Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
- "Gosta de lírios?" – questionou Rachel, enquanto ela e Finn entravam na casa, carregados de sacolas de plástico.
- "Não sei... você gosta?" – respondeu ele, colocando as sacolas na cozinha, enquanto ela arrumava o conteúdo das mesmas.
Rachel sorriu.
- "Em algum momento terá que escolher algo, Finn. É nosso casamento, depois de tudo."
- "Não são você e Kurt que se casam?" – brincou ele, enquanto tirava os casacos. Viu pelo canto do olho como Rachel lançava um olhar furioso, então se aproximou dela para abraça-la, apoiando sua testa na cabeça dela. "Rach, está se esquecendo que eu já escolhi o mais importante do casamento." – murmurou tratando de prender sua atenção. Rachel se virou em seus braços, com um gesto inquisidor e Finn entendeu no mesmo instante que tinha conseguido seu propósito. Se aproximou mais, até quase beijá-la, para sussurrar. "Eu, carinho, escolhi a noiva!"
Rachel sorriu tanto que seus olhos se encheram de lágrimas. Se acomodou mais nos braços de Finn, o abraçando pelo pescoço e beijou ele com toda força que lhe foi possível. Finn também sorriu e se virou para sentar Rachel, com um só movimento, no balcão da cozinha.
Finn esteve com bastante mulheres em sua vida, especialmente nesses anos em que tinha sido o Quarterback estrela da equipe universitária, mas nenhuma delas sequer chegavam aos pés de uma Rachel Berry. Não, ele e Rachel tem uma conexão mental e sentimental em absolutamente todos os aspectos de sua vida e o sexo é só um deles.
Ele sabe que ela se aproxima mais de seu corpo cada vez que ele acaricia a parte baixa de suas costas, especialmente com as mãos frias como tem agora. Ela sabe que ganhará um gemido por cada vez que acaricia seu curto e atrapalhado cabelo, sobre tudo se deixar que suas unhas raspem um pouco seu couro cabeludo.
Sabem que deveriam estar guardando as compras do supermercado, que Rachel colocou a cafeteira para seu café da tarde e que Amy poderia voltar a qualquer momento de sua tarde com Lindsay... mas todas essas coisas parecem desvanecer no momento em que ambos se encontram sozinhos na cozinha, com a luz do sol entrando pelas amplas janelas e o som do vento do outono batendo nos vidros. Finn consegue limpar a bancada, jogando no chão uma das sacolas e deixando que as maçãs que estavam dentro, se deslizassem pela cozinha.
Rachel soltou uma gargalhada que se viu abafada pelos lábios de Finn, enquanto se recostava na, agora limpa, superfície e separava suas pernas para se aproximar o máximo dele que fosse possível. Sentiu como a respiração de Finn entrecortava no momento em que ela tirava, com um movimento lento e conhecido, o fecho da calça jeans dele e ele deixava que elas caíssem no chão com um barulho surdo.
No momento em que Finn estava por fazer o mesmo com a calça dela o estrondoso barulho do telefone invadiu o lugar e Rachel pressionou seus joelhos contra a cintura de Finn, para que ele não se afastasse. Porém, quando ouviu a voz da caixa postal, foi ela que se incorporou, surpreendida.
- "Alô? Bom... suponho que não tem ninguém. Rachel sou... sou Shelby. Você deixou uma mensagem na minha caixa postal e queria saber se poderíamos..."
- "Shelby? Aqui... aqui estou." – respondeu Rachel, enquanto Finn corria para deixar passagem.
Viu ela se afastar até a sala, ouvindo apenas sua suave voz atrás do som do vento que não parava de chicotear.
- "Sim... claro que podemos nos ver. Para isso que eu liguei no princípio. Sim, amanhã de tarde está bem. Pode... pode vir na minha casa, se quiser. Sim, a essa hora está perfeito. Muito bem, nos vemos amanhã." – Rachel voltou a entrar na cozinha, deixando o telefone em seu lugar e se sentando na mesa.
