, princesa." – disse Kurt, como se ter um filho se tratasse de um corte de cabelo ou de um papel em um musical.
- "Não seria fantástico? Os três da mesma idade e Amy poderia cuidar deles quando for maior, enquanto nós desfrutamos nossa pré-menopausa em algum clube." – brincou Mercedes.
Rachel não está prestando atenção (nem sequer se dá conta de que o café já está quase gelado quando o toma).
Aquela noite espera que Finn durma para pegar o pequena cofre que Amy guarda em seu quarto, aquele com as poucas fotos de Laura que possui.
A vê sorrindo, enquanto acaricia seu ventre. A vê sentada no banco da praça, com Kurt de um lado e Finn do outro, ambos com suas mãos apoiadas sobre a enorme protuberância em sua barriga. E sente ciúmes pela primeira vez em todo esse tempo. Sente ciúmes de que ela tenha experimentado todo aquele processo junto a Finn, junto a Kurt e junto a um monte de gente que são sua família agora.
Ela quer falar com alguém sobre isso, mas não encontra nem o momento nem o lugar adequado e inconscientemente começa a evitar seu próprio marido, com a esperança de que ele não note o quanto essa situação está afetando ela. Porém, não é Finn quem nota primeiro, mas sim Carole Hudson.
- "Está bem, linda? Porque ultimamente te noto... um pouco deprimida." – lhe disse, aquela tarde, enquanto terminavam de assar os pratos do almoça do dia das mães.
Rachel sempre havia sentido apreensão por aquele dia. O dia dos pais era seu favorito, sem dúvidas, mas o dia das mães havia sido (durante muito tempo) o mais triste de todos. Devia ver como ano após ano todos seus companheiros faziam cartões para suas mães, enquanto ela pintava em um canto algum estúpido desenho que terminaria por ficar esquecido entre os papeis da professora.
Ter conhecido Shelby, porém, tinha ensinado a ela que não ter uma mãe não era o pior do mundo. Por muito difícil que fosse não ter esse tipo de apoio, Rachel pensou que muitas vezes nossos defeitos nos define tanto como nossas virtudes. E ter sido recusada por sua própria mãe havia feito ela muito mais forte. Claramente, a vida havia sabido compensá-la em muitos outros aspectos e mais tarde, Rachel encontrou Carole Hudson que valia por um par de mães.
Uma tarde, enquanto Amy, Finn e Burt arrumavam um velho trator no quintal da residência dos Hummel-Hudson, Rachel recordou que nunca havia dito a ela isso, que nunca havia dito para Carole o quanto significava para ela.
Parou de secar os pratos que esteve lavando e a abraçou ali mesmo, na brilhante cozinha.
- "Sim. Lamento, mas não pude me conter. Amanhã é o dia das mães e... bom, você tem sido como uma mãe para mim. Achei... achei que deveria dizer." – confessou Rachel, depois de uns minutos, tratando de não chorar e voltando para sua tarefa com os pratos.
- "Está segura de que é só isso?" – questionou a mulher, convidando ela a se sentar ao seu lado na pequena mesa da cozinha.
Rachel a olhou por um segundo, avaliando a situação e soube que podia confiar sua vida em Carole Hudson.
- "Bom... ultimamente tenho me sentido um pouco decepcionada." – lhe explicou, sentando-se ao lado dela e brincando com a borda do avental. "Não sei, sinto que tem expectativas que não sou capaz de cumprir e isso me deprime um pouco." – Carole assentiu, com o olhar perdido.
- "Se refere que está ficando um pouco ansiosa pelo fato de que não pode ficar grávida?" – questionou. Rachel se surpreendeu ao princípio, mas logo assentiu um pouco, deixando que um par de lágrimas escapassem. A mulher pegou uma de suas mãos, dando um aperto carinhoso. "Quero que me escute, Rachel. Duvido que exista nesse mundo, um casal que mereça um filho, mais do que Finn e você. E não digo isso porque são meus filhos, mas porque sei o quanto se amam e o quanto sofreram por esse amor. Mas deve entender que a vida tem seus próprios tempos e que é inútil tratar de lutar contra eles. Que nem sempre as coisas chegam quando esperamos, quando mais desejamos. Veja Burt e eu! Ambos havíamos perdido as esperanças de encontrar alguém que nos queira e que nos aceite tal qual éramos, com nossas histórias e nossas complicações. E quando menos esperávamos, a vida nos juntou. Você já é uma mãe e uma esposa excepcional, Rachel. E eu sei que, cedo ou tarde, receberá sua recompensa por isso." – finalizou, limpando as lágrimas com o dorso da mão.
- "Feliz dia das mães!" – murmurou Rachel, a abraçando tão forte como pode, sem tentar conter a emoção.
Sentiu como o fino suéter que vestia começava a molhar na região do ombro, onde Carole havia se apoiado. Se separaram depois de uns minutos, soltando ambas um sorriso e limpando a maquiagem manchada. Amy entrou na cozinha, com o rosto coberto de graxa e Rachel não pode evitar sorrir ao ver o quão terna estava com seu pequeno macacão.
- "Papai disse que devo te perguntar se posso, antes de subir no trator." – disse, olhando as duas mulheres de forma estranha.
- "Bom... se subir com ele e com o vovô não vejo porque não pode fazer." – respondeu Rachel, limpando de forma divertida a ponta do nariz dela.
- "Obrigada mamãe, você é genial!" – respondeu Amy, entusiasmada, enquanto saía correndo da cozinha para o jardim.
- "Feliz dia das mães para você também." – disse Carole ao passar ao seu lado, acariciando brevemente o braço dela e lhe dando um sorriso cúmplice.
Rachel a acompanhou até o jardim, aonde o contagioso riso de Amy se fundia com os sons do trator. Se aproximou de Finn, que estava apoiado em uma árvore e o beijou em cheio nos lábios sem sequer dizer uma palavra. A forma rápida e urgente em que ele a respondeu, deu a entender, para Rachel, que ele havia sentido esses dias de incompreensível afastamento.
- "Obrigada." – murmurou ela, quando se separaram.
Ele não perguntou o porque.