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Arthur retirou os óculos escuros e adentrou com intimidade a Music House. Estava bonito e bem-arrumado como de costume, mas um sinal de pressa, ou ansiedade, atravessava-lhe o semblante.

–Bom dia, Marley. – ele disse ao ver a moça.

Ela arregalou os olhos muito azuis e retribuiu com um “bom dia” sem muita convicção.

–Aconteceu alguma coisa? – ele indagou, desconfiado.

–Não.

–Você está estranha, garota. Cadê a determinação necessária para alcançar seus objetivos, ser uma estrela? ... roubar o Finn da Rachel?

Marley suspirou profundamente:

– Finn foi embora. Ele e Rachel discutiram e ele sumiu, nunca mais apareceu por aqui.

Arthur fitou-a com atenção. Aquele sumiço de Finn não estava nos seus planos.

A verdade, é que a cúpula da Ômega ficaria extremamente irritada com o fato de Finn ter sumido de novo. Eles demoraram quase dois anos para rastreá-lo até ali, e agora, ele sumia, justo quando estava bem perto de pagar por cada coisa que tinha burlado na fraternidade. Capangas fortes e bem armados entrariam em cena para acabarem com Finn, e Arthur estava disposto a ser ele quem entregaria a cabeça de Finn numa bandeja para o conselho administrador da fraternidade. Ele seria tratado com todas as regalias possíveis, mas agora perder o paradeiro de seu “ex-amigo” mudava tudo.

–Onde está Rachel? – ele perguntou friamente à Marley. “Essa menina é uma inútil”, ele pensou com desprezo. “Não conseguiu nem provocar um cara o suficiente para arrancá-lo da namorada”.

–No auditório, com os alunos do último ano.

Arthur foi até lá.

Ela cantava lindamente no meio do palco “Without you”.

I can't win, I can't wait

I will never win this game

Without you

Without you

 

I am lost, I am vain

I will never be the same

Without you

Without you

Era necessário dizer, ela cantava muito. Enquanto entoava a música, Rachel chorava.

Ao final da aula, todos os alunos foram até ela e a abraçaram. Todos sabiam como ela estava depois que Finn fora embora.

Arthur se aproximou quando os garotos saíram. Rachel quis automaticamente fugir dele, mas lembrou-se de que ela deveria fingir que estava interessada nele:

–Olá, Arthur. – ela disse, enxugando as lágrimas.

–Olá, Rachel. Belíssima interpretação.

–Oh, galanteador como sempre. – por fora, ela sorria, mas por dentro, o estômago de Rachel revirava por ter que ser agradável com aquele bandido.

–A música foi cantada com tanto sentimento que eu fiquei pensando... existe algum motivo por trás dela?

–E que motivo teria? – ela se fez de desentendida.

–Onde está o Finn, Rachel?

Ela estancou. Teria que se manter naquela farsa até o fim:

– Nós... nós terminamos. E ele foi embora.

Rachel viu, ainda que muito rapidamente, um brilho quase homicida passar rapidamente pelos olhos de Arthur e seus músculos se retesarem. Mesmo assim, a voz do homem saiu tranquila:

– Que pena... imagina para onde ele foi?

–Ahn... não tenho muita ideia. Acho que Canadá. Ele me disse uma vez que tinha amigos lá... olha, Arthur, estes dias não têm sido fáceis. Falar do término do meu namoro com o Finn ainda dói muito.

–Claro, claro. Mas eu quero convidá-la para jantar. Uma mulher bonita como você não pode ficar sofrendo de amor por muito tempo.

Rachel contraiu os lábios, mas evitou fazer uma cara de irritação:

– Eu não sei... tudo bem. – ela aceitou.

{...}

–Ok, você aceitou. Ótimo. – disse Kurt.

Ele andava apressado junto com Rachel rumo ao apartamento onde Finn estava escondido, enquanto ambos tomavam seus cafés do Starbucks.

–Só não entendo por quê ele ainda quer me levar pra sair. Eu não estou mais com o Finn, para todos os efeitos.

–E você acha que ele vai engolir esta história rapidamente? Claro que não. É preciso que você demonstre estar interessada nele.

Eles pararam, então, em uma esquina entre duas ruas quase desertas.