Finn se aproximou dela também, deslizando a cadeira vazia que havia ao seu lado e abraçando ela. Pensou que nesses momentos, quando Rachel deixava que suas barreiras caíssem e dava renda solta para seus medos e inseguranças, a amava tanto como nas ocasiões em que se deixavam levar por seus instintos sem temor algum (como havia feito minutos antes nessa mesma cozinha). Sentiu como ela se acomodava em seus braços, buscando conforto e proteção e a beijou na cabeça enquanto a aproximava mais ao seu lado.
- "Por que isso me afeta tanto?" – perguntou, com uma voz pequena e doída, enquanto desenhava círculos com seus dedos no peito de Finn.
- "Bom, ela... ela se comportou muito mal no passado, carinho. Isso deixa um precedente." – contestou ele.
Rachel negou com a cabeça.
- "Eu não sou uma pessoa rancorosa, Finn..."
- "Isso eu sei Rach, não era isso..."
- "Não, eu sei que sabe. O que quero dizer é que ela... com ela existe essa nuvem de incerteza, essas perguntas sem respostas. Eu sempre sei o que quero, Finn. Sempre. Soube que queria estar com você desde o primeiro momento em que te vi, como soube que queria ser uma estrela quando subi pela primeira vez em um palco. Mas com ela... com ela isso não acontece." – lhe explicou, enquanto continha uma imensa vontade de chorar. Sentiu então como o peso da verdade a triturava e soube que podia confiar em Finn, que deveria fazer, que necessitava dizer a ele com a mesma urgência com que necessitava descobrir. "tenho medo de me converter nela. É isso, é muito simples. Tenho medo de me converter em Shelby." – lhe confessou, surpreendida por sua própria declaração.
Ele olhou para ela por um segundo, enquanto deixava que as palavras ressoassem em sua mente, até que cobrassem sentido.
- "Deve me escutar, Rach. Nunca, nunca se coverterá nela. E sabe como eu sei? Porque sei, de fonte segura, que você tem algo que Shelby nunca teve." – lhe disse, segurando suas bochechas e a obrigando a olhá-lo nos olhos. Rachel levantou as sobrancelhas, com um gesto inquisitório e Finn continuou. "Você me tem. Me tem para te proteger e cuidar de você, inclusive de você mesma. Me tem e tem a Amy, tem a seus pais, aos meus e seus amigos. Nossa família, Rach. Não está sozinha." – Rachel não pode suportar mais e colapsou ali mesmo, apoiando sua testa no peito de seu futuro marido.
- "Te amo muito. Muitíssimo." – ela murmurou no ouvido dele, quando foi capaz de se acalmar o suficiente para formular algo.
- "Eu sei, carinho. Eu também te amo." – contestou Finn, enquanto a beijava docemente, sentindo o sabor salgado de suas lágrimas na ponta de sua língua. "Agora eu necessitaria... tomar um banho."
- "Sim. Sim, eu sinto muito. Sinto muito mesmo. Mais tarde podemos... continuar com o que começamos." – disse ela, com a voz sedutora, enquanto lhe devolvia a calça e dava uma palmada no traseiro dele.
Essa noite, enquanto Finn cochilava embaixo dela, Rachel pensou que existia mais de uma forma de fazer amor. Que ela e Finn faziam todos os dias, em pequenas doses e diferentes maneiras. Que aquela tarde, enquanto ele a protegia de seus próprios medos, haviam encontrado outra forma nova de amar um ao outro (como quando haviam aprendido, anos atrás, que cantavam muito melhor quando faziam em dueto). Lhe acariciou o rosto, desejando boa noite e ambos colocaram os pijamas ao mesmo tempo, prevendo que Amy fosse acorda-los na manhã seguinte.
- "Acho que os lírios são muito bonitos. E prefiro a banda de swing." – murmurou Finn, enquanto a abraçava e deixava que suas pernas se entrelaçassem embaixo do lençol.
- "Ninguém te pediu opinião, Hudson. Você só foi escolhido para ser o noivo." – brincou Rachel, fazendo com que ambos fossem dormir com um sorriso no rosto.
