Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
O som estrondoso do alarme despertador irrompeu o quarto e a enorme mão de Finn pulou para desligar quase automaticamente.
Era uma segunda feira novamente. As segundas feiras na residência dos Hudson-Berry eram diferentes das terças, distintas das quartas e opostas as quintas-feiras. Aquela segunda em particular ameaçava ser diferente não somente do resto dos dias da semana, mas também das demais segundas em geral.
Para começar, Finn se deparou com que sua amada esposa não se encontrava na cama ao seu lado, por mais que se esticasse embaixo da coberta. As vezes lhe custava um pouco em encontrá-la algumas manhãs. Rachel era tão pequena (e havia insistido tanto em comprar uma cama enorme) que geralmente conseguia se perder entre as cobertas. Então naquelas (tristes) manhãs em que Finn não a encontrava aconchegada ao seu lado, geralmente tomava o trabalho de busca-la impacientemente entre o ninho de coberta que ela costumava armar.
Essa manhã, porem, não teve êxito. Talvez os bebês tenham acordado antes, ou talvez não pode dormir totalmente pela ansiedade do dia que estava por vir. O fato era que não estava ali ao seu lado e Finn já começava o dia com o pé esquerdo.
Soltou uma bufada e esfregou os olhos, tentando tirar o sono. Porém, quando tentou ficar de pé algo o deteve.
- "Não tão rápido, Hudson." – murmurou a voz de sua esposa.
Finn sorriu. Não havia um 'bom dia', nem a doçura característica que acostumava invadir seu tom melódico (as vezes para Finn parecia que Rachel cantava mesmo quando estava falando). Não, essa voz... era a voz mais sensual do mundo, a que ela só usava para ele, nesses momentos.
Rachel saiu do banheiro vestida em uma pequena langerie preta tomara que caia, com o longo cabelo caindo sobre os ombros. Ele sorriu: o Finn adolescente teria acabado em seu pijama nesse momento. Ele já estava um pouco mais adestrado, por sorte.
- "Bom dia." – murmurou, se aproximando dela e a rodeando pela cintura. "Você está linda! Incrível!" – ele disse, beijando o ombro dela e subindo pelo pescoço até encontrar os lábios dela.
Rachel sorriu.
- "Não te importa que eu tenha usado essa roupa um par de vezes?" – questionou, se aproximando mais dele e lhe acariciando as costas por baixo da camisa que Finn usava para dormir.
- "Não importa que use, sempre e quando eu puder tirar." – ele respondeu e Rachel teve que conter uma gargalhada.
Finn voltou a beijá-la só como uma desculpa e a abraçou fortemente pelo quadril, conduzindo ela até a cama.
- "Vamos ter que nos manter muito, muito calados." – sussurrou Rachel, roçando 'acidentalmente' o quente pacote que começava a se formar no apertado short de seu marido.
Ele respondeu beijando ela novamente, dessa vez de forma mais profunda e com mais paixão, enquanto Rachel cobria eles com a coberta e colocava suas pernas de cada lado das de seu marido.
- "Deus... senti muito a sua falta." – murmurou ele, com um sorriso, quando ela se desfez de seu short e sua camisa, deixando ele só de cueca.
Rachel sabia perfeitamente a que ele se referia. Ela e Finn compartilhavam suas vidas diariamente, suas rotinas, suas coisas. Porém, só este momento era realmente deles. Isso era algo que não compartilhavam com mais ninguém. Nem com seus amigos, nem com seus pais e nem com seus filhos. Isso, a intimidade das quatro paredes de seu quarto... isso era seu santuário. Não só quando faziam amor, mas nas coisas simples, como na conversa que costumavam ter antes de dormir ou os filmes que as vezes assistiam aos domingos de manhã.
Estando ali eram um. Um para o outro.
- "Sabe o que deveríamos fazer?" – ela lhe disse, quando a roupa já tinha virado história e as carícias ficavam mais profundas, mais pausadas.
- "Fugir?" – brincou ele, enquanto lhe acariciava um dos peitos e beijava outra vez o pescoço.
