Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Ela acordou suando frio.
Ainda podia sentir as mãos asquerosas de Arthur tocando-lhe com uma intimidade nojenta, ainda conseguia ver com nitidez a forma cínica com que ele sorria para ela durante o jantar daquela noite.
“Desgraçado”, suspirou Rachel levantando-se, enjoada. Vomitou e se segurou na pia fria para não perder o controle por completo. Ultimamente, estava enjoando demais, mas achava que era por estar tão nervosa com todas aquelas coisas pelas quais Finn estava passando. “Finn”, ela pensou com um pouco de doçura em meio a todo aquele caos...
{...}
–Então, o que vocês conseguiram apreender das escutas ontem? – indagou Kurt, entregando dois cafés do Starbucks para Finn e para o detetive McGovern.
–Arthur está espreitando Rachel para que ela caia em uma espécie de armadilha.- esclareceu o detetive. – Ele quer saber onde Finn está.
Kurt adquiriu uma expressão tensa:
– Ela está se arriscando muito... talvez seja melhor tirá-la desta jogada...
–Rachel é a mulher mais forte que eu já conheci. – o policial disse, bebericando seu café e aprovando o gosto. – Ela é durona.
– Eu acho que o Arthur não vai sossegar até me achar.- Finn resmungou, contrariado.
Ele estava se sentindo como um tigre enjaulado. Enfurecido, vendo sua namorada correr perigo por causa dele, escondido, acuado, sem poder fazer nada para acabar logo com Arthur e a Ômega:
– Eu juro, detetive, que mato o Arthur se ele fizer algo com a Rachel. – ele prometeu, entredentes.
{...}
Kirsten andava de um lado para o outro na sala bem mobiliada com decoração clássica e escura, que ela havia escolhido graças aos seus “bons serviços” prestados à Ômega. Mas, apesar da beleza e da riqueza do lugar, e de sua aparência fria e dominadora, ela estava irada:
–Arthur! Seu filho da puta!- ela berrou assim que o namorado atravessou a porta.
– O que foi? – ele indagou.
– Seu incompetente! Onde está o Hudson?
Arthur bufou:
– Como você soube que ele sumiu?
– A Ômega tem olhos em todos os lugares, imbecil! Como você pôde ser tão idiota a ponto de perder a presa quando já estava pondo as mãos nela?!
– O cara sumiu da noite pro dia. – apesar da explosão dela e dos xingamentos, Arthur tentava manter-se sob controle. – Ninguém sabe ao certo onde ele está.
– Idiota incompetente!- rosnou Kirsten. – Será que você se encantou demais pela bunda e as pernas daquela tal de Rachel até se esquecer do fato de que estávamos procurando o Finn há tanto tempo?
–Não seja ciumenta, amorzinho. – ele disse, irônico. Mas sabia que Kirsten estava certa. Ele tinha bobeado ao não agir rápido demais e capturar Finn.
– Vá encontrá-la novamente. Aliás, siga esta garota, descubra o que ela está fazendo. Ela deve estar acobertando o paradeiro de Finn.
– E se não o encontrarmos? – Arthur perguntou.
– Então, você sequestra esta idiota, e ele virá até nós. Eu sei que a Ômega quer que tudo seja o menos ruidoso possível, mas se Finn conseguir contar os segredos da fraternidade para as autoridades, será pior. Se não houver jeito, vamos sequestrar a namoradinha dele e fazê-la sofrer até ele decidir se entregar para nós.
{...}
Rachel estava mais enjoada que nunca naquela manhã. Seu café-da-manhã não parou em seu estômago e ela saiu da sala dos professores na Music House às pressas para conseguir vomitar no banheiro.
Após acalmar o coração acelerado por uns minutos, pegar a escova de dentes na nécessaire e escová-los até aquele gosto ruim sair de sua boca, ela se dirigiu para a sua própria sala.
Estava precisando ficar sozinha, pôr os pensamentos no lugar. E estava começando a ficar com medo daqueles enjoos. Nunca fora de ficar doente, mas andava há dias daquele jeito... seus devaneios foram interrompidos quando alguém bateu de leve na porta e ela se abriu. Era Emma Shuester.
–Olá, Rachel. – ela sorriu e a cumprimentou docemente. – Ficamos preocupados com a sua saída, digamos, “dramática” logo agora cedo.
–Ah... eu ando enjoada ultimamente, Emma. Mas já passou, eu vou dar minhas aulas normalmente.
–Não, Rachel, acho melhor você ir fazer outra coisa.
Rachel ficou espantada:
– Nossa, Emma... han... o quê?
–Que tal ir ao médico e ver se não está grávida? Me parece o melhor a se fazer.
Ao ouvir o “grávida”, Rachel ficou pálida e momentaneamente desnorteada:
– O quê! Não... eu não... eu...
– Querida, isso acontece. – disse Emma, segurando uma de suas mãos sobre a mesa. – você e Finn estavam juntos até pouco tempo, creio que seja possível, não? Ele sumiu, te deixou sozinha, e nós sabemos o quanto pode ser horrível e difícil ter um filho sozinha, mas...
–Pare, Emma, por favor! – Rachel pediu, quase me pânico. – Desculpe. Desculpe-me, Emma... eu só estou confusa demais.