De todas as formas, não era todas as noites?
-oo-
- "Não quer que eu volte antes? Posso fazer, carinho, sério." – lhe propôs a voz de Finn, do outro lado do telefone, enquanto Rachel acomodava nervosamente pela centésima vez as almofadas do sofá da sala.
- "Não, está bem. Nos veremos mais tarde. Te amo!" – contestou, não muito convencida, desligando o telefone com a vontade urgente de gritar para Finn que voltasse para casa, para seu lado, com ela. Sentiu o som da campainha rebatendo nas paredes do cérebro, como se cada nervo acabasse de morrer. "Muito bem Rachel, pode fazer. Se pode sustentar um Fa sustenido na frente de milhares de pessoas, isso será moleza." – disse para si mesma, arrumando o vestido e se dirigindo até a porta.
Shelby Corcoran devolveu, parada na soleira da porta, o mesmo olhar nervoso.
- "Rachel." – disse, estendendo uma mão.
- "Sheby." – respondeu Rachel, devolvendo o aperto.
- "Oi." – murmurou uma terceira voz e só então que Rachel notou a pequena menina loira que se escondia, timidamente, atrás da mulher.
- "Oi... eu sou Rachel." – disse, imitando o gesto de Shelby e lhe estendendo a mão.
- "Sou Beth." – contestou a menina e Rachel sentiu como se de repente uma pedra de gelo se formasse em sua garganta.
- "Beth..." – murmurou, se aproximando dela e acariciando o longo e liso cabelo.
Por acaso poderia ser...? Quantos anos teria? Só uns poucos a mais que Amy, pelo que aparentava.
- "Podemos entrar? Está batendo um vento frio." – propôs Shelby.
- "Claro, entrem! Que tonta eu sou... entrem." – disse, deixando passagem, enquanto pegava os casacos delas e colocava delicadamente no cabideiro.
- "É uma linda casa. Realmente muito bonita. Eu gosto da decoração." – lhe disse Shelby, enquanto ela e Beth se sentavam no sofá, tal como Rachel apontava.
- "Sim, compramos há uns meses. E Kurt, meu cunhado, me ajudou a decorar." – explicou Rachel, se sentando no sofá oposto.
- "Me lembra o prédio aonde vivia..."
- "A personagem de Audrey Hepburn em Bonequinha de Luxo." – finalizou ela, enquanto destampava as pequenas bandejas que havia colocado as coisas para o chá.
- "Mamãe? Já chegou sua amiga?" – questionou Amy, descendo rapidamente as escadas e corando ao ver as duas estranhas que ocupavam a sala.
- "Sim Amy, se aproxime para eu te apresentar." – lhe ordenou e a menina se sentou em seu colo, sem levantar o olhar. "Ela é Shelby e ela é Beth." – explicou Rachel, apontando para elas. "Ela é minha filha Amy, que nesse momento está tendo um ataque de vergonha, mesmo que eu não saiba porque. Não fez mais do que falar desse chá durante todo o dia."
- "Oi Amy. Eu gostei do seu vestido." – disse Shelby, estendendo uma mão.
Amy apertou rapidamente.
- "Obrigada. Eu gostei... gostei do dela." – murmurou, levantando agora o olhar para ver Beth.
A menina sorriu e Rachel pode sentir como Amy relaxava em seus braços.
- "Quer brincar no meu quarto? Tenho muitos brinquedos e tenho uma máquina de karaokê." – lhe propôs, com um brilho de esperança nos olhos.
Beth olhou para sua mãe por uns segundos, buscando permissão e sorriu quando Shelby fez um sinal afirmativo com a cabeça. Ambas meninas se levantaram ao mesmo tempo, deixando as duas mulheres sozinhas na sala, rodeadas por um incomodo silencio.
- "Então... Amy... quantos anos ela tem?" – perguntou Shelby, enquanto pegava uma xícara de chá que Rachel lhe entregava.
- "Fez seis anos na semana passada."
