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A manhã da estreia amanheceu fria e sombria, Rachel enlouqueceu quando abriu os olhos.

- "Vai chover." – se queixou, esfregando o rosto para tirar o sono.

Se moveu na cama em busca de Finn para acordá-lo e compartilhar suas neuroses com mais alguém, mas não o encontrou ali. Talvez algum dos gêmeos tivesse acordado ou algo assim.

Tomou o banho em silencio, contendo a vontade de cantar, para preservar sua voz.

Ela gostava dos dias de estreia. Antes acostumavam compará-las com dar a luz e lhe parecia que a metáfora era adequada. Agora, depois de ter expulsado dois bebês de tamanho considerável por suas partes mais sensíveis, entendia que nada se comparava com ter um filho. Não, os dias de estreia ocupavam o terceiro lugar das coisas excitantes e emocionantes, depois de dar a luz e se casar com o amor de sua vida.

Hoje era diferente, isso era seguro. Não se sentia tão... sozinha. Agora estava bem mais acompanhada. Agora tinha filhos e um esposo, uma família maravilhosa e muitos amigos. Amigos que além de tudo, haviam trabalhado de perto com ela para que tudo saísse perfeito.

Rachel pensou, com um sorriso, que talvez estava mais nervosa por Kurt ou Mercedes do que estava por si mesma.

Terminou o banho em silencio, fazendo uma lista mental das coisas que deveria fazer em seu dia e desceu para a cozinha para preparar o café da manhã. Sorriu ao ver que, ao parecer, alguém havia adiantado.

- "Está bem assim, papai?" – questionou Amy, colocando um par de balões em uma das paredes.

- "Está perfeito, pulga. Faça o mesmo naquela parede ali. Chris! Para de comer as frutas!" – o repreendeu Finn, preparando o café com uma mão e tirando a comida de seu filho com a outra.

Leroy e Hiram discutiam sobre a primeira vez que Rachel tinha visto Funny Girl, Carole preparava umas panquecas e Burt se queixava de que seu smoking, aparentemente, havia encolhido. A única que notou sua presença foi Funny, que sentada em sua cadeirinha começou a fazer barulhos, alegremente, quando viu sua mãe parada na porta.

- "Ei! Bom dia!" – disse Finn, surpreso, se aproximando dela para lhe beijar a bochecha. O restante a recebeu de forma calorosa e começaram a trazer a comida para a mesa. "Não te acordamos, né?" – perguntou Finn, transtornado, como se interromper o sono de sua esposa lhe custasse de dois a quatro anos de prisão. Rachel negou com a cabeça, sem poder formular uma resposta, ainda enternecida pelo gesto de Finn. "Bom, os garotos e eu arrumamos um pequeno café da manhã em sua honra. As garotas e eu, na realidade, porque seus pais discutiram toda a manhã e Burt e Chris não fizeram mais do que comer metade do que eu pude cozinhar..."

- "É perfeito. Obrigada!" – ela disse, uma vez que foi capaz de juntar as palavras.

Se sentaram na mesa da copa, um pouco apertados e por um bom tempo se dedicaram a comer e rir das incoerentes conversas que os gêmeos pareciam ter entre eles (ainda não falavam, mas Rachel tinha o pressentimento de que não faltava muito para que o fizessem).

- "Está nervosa mamãe?" – perguntou Amy, limpando graciosamente o canto dos lábios.

- "Para dizer a verdade, nem tanto. Acho que o tio Kurt deve estar passando pior do que eu." – ela respondeu, arrumando os cachos dela.

Finn sorriu.

- "Blaine me ligou há uns minutos. Disse que ontem de noite fez eles irem até o teatro as três horas da manhã para certificar de que o carpinteiro tivesse pregado bem uma parte do cenário." – comentou, provocando que o resto da mesa desse uma gargalhada.

Por um bom tempo Rachel se esqueceu de que a estrela do show de que todo mundo falava era ela mesma.

-oo-

Não foi até depois do meio dia que Rachel e Finn conseguiram ficar sozinhos. Amy ainda estava na escola, Burt, Carole, Leroy e Hiram haviam saído para buscar um novo smoking para Burt.

Ele se sentou no divã do estúdio para ler o jornal, enquanto ela fazia yoga em um pequeno colchonete ao seu lado. Havia algo encantador nisso, nessa imagem, nesse momento. Ele poderia ter ido para outro lugar para ler, porém escolhia o lugar aonde ela estava.