–Rachel, tire o dia de folga. Vá ao médico, e não importa o que aconteça, estaremos aqui por você, ok?
Rachel assentiu. Mas nada parecia ok.
Ela realmente foi ao médico e esperou por cerca de uma hora. Passou este tempo todo querendo ligar para Finn, pois nunca imaginara-se tentando descobrir se estava grávida ou não daquela forma, sozinha, com o pai do provável bebê se escondendo de uma organização criminosa.
No fim das contas, acabou ligando para Kurt, que foi encontrá-la:
– Amiga, será que você está mesmo grávida?
–Eu não sei, Kurt, só sei que... ai, eu nem sei. Estou apavorada.
O amigo acariciou o cabelo dela e eles ficaram lá, cada um analisando as conjunturas novas que aquilo poderia trazer.
– Rachel Berry? – a atendente chamou.
Kurt esperou a amiga por cerca de vinte minutos dentro do consultório, Rachel foi encaminhada ao ambulatório para fazer exame de sangue, em que seria constatada sua gravidez ou não. Nervosa, ela pediu que Kurt estivesse ao seu lado, segurando sua mão, quando o médico, já com o envelope, iria dar a informação que ela tanto temia.
Após passar rapidamente os olhos sobre todas as informações do teste, o médico sorriu agradavelmente e disse:
– Parabéns, você será mesmo mamãe.
Rachel segurou o papel sem acreditar. Estava pálida e sua mão gelada apertava a de Kurt:
– Ai, meu Deus, Kurt, o que nós vamos fazer?! –ela grunhiu baixinho.
– Problemas com o pai do bebê? – o médico perguntou delicadamente.
– Isso mesmo, doutor. Agora, nós temos que ir, não é? – Kurt tomou a frente, puxando a amiga.
Rachel andava como se estivesse amortecida. Kurt seguia ao seu lado, até ela estancar e dizer:
– Preciso ir ver o Finn!
– Você não pode simplesmente ligar para ele? – Kurt sugeriu. – É melhor.
Ele estava sentindo um mal pressentimento, desde cedo. Olhava várias vezes sobre o ombro, com a sensação de estar sendo seguido.
– Kurt, eu não posso falar isso assim para ele. Preciso do Finn, preciso sentir os braços dele em volta de mim, eu não posso... eu estou sem chão. Não posso ter um filho nesta situação.
Ele sabia que aquilo era verdade.
–Amiga, cuidado. É sério, eu acho que esse pessoal da Ômega pode estar nos seguindo.
– Eu vou ter cuidado. Eu prometo.
{...}
Finn estava sozinho àquela hora. Até que o detetive McGovern estava lhe fazendo companhia, mas naquele momento, ele se encontrava sozinho. Espiava através de uma brecha entre a cortina e a janela a rua lá fora e viu quando a pequena silhueta de Rachel dobrou a esquina e veio andando em direção ao seu prédio.
No momento em que ela tocou sua campainha, ele deu um salto e correu para abrir a porta. Seu coração pulou uma batida ao ver que a sua namorada chorava:
– O que aconteceu? – ele perguntou alarmado. – O Arthur fez algo?
–Não. – Rachel fungou. – Me abraça, Finn.
Ele a envolveu fortemente em seus braços e beijou seu cabelo:
– Meu amor, o que foi?
Ela encarou-o:
– Eu tô grávida, Finn.
Finn sentiu que tudo rodava de repente ao seu redor. Seu cérebro recebeu informações das mais diversas emoções de uma vez: amor, alegria, medo, êxtase, uma total confusão:
–Meu Deus! Meu Deus, você vai ter um filho? Nosso filho? AI, MEU DEUS! – ele ria, chorava, segurava o rosto de Rachel ao mesmo tempo.
–Vo- vo-cê... você tá contente? Finn, como...? – ela estava mais desnorteada ainda, perplexa e até maravilhada com a reação dele.
– Amor, nós vamos ter um filho! – ele riu alto, segurando-a no ar.- Um bebê!
–Finn! – Rachel o fez parar. – Nós não podemos criar um filho assim, com você nesta situação.
– Eu sei. – ele suspirou. Toda a adrenalina tinha lhe tirado do estado sombrio no qual vivera nos últimos tempos, mas ele precisava voltar a si. – eu vou... nós vamos resolver tudo isso. Por nós, e pelo nosso filho.
Rachel acariciou o rosto daquele homem que tanto amava. Fechou os olhos e deixou que ele a beijasse, e, quando aquilo acontecia, tudo o mais parecia pequeno. Ele era dela. Ela era dele. E agora eles seriam um só, pois teriam um filho.
–Eu te adoro.- ele gemeu ao seu ouvido, quando entrava e saía dela docemente, tocando a pele morena e sedosa de Rachel, arrancando suspiros longos e afinados dela.
{...}
–Tem certeza que é este prédio mesmo, Nick?
–Tenho, Arthur. A baixinha gostosa é inconfundível. Ela entrou aí.
Arthur arqueou uma sobrancelha. E sua intuição dizia que agora ele estava perto de descobrir onde Finn estava e que poderia capturá-lo.