- "A teve muito jovem, então."
- "Oh, não... Amy não é... Amy não é minha filha biológica! É a filha do Finn, na realidade, mesmo que eu já seja sua mãe legalmente. Lembra do Finn?" – questionou, enquanto lhe apontava uma grande foto dos três que estava na mesinha.
- "Sim, eu lembro. Ele foi quem cantou com você aquele dueto do Jouney nas Regionais, né?"
- "Sim, o próprio." – afirmou, enquanto olhava a foto e desejava com todas suas for;cãs que Finn estivesse ali, ao seu lado, segurando a mão dela. "Vamos nos casar na primavera. Em Lima."
- "Felicidades! Me alegro muito de que tenha conseguido um bom homem. Sério." – lhe disse Shelby e Rachel não pode evitar acreditar nela.
Voltaram a ficar em silencio uns momentos, enquanto o som do vento entrava no lugar. Então Rachel sentiu como Shelby continha uma gargalhada e olhou para ela de forma estranha.
- "O que... o que é engraçado?" – questionou, com um tom quase doloroso na voz.
Shelby deixou a xícara vazia na pequena mesa e limpou o canto dos lábios antes de falar.
- "Isso é muito menos incomodo do que eu pensava. Se soubesse que ia ser assim, teria te procurado muito antes." – lhe explicou.
- "Você não me procurou. Eu que fiz." – a corrigiu Rachel, com o mesmo tom doloroso.
- "Eu não podia aparecer na sua vida Rachel. Não depois de tudo o que aconteceu. E menos ainda quando você é... Rachel Berry. Uma estrela da Broadway." – se desculpou Shelby, sem sequer olhá-la nos olhos.
Rachel sentiu como a dor se transformava, de repente, em ira.
- "O que tem isso a ver? Isso não é desculpa. Você... teve a oportunidade comigo e deixou passar e decidiu que era melhor continuar do seu lado, sozinha, do que me ter em sua vida." – soltou Rachel, deixando ela também a xícara de chá e cruzando os braços.
Shelby sorriu amargamente.
- "E não me arrependo nem por um segundo. Sim, poderia ter feito de outra maneira, poderia ter sido menos egoísta e ter pensado mais em você. Mas sabe de uma coisa, Rach? Acho que as coisas terminaram saindo muito bem." – Rachel não pode suportar: a combinação do apelido (aquele que só as pessoas mais chegadas utilizavam) com as palavras de Shelby fizeram com que a ira eclodisse nela e teve que fazer uso de toda sua força para não expulsá-la de casa.
Quando falou, o fez com o tom mais medido de que foi capaz.
- "Saíram bem, Shebly, porque eu trabalhei para isso. Porque parti a alma durante anos para que as coisas saíssem assim. Porque fiz sacrifícios, por tudo mais e porque sempre tive minhas prioridades em claro. E sabe qual era essa prioridade? Não ser como você. Não me deixar levar pelo seu exemplo, por esse que não me deu, mas que tive que encontrar sozinha. Não perder de vista que ao final do dia, o único que nos salva é nosso lar, nossa casa, essa que você mesma se negou." – soltou, enquanto pressionava tanto seus braços ao redor de si mesma que começava a fazer dano.
Shelby não respondeu, mas olhou para a ponta de seus dedos por um segundo, buscando ali as respostas.
- "Sempre pensei que o mais assombroso de nossa relação é essa coisa... invertida que temos. Como você é a que constantemente me ensina coisas. Coisas que não consigo aprender em nenhum outro lugar." – lhe disse, com tom suave, ficando de pé e se sentando ao lado dela. "Como você sempre tomou as redias dessa relação, da mesma forma em que toma, dia a dia, as redia da sua vida."
- "Não fale como se me conhecesse, porque não é assim. Não tem ideia de quem sou." – a interrompeu, uma vez mais, fazendo o possível para se afastar dela o máximo que o sofá lhe permitia.