- "Outra vez conseguiu fazer os dois dormirem ao mesmo tempo?" – questionou ela, olhando para o monitor dos bebês.

- "Sim." – respondeu ele, com um inegável tom de autossatisfação.

Finn era praticamente um deus no que se referia a seus filhos. Ele conseguia, cedo ou tarde, tudo o que se propunha, como fazer com que parem de chupar o dedo ou colocá-los para dormir ao mesmo tempo (uma tarefa que, pelo menos para ela, resultava quase impossível).

Rachel tinha seus momentos de glória também. Ela era a que conseguia o progresso, já que passava o tempo lendo livros de estimulação e coisas desse tipo para eles.

Ambos perdiam a paciência as vezes. Ambos cediam diante o encanto enternecedor de seus filhos, que cresciam cada vez mais lindos, mais perfeitos aos seus olhos. Porém, trabalhavam em uma sincronia incrível. Como se fossem um só (Rachel pensava que as vezes realmente eram).

Rachel terminou com sua rotina diária de yoga e se aproximou dele, seus pés descalços deixando silenciosas marcas no tapete. Se sentou ao lado dele, apoiando suas costas contra o braço de Finn, olhando para a janela.

- "Vai chover." – murmurou, quase como se tratasse de um fato, tratando de conter a amargura de sua voz.

- "Não, não vai chover." – ela a corrigiu, sem sequer levantar o olhar do jornal. Rachel soltou uma gargalhada e Finn olhou para ela surpreso. "O que é que você acha engraçado?"

- "Não sei... é como se... não deveríamos ter essa conversa dentro de uns cinquenta anos? Somos como dois avós!" – lhe explicou, entre risos, com a alegria brilhando nos olhos.

Finn também sorriu e deixou de lado o jornal, tirando os óculos e os sapatos, se acomodando mais no sofá, sentando ela em seu colo.

- "Vou ter que te aguentar por outros cinquenta anos?" – ele murmurou no ouvido dela, enquanto beijava um de seus ombros.

- "Provavelmente." – ela respondeu, ainda rindo diante a imagem de um Finn grisalho e de ombros caídos, sentado na varanda de uma casa e lendo o jornal ao seu lado.

Cruzou os braços de Finn em sua cintura, se recostando mais sobre ele.

- "Bom!" – sussurrou ele, em um suspiro, fechando os olhos e a abraçando com mais força.

Ficaram em silencio uns momentos, desfrutando da companhia, até que o vento abriu uma das janelas e Finn se viu obrigado a ficar de pé para voltar a fechá-la.

- "Oh, não!" – se queixou Rachel, cobrindo o rosto com as mãos e voltando a se recostar no sofá.

Finn custou um segundo para se dar conta de que sua esposa estava chorando.

- "O que foi, carinho?" – questionou preocupado, se sentando ao lado dela e segurando ela pelos braços, obrigando ela a olha-lo.

Rachel obedeceu, se reincorporando e cruzando as pernas sentada no sofá.

- "Vai chover, não diga que não." – respondeu, com a voz quebrada e um par de lágrimas escorrendo por suas bochechas. Finn olhou para ela por um segundo, confuso e depois soltou uma estrondosa gargalhada. "Oh, obrigada Finn, isso ajuda muito!" – ela chorou, ofendida, cruzando também os braços.

- "Você é incrível, sabia?" – ele disse, sentando ela em seu colo novamente, beijando docemente as bochechas e limpando as lágrimas.

Ela continuou sem sorrir, mas tão pouco colocou resistência.

- "Sim, eu sei. Isso não explica porque está rindo da minha cara."

- "Porque hoje é provavelmente o dia mais importante da sua vida, porque hoje vai cumprir seu sonho de interpretar o papel que mais desejou e ao invés de estar nervosa por isso, você só... se preocupa por uma chuva." – ele explicou, lhe acariciando as costas e o liso cabelo.

Ela sorriu então e se acomodou mais nos braços de seu marido, cedendo diante o contraste do calor de seu corpo e o frio do local.

- "Acho que me preocupo pelo que não posso controlar. A apresentação dessa noite depende de mim e eu... estou pronta."

- "Nasceu pronta."