Rachel voltou a conter uma gargalhada.
- "Uau, Finn. Nunca vai se esquecer disso, né?" – respondeu, batendo de forma divertida na cabeça dele.
- "Acha que podemos deixar a conversa para depois? Porque agora, carinho, eu só quero..."
- "Sim, sim... ok. Eu estou pronta." – ela finalizou, deixando sua anterior proposta no esquecimento e voltando a beija-lo, enquanto Finn se acomodava melhor debaixo da coberta e se preparava para entrar nela.
Porém, segundos antes de que isso acontecesse, a porta do quarto se abriu aos poucos e uma entusiasmada Amy entrou. Finn se assustou tanto que terminou caindo no chão com um barulho surdo e Rachel se cobriu com a coberta o máximo que pode.
- "Amy, o que...? O que está...? Que horas são?"
- "Mamãeeeeeeee!" – respondeu a menina, exasperada, como se não tivesse dado conta de que acabara de interromper seus pais no meio... disso. Se aproximou da beirada da cama e olhou para sua mãe com receio, quase com recriminação, colocando os braços na cintura. "Mamãe, as nominações para o Tony é em meia hora!" – lhe explicou, com voz aguda, apontando o relógio rosado que Mercedes havia lhe dado no aniversário dela.
- "Tem razão! Que tonta eu sou! Por que não... não desce para a sala e prepara a televisão? Papai e eu desceremos em um segundo para fazer o café da manhã." – propôs Rachel, olhando pelo canto do olho para um Finn nu, que se escondia ao lado da cama.
- "Muito bem." – respondeu a menina, um pouco mais entusiasmada, acatando a ordem de sua mãe.
Rachel esperou que a porta se fechasse atrás dela e que o som dos passos de Amy se perdessem para se sentar na cama.
- "Isso esteve perto." – ela suspirou, enquanto Finn colocava sua cueca com uma bufada.
- "Você deve ter estado perto Rach, eu não..."
- "Não falo disso, Finn. Falo de que Amy quase nos vê... fazendo... você sabe."
- "Oh, sim."
- "Se comportar bem, mais tarde me assegurarei de retomar com isso." – ela disse, o abraçando pela cintura enquanto ele escolhia a roupa e a gravata que ia usar. Finn assentiu, beijando ela uma vez mais e se dirigindo para o banheiro para se dar uma 'dolorosa ducha fria'. "Sabe o que deveríamos fazer? E não responde fugir!" – ela gritou, do closet, enquanto colocava um dos tantos conjuntos esportivos que havia adquirido quando assumiu seu papel de mãe.
- "Colocar uma trava na porta ou fechar com chave?" – respondeu ele, entrando no chuveiro.
- "Exato!"
-oo-
- "O que está fazendo aqui?" – Rachel perguntou para Kurt, quando o encontrou na cozinha de sua própria casa, preparando o café e a mamadeira de Harry.
- "Estava muito nervoso, não podia ficar em casa!" – ele lhe explicou.
Rachel sorriu e negou com a cabeça, dando um beijo na bochecha dele quando passou ao seu lado a caminho da geladeira.
Para dizer a verdade eu não estou. Fizemos o melhor que pudemos e não sei se isso é suficiente para o jurado, mas é para mim." – ela disse, preparando as mamadeiras de seus próprios filhos e colocando o pão na torradeira.
- "Ei! Vai começar!" – gritou a voz de Blaine da sala.
Rachel e Kurt correram até o cômodo ao lado.
- "Bom dia, Nova York. Meu nome é Idina Menzel e essa manhã estaremos dando os nomes dos nominados a 78o entrega do prêmio Tony." – disse a renomada atriz, no momento em que Finn descia correndo as escadas com os gêmeos nos braços.
Se sentou ao lado de Rachel no sofá depois de colocar os meninos no chão ao lado de Harry e segurou a mão dela.