–Tem certeza de que ele virá mesmo?

– Rachel, por favor, ele é um detetive! Detetive da CIA! – Kurt se exasperou.

Ele e a amiga ficaram parados por mais alguns minutos até que um homem de jaqueta preta, robusto, que parecia estar na meia-idade, veio na direção deles.

–Kurt Hummel? – ele indagou. Sua voz era forte e incisiva.

–Olá, detetive. Esta é minha amiga Rachel Berry.

O detetive olhou-a desconfiado:

– Isso deve ficar em sigilo, sr. Hummel...

– Oh! Eu sou namorada de Finn, detetive. Eu também estou envolvida.

O homem suspirou. Passou a mão grande e grossa no cabelo preto e liso, bem partido, e fez um aceno para os professores de música como se assentisse.

Eles andaram mais um pouco até chegarem ao apartamento de Finn. Ele abriu a porta um pouco preocupado quando viu aquele homem estranho, mas Kurt o apresentou:

– Este é o detetive Kevin McGovern. Detetive, meu irmão, Finn Hudson.

Eles entraram e Finn não podia estar mais tenso.

–Eu não sei até onde o senhor já sabe sobre a minha história, detetive, mas eu estou disposto a ajudar.

–Filho, eu já sei o suficiente sobre a Ômega, acredite. Estou há anos no encalço desta organização criminosa, que pra mim, de fraternidade não tem nada. Quando seu irmão chegou na delegacia, ainda bem que estava lá e o atendi. Foi o destino que o colocou na minha sala. Eu preciso que você confie em mim, garoto. Nós vamos acabar com eles.

Finn mordeu o lábio inferior. Nunca ninguém tinha lhe dado esperanças tão contundentes de que ele podia vencer.

– Eu vou fazer de tudo para que isso aconteça. – disse Finn.

O detetive e ele conversaram um pouco mais. Eles pareceram simpatizar um com o outro, o que seria ótimo para o andamento da investigação. Quando ele foi embora, Kurt passou as mãos no cabelo de Finn, bagunçando-o:

–Desculpe por ter tomado a frente, Finn. – ele disse.

–Você é o melhor irmão do mundo, Kurt. Obrigado por estar me ajudando.

Eles trocaram um olhar significativo, que misturava amor fraternal e gratidão:

–Um dia, nós ainda vamos rir de tudo isso.

Então, Finn colocou sua mão sobre a de Rachel, e Kurt pôs a sua sobre as deles.

–Um por todos, todos por um.

{...}

–Vamos colocar escutas em você, ok, Rachel? – o detetive McGovern falou, colocando pequenos aparelhos cujo funcionamento ela não entendia bem em seu vestido e sua bolsa. – Provoque o Arthur, da melhor forma possível, entendeu?

Ela olhou de relance para Finn.

Eles estavam preparando-a para jantar com Arthur naquela noite, colocando aparelhos para captar a conversa dela e dele.

Rachel percebeu que o namorado estava mal-humorado com aquilo, e mesmo que Kurt tivesse lhe explicado trocentas vezes no que consistia o plano.

Quando ficou com todas as escutas bem armadas em si, Rachel pediu para ficar a sós com Finn.

–Amor...

– Não, Rachel, não me peça pra ter paciência, por favor.

–Mas, Finn...

–Rachel, só de imaginar as mãos podres do Arthur em você, te desejando, querendo te arrastar para a cama, eu tenho vontade de ...

–FINN! – ela gritou. – Eu amo você. E a nossa situação exige sacrifícios! Você pensa que eu gosto disso? Claro que não! Mas eu vou lá, porque ele tem que ser pego, mas precisamos de provas.

Ele ficou encarando-a com lágrimas ardendo em seus olhos:

–Você é incrível. Meu Deus, o que eu fiz pra merecer você?

Rachel também lutava contra as lágrimas:

– O que você fez? Se tornou alguém melhor. Só isso. E eu faço qualquer coisa por você, Finn.

Ele roçou as pontas dos dedos na pele macia dela e beijou-a com força e amor nos lábios.

–Eu te amo, Rachel Berry, Eu te amo.

 

 

 

 

 

Cap. 19: "Todos por um"

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