- "Provavelmente. Mas a chuva não posso controlar. Ainda!" – finalizou, enfatizando suas palavras, conseguindo outra gargalhada de seu marido, dessa vez compartilhada. "E para que saiba... esse é o dia mais importante da minha carreira, mas não da minha vida. Já aconteceram coisas mais importantes que isso." – agregou ela, se movendo para poder olhar nos olhos dele.

Finn então sorriu, com seu característico sorriso de lado e suas bochechas coraram um pouco, deixando ele extremamente terno e irresistível. Ela então o beijou, deixando que suas pernas ficassem de cada lado da cintura de Finn e o abraçando pelos ombros. Ele sorriu e ela também e por um momento ambos se esqueceram do circunstancial, da tormenta lá fora, do monitor dos bebês, do jornal e da estreia.

Rachel sentiu que, se abrisse os olhos, se encontraria em seu velho quarto de adolescente, com um par de livros esquecidos na cama e as torpes mãos de Finn tentando tocar nos seios dela de forma dissimulada. Estavam longe disso. A anos luz, porém, em momentos como esse as diferenças eram mínimas.

- "Tenho... tenho medo." – ela murmurou contra seus lábios, com aquela voz pequena e frágil que só guardava para ele.

Finn a recostou sobre seu próprio peito, entrelaçando suas pernas.

- "Estará genial, Rach. Não deve se preocupar." – ele respondeu com segurança, voltando a lha acariciar o cabelo.

- "Não, não é isso. Tenho medo do depois. Do que... do que farei uma vez que isso terminar, quando Funny Girl terminar. Me refiro a que... você disse Finn, esse é meu sonho, um sonho que tive toda a vida. O que farei depois?" – ela se lamentou, apoiando sua testa no pescoço de Finn e traçando lentos círculos em seu peito.

- "Depois, fará um novo musical. Um brilhante, incrível, que irá brilhar. Um que alimente meninas de todo o mundo a sonhar em ser estrela da Broadway e colocar estrelas douradas depois de seus nomes. Depois... se converterá na Barbra Streisand da próxima Rachel Berry." – murmurou no ouvido dela.

Rachel pareceu meditar por um segundo, como se nunca tivesse pensado naquilo e achou que poderia sentir o peito de Finn se inflar de orgulho.

- "Obrigada!" – disse para ele, voltando a beijá-lo docemente.

É tudo o que podia dizer para ele, pelo menos nesse momento.

- "De nada, carinho. É o mínimo que posso fazer. E deve saber que... eu sempre estarei orgulhoso de você. Mesmo se decidir deixar a Broadway e se dedicar a tecer... suéteres para gatos." – finalizou ele, com um tom franco, seguro, carregado de amor.

Rachel soube então que ia colocar tudo dela para que a estreia fosse um êxito. Não pelos críticos, nem pelas possíveis nominações a um Tony, mas para fazer orgulhoso o homem que a abraçava agora, murmurando ao ouvido que possivelmente não ia chover até dentro de um par de dias.

-oo-

Havia câmeras, fotógrafos, jornalistas de diferentes lugares do mundo. Havia um longo tapete em uma lateral e até um par de fãs esperando ansiosos para vê-la.

Mais cedo, nesse mesmo dia, alguém havia destampado o cartaz de entrada do teatro, aquele com o letreiro brilhante e seus rostos sorridentes. Ela tentava não pensar muito nisso. Revirou uma ver mais aquele chá que sua assistente havia preparado (duas colheres de açúcar e meio limão se misturando com as conhecidas ervas).

Escutou a voz de Kurt vindo do corredor, repreendendo um dos cinegrafistas por ter quebrado o jarro do cenário número dois e a voz do Senhor Saddle repreendendo Kurt por repreender o cinegrafista. A porta do seu camarim esteve fechada por mais de meia hora e ninguém havia se atrevido a entrar. Rachel pensou que talvez o restante estava pensando o mesmo que ela, em como todo o espetáculo, cedo ou tarde, terminava caindo sobre seus ombros. Tentou não pensar nisso também.