- "Fui te ver em cada um dos seus trabalhos. Wicked, Ana... inclusive nessas pequenas obras que fazia estando na universidade." – lhe explicou e Rachel não pode evitar se virar para olha-la. Shelby sorriu. "Fui te ver brilhar no palco todas as vezes que pude. Porque ali, Rachel, ali entendi o quão diferentes somos. Eu pensava que você era... uma versão um pouco alterada de mim mesma. E isso não é verdade. Não tem um só pelo de Corcoran em seu ser. E o fato de que você tenha conseguido tanto em sua vida (uma carreira, uma reputação... uma família) prova esse ponto. Me convence de que é muito pouco o que ambas temos em comum."
- "Você... você conseguiu bastante também, Shelby. Tem uma filha." – a consolou Rachel.
- "Você sabe quem é. Sabe que foi você mesma que me levou até ela." – Rachel olhou para ela de forma inquisitória e Shelby assentiu com a cabeça, corroborando todas as dúvidas que ela teve desde o momento em que tinha visto Beth.
- "O que vai acontecer agora? Vai pegar seu casaco e ir? Vai me enviar uma torradeira como presente de casamento?" – questionou Rachel, voltando a ocultar o olhar.
- "Você não necessita realmente uma mãe, carinho. Ou pelo menos não me necessita. Provou que tem o que faz falta para fazer as coisas bem e uma relação de mãe e filha requer certa... desigualdade de experiência que nós não temos." – lhe explicou Shleby, enquanto comia delicadamente um dos brownies que Rachel havia preparado. Ela fez silencio, esperando que a mulher completasse a ideia. "Vim aqui, Rachel, para te falar o quão orgulhosa me sinto de você e o quão envergonhada de mim. Vim te dizer que não posso ser sua mãe, mas que posso ser sua amiga. Que podemos tratar de... de ser assim. Como duas pessoas que acabam de se conhecer." – finalizou.
Rachel franziu a testa, sem saber o que dizer.
- "Como... como é ela?" – murmurou, mudando de tema.
Shelby entendeu no mesmo instante que Rachel se referia a Beth e sorriu.
- "Ela adora as músicas de Journey e é uma feminista endurecida. Tem... tem algumas atitudes estranhas, de todas as formas. Como um magnetismo por tudo o que é judeu. E não entendo, eu não sou judia e nem temos ninguém conhecido que seja." – disse de forma risonha, contente de compartilhar com ela esse tipo de conversa.
Rachel sentiu como fazia um nó na garganta. Se viram então, interrompidas pela grande figura de Finn, que entrou no lugar trazendo o vento de fora.
- "Oi." – disse enquanto arrumava o cabelo bagunçado.
- "Você... voltou mais cedo." – respondeu Rachel, enquanto ela e Shelby se levantavam do sofá para se aproximar dele.
- "Oi Finn, siu Shelby Corcoran. Não sei se lembra de mim."
- "Sim, claro. Como está?" – perguntou, enquanto a cumprimentava com a mão e se aproximava de Rachel, para lhe beijar a bochecha.
- "Muito bem. Felicidades pelo casamento!" – disse Shelby e Finn assentiu em agradecimento, abraçando Rachel pelos ombros.
Sorriu para si mesmo ao sentir como ela se tranquilizava com aquele simples contato.
- "Deveria ir, Beth tem escola amanhã e vocês devem estar muito ocupados." – disse enquanto pegava suas coisas.
Rachel subiu as escadas para buscar as meninas, deixando Finn e Shelby sozinhos no lugar.
- "Escuta... quero que saiba que não te farei dano. Não dessa vez." – murmurou ela, olhando para ele sinceramente.
Finn não respondeu, mas não a olhou com certo temor, enquanto engolia de um gole só um dos brownies de Rachel.
- "Ela é forte, pelo que eu diria que custará muito esforço para que faça dano a ela, mais do que já fez. Porém... eu não sou tão tolerante. Só sugeri a ela que entrasse em contato com você para que ela pudesse fechar essa etapa e... seguir. Mas minha paciência, Shelby, não ;e muita. Menos ainda quando se trata da minha família." – lhe disse, de forma segura mas educada.