Esquentou mais uma vez a voz, sem se esforçar demais. Recordou a primeira vez que tinha visto essa obra, há mais de vinte anos, em uma quente noite de verão. Não tinha mais do que seis anos e seus pais quiseram levá-la para ver 'O Lago Dos Cisnes', mas tinham chegado tarde no teatro e não haviam conseguido entradas. Foram forçados a ver Funny Girl então e Rachel havia chorado um pouco, cruzado os braços e usado todas aquelas expressões faciais que conseguiam derreter os corações de seus pais. A tristeza durou pouco: quando os primeiros acordes de 'Don't Rain On My Parade' haviam começado a soar e a (incrivelmente ruim) atriz que interpretava Funny havia aparecido em cena ... Rachel se apaixonou por isso, pela música, pela história. Foi como amor a primeira vista.

Não havia sentido essa cosquinha no estômago, esse palpitar até muito tempos depois, nessa tarde no auditório em que Finn a recostou sobre as almofadas no chão e a beijou pela primeira vez.

Alguém bateu na porta e ela limpou as lágrimas com dissimulação.

- "Ei... como está?" – questionou Kurt, entrando no camarim seguido por Mercedes e a equipe de maquiagem e cabelo.

- "Bem emocionada." – ela respondeu, tirando o roupão e pegando o vestido que Mercedes tinha.

- "Ok Rach, esse é para as duas cenas e depois passamos o traje de duas peças marrom com a camisa branca. Eu estarei te esperando aqui depois do segundo ato. Entendido?" – lhe perguntou enquanto repassava o itinerário que trazia em uma das bolsas.

Rachel assentiu.

- "Bem, devo ir vestir o restante. Sorte, amiga. Sairá incrível, já verá." – lhe disse, com um sorriso, lhe dando um abraço e um beijo na bochecha.

Rachel já se encontrava sentada em sua cadeira e duas mulheres estavam arrumando o cabelo e a maquiagem dela.

- "Finn e Amy chegaram?" – ela perguntou, olhando para Kurt através do reflexo no espelho.

- "Sim. Blaine trouxe meus pais e os seus vieram com Finn. Os gêmeos e Harry ficaram com minha babá." – ele respondeu, tomando um gole do chá que havia ficado esquecido em um canto.

- "Bom... tudo vai bem." – murmurou ela, fechando os olhos e tentando relaxar.

Pouco a pouco as pessoas começaram a passar pelo camarim para lhe desejar sorte, para deixar flores e presentes. Brittany lhe deu algo que parecia uma pequena boneca de Rachel para fazer vudú e até Santana apareceu a cabeça pela porta para meio que sorrir para ela e lhe desejar boa sorte.

Porém, nenhum presente se comparava com a caixa que seu assistente lhe trouxe minutos antes de começar o show. Rachel soltou um par de lágrimas ao ler o pequeno cartão escrito com a desengonçada (e perfeita) caligrafia de Finn: 'Quebre a perna, F.'. Isso era tudo o que dizia. Chorou ainda mais quando ao abrir a caixa, se deparar com a pulseira de prata que ela mesma havia dado a sua filha um par de anos atrás.

Em um abrir e fechar de olhos, Rachel se deparou com ela mesma parada no meio do palco, com Tina e Santana atrás dela, esperando o momento em que alguém abriria a cortina. Olhou para Kurt e Mercedes que, que parados na coxia, lhe deram um par de polegares para cima. Acariciou levemente a pulseira que agora estava no seu pulso direito, sentindo os cinco amuletos que estavam nela e respirou fundo antes de fazer um sinal para o diretor.

A cortina se abriu e de repente, centenas de rostos sorridentes a olhavam fixamente, expectantes. Rachel teve que conter um sorriso quando viu como uma nervosa Amy, vestida em um vestido azul celeste e com um laço no cabelo, a cumprimentava balançando a mão na primeira fila. Ao lado dela, Finn acomodava nervosamente o nó da gravata que vestia e sorriu quando ela olhou para ele por um segundo.

Não estava nervosa. Não tinha porque estar. Ela era Rachel Berry e essa noite também era Funny Brice.

Se pensasse com determinação, talvez havia algo de Funny nela desde aquela noite de verão, há mais de vinte anos, em que havia escutado Don't Rain On My Parede pela primeira vez.

-oo-

Olhou para ele todo o tempo. Ali, sozinha no palco e com a simples companhia da orquestra ao fundo, Rachel não podia conter a urgência de olhá-lo enquanto as estrofes de My Man escorriam por sua língua.

Ele estava ali, na primeira fila, olhando ela nos olhos. Ele estava chorando e ela também estava fazendo.