- "Mamãe, isso foi genial! Não me disse que a Rachel era a cantora que fomos ver. Amy tem fotos com um monte de gente incrível." – disse Beth, enquanto descia as escadas, seguida por Amy e Rachel.
Finn olhou para ela um momento, desconcertado e seus olhos se arregalaram quando entendeu de quem se tratava tudo isso. Olhou primeiro para Rachel, depois para Beth e por último para Shelby um par de vezes, enquanto elas se despediam do resto e colocavam seus casacos.
- "Podemos voltar outro dia, mamãe?" – perguntou Beth.
Shelby olhou para Rachel de forma inquisitória e ela se aproximou da menina, lhe acariciando o cabelo como havia feito antes.
- "É sempre bem vinda aqui, carinho. Ambas são." – lhe respondeu.
Beth lhe deu um beijo na bochecha, enquanto Shelby murmurava um obrigada.
- "Bom... como esteve?" – questionou Finn, quando ambas se foram e os três se sentaram no mesmo sofá, um pouco apertados, para terminar de comer a merenda que Rachel havia preparado.
- "Beth é genial! É um pouco maior, mas é muito doce e é linda. Me lembra muito a tia Quinn, porque é parecida com ela. E vimos um par de desenhos animados e ela me contou da primeira série na escola, porque há fez e disse que não devo ter medo, que não é difícil. E me contou muitas piadas engraçadas, mas não vou contar para vocês porque são grosseiras. Me lembra essas piadas que as vezes o tio Puck costuma me contar. E ela gosta da Madonna, como nós mamãe." – Amy continuou falando o resto da tarde e do jantar do quão incrível era a Beth, da quantidade de coisas que pensava em fazer com ela no futuro e de tudo o que podia aprender com Beth porque, afinal de contas, era quatro anos mais velha que ela.
Foi só no momento que foram dormir que Finn e Rachel tiveram tempo de discutir tudo isso.
- "É igual a ela, Finn, estou te dizendo. O sorriso é do Noah, definitivamente, mas os olhos e o cabelo... gritam Quinn." – disse Rachel, enquanto massageava o pescoço.
Finn arrumou para que se sentasse atrás dela, tirando suas pequenas mãos para ele mesmo massageá-la.
- "E com vocês, como foi?" – questionou, enquanto sentia como Rachel relaxava sob suas mãos.
- "Acho... acho que bem. Pude dizer muitas coisas que tinha guardadas para ela e chegamos a uma espécie de acordo." – explicou.
- "Não sabe o quanto me alegro de que tudo tome seu rumo, Rach, de verdade." – ele disse.
Ela se recostou em seu peito, deixando que ele a abraçasse e lhe acariciando distraidamente a palma das enormes mãos.
- "Não sei o que faria sem você, Finn. Sério. Tudo isso é graças a você, em algum ponto." – murmurou, se mexendo para que ambos deitassem na cama, sem perder o contato.
Finn aproximou mais, beijando na testa dela.
- "Te perguntar isso é uma perca de tempo: sempre estarei aqui para você. Custe o que custar." – ele disse, com a voz carregada de emoção, fazendo com que ela também se emocionasse.
- "Em que momento você ficou tão perfeito, Finn Hudson?" – lhe disse, acariciando a bochecha e sentindo como ele sorria diante o elogio.
Rachel se aconchegou mais ainda em seus braços, deixando sua cabeça naquele espaço que ficava entre o pescoço de Finn e a almofada. Dormiu pensando em Shelby, em Beth, no encontro que tinha com Kurt e Mercedes para desenhar os vestidos das damas de honra e que na manhã seguinte deveria buscar a roupa na lavanderia. Dormiu, melhor dizendo, com a incrível sensação de que entre os braços dele nada poderia machucá-la.
Nem Shelby, nem os críticos, nem um planejador de casamentos um pouco obsessivo, nem sequer uma bomba atômica. Finn era, aquela noite e uma vez mais, o remédio indiscutível para todos os seus problemas.