Talvez ele, como ela, estava pensando em todas aquelas tardes em que ela conseguia convencê-lo, ao beijos, de ver esse filme uma e outra vez. Talvez estava pensando, como ela, na quantidade de vezes em que ela havia cantado essa música na escuridão de seu quarto, acomodada na intimidade de seus braços. Talvez pensava, como ela, em tudo e em nada ao mesmo tempo.

Ela sustentou a última nota e a multidão aplaudiu estrondosamente, ficando de pé, gritando seu nome. A cortina se fechou por uns segundos, tempo suficiente para que o resto do elenco se alinhasse atrás da mesma. Com Kurt de um lado e Tina do outro, Rachel fez uma reverencia ao público, aos centos de rostos desconhecidos e ao punhado de rostos conhecidos que se encontravam nas primeiras filas.

Chamou Amy e Finn ajudou a menina a subir no palco. A menina nem sequer pode falar de tanta emoção e Rachel só a abraçou fortemente, lhe dando um beijo na bochecha.

Estava fazendo isso por ela e por seus dois irmãos, que esperavam em casa. Pelas próximas Rachel Berry. Por seus pais, que choravam copiosamente na primeira fileira, enquanto Carole dava palmadas nas costas deles, com carinho. Pelo Senhor Schue e seus amigos, que a apoiaram desde o princípio, quando Rachel Berry não era mais do que uma menina malcriada que queria todos os solos. E fazia por Finn. Tudo o que fazia ela por ele.

-oo-

Ele estava esperando ela na saída, com as mãos nos bolsos de seu traje e o vento desarrumando seus finos cabelos. Chutou um par de pedras com os pés, ficando ansioso e ela respirou fundo antes de sair para o frio ar da rua.

Os flashes dispararam quando Rachel Berry saiu do teatro, sorrindo para os fanáticos e firmando um par de autógrafos.

Ele esperou. Esperou pelas entrevistas, pelas fotos, pelos autógrafos. Ele esperava porque sabia que isso era só uma distração, que depois seria dele por um bom tempo.

Rachel sabia também. Sabia que nada no mundo valeria tanto como as doces palavras que ele devia ter preparadas. Ela correu até ele, com um lindo vestido verde que Mercedes havia confeccionado especialmente para a festa pós-estreia que ia até os seus joelhos, se perdendo nos sorrisos dele e no brilho de amor de seus olhos. Finn a abraçou fortemente, segurou ela com os braços, a levantando do chão.

- "Esteve incrível." – murmurou, beijando o cabelo, mas ainda mantendo suas mãos nos bolsos, como se temesse tocá-la.

Rachel sorriu diante o tom medido e quase nervoso de sua voz.

Finn odiava tudo isso. Ela sabia que ele odiava o fato de que não podia beijá-la ali, na frente de todo mundo, das câmeras, dos olhos inquietos.

Rachel, porém, não pode se conter. Não nessa noite em que tudo havia saído perfeitamente. Não quando seu esposo vestia um traje que combinava com seu vestido e havia passado toda o dia lhe murmurando no ouvido um terno 'não choverá' por cada vez que cruzavam nos corredores de sua casa. Em geral, em uma base diária, era poucas as vezes em que podia se conter.

O beijou então, como se estivessem no estúdio de sua casa ou no colorido quarto de sua adolescência. O beijou porque ele estava orgulhoso dela sem importar o que acontecesse e porque o traje lhe deixava estupendo. O beijou porque o amava e porque podia.

Não lhe importava que todas as câmeras estivessem fazendo um festim e os fãs soltavam um grito de emoção quando suas mãos seguraram o smoking dele e as mãos de Finn a abraçavam pela cintura. Não lhe importava que, na manhã seguinte, aquelas fotos saíssem em todos os jornais, nem que eles se atrasassem para a festa, nem que o manobrista segurasse as chaves do carro deles incomodado, como se sentisse fora de lugar.

Não importou, sequer, quando a chuva começou a cair e se deparou com eles sozinhos na rua, se beijando, enquanto os mal humorados nova-iorquinos corriam para encontrar refúgio da pesada e gelada chuva.

Se sentia tão quente, tão protegida e tão feliz nos braços de seu esposo que a tão temida tormenta passava despercebida.

Capítulo 19

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