As primeiras categorias passaram quase despercebidas, salvo por um par de pessoas que Rachel e Kurt conheciam ou com as que haviam trabalhado. A sala gritou de orgulho quando a condutora disse o nome da Mercedes como nominada na categoria de 'Melhor Vestuário e Maquiagem', a Mike como 'Melhor Coreografia', o Senhor Saddle em 'Melhor Direção' e Artie como 'Melhor Produção Musical'.
Quando Ryan Leonard, o co-protagonista de Rachel foi nominado como 'Melhor Ator Protagonista', Finn soube que sua esposa tinha a nominação no bolso (mas guardou esse comentário para ele).
Nesse momento, Idina Menzel voltou a falar e a sala se submergiu em um silencio (até os bebês ficaram calados, como se soubessem que esse era um momento importante).
- "A seguinte categoria é 'Melhor Ambiente e Desenho de Cenário'. E os nominados são..." – Idina disse, lendo a pequena tela na frente dela. "Carl Luis por West Side History. Lenny Stewart pelo musical de Mil e uma Noites. Sandy Carrol por Drácula e Kurt Hummel por Funny Girl." – todos gritaram estrondosamente quando o nome de Kurt saiu na tela, exceto Kurt que levou uma mão a boca e começou a chorar descontroladamente.
Blaine o abraçou fortemente e beijou a bochecha dele. Rachel e Finn pularam de seu assento para abraça-lo também.
- "Nominaram ele, nominaram ele!" – gritava Amy, aplaudindo vigorosamente e seus irmãos e seu primo aplaudiram com ela.
Por um segundo, Rachel esqueceu que ela também tinha chances de ser nominada, mas bastou Finn lembrasse para que todos voltassem a se sentar em seus lugares.
- "Em continuação, as nominadas para 'Melhor Atriz Protagonista'." – disse Idina, captando por completo a atenção da sala. "Susan Mailais por seu papel em Hair. Julia Summers por Rock of Ages. Annie Bulstrode por Spring Awakening e Rachel Berry por Funny Girl." – tudo se tornou muito confuso a partir desse momento.
Rachel não recordará nunca o que foi que realmente aconteceu, mas definitivamente isso não é importante. Só sabe que Kurt e Amy gritavam e que Finn a abraçava, que Blaine atendia os telefones que não paravam de tocar, como se tratasse de um alarme de incêndio. Sabia que Idina Menzel havia dito seu nome e que isso significava que estava nominada para um Tony.
Ela. Rachel Berry. A mesma de Lima- Ohio, que cantava no Glee Club e recebia um slushie no rosto pelo menos três vezes por semana. A que havia feito dezenas de obras chatas em pequenos teatros horríveis antes de chegar na Broadway e que montava shows na Disney para seus pais no sótão de sua casa. A que ensinava ballet para sua filha e seus filhos a caminhar e que havia visto frustrada (pela segunda vez em uma semana) suas intenções de fazer amor com seu marido.
Ela, a que agora vestia uma suja calça esportiva e uma mamadeira recém preparada na mão. Nominada. Recordará para sempre, porém, o momento exato em que desmaiou nos braços de seu marido.
- "Não posso acreditar que realmente tenha desmaiado. "ele disse, com um sorriso, enquanto ambos deitavam essa noite de segunda na cama deles.
- "Cale-se ou não te mostrarei o que encontrei hoje." – ela respondeu, buscando algo na gaveta de mesa de cabeceira.
Finn obedeceu e Rachel fechou a gaveta mostrando uma pequena chave da porta do quarto.
- "Ah, carinho! Não sabe o quanto te amo!" – ele respondeu, correndo até a porta e fechando ela.
Voltou para a cama quase numa corrida e deitou nela, enchendo o rosto dela de beijos.
- "Me ama muito mesmo? Porque faz bastante tempo que não me diz..." – murmurou Rachel, quase em tom de recriminação, franzindo a testa.
Finn sorriu, se aderindo ao jogo de sua esposa.
- "Quanto é 'bastante'?"
- "Oh, não sei... uns três dias?"
- "Bom... te amo pelo sábado... e pelo domingo... e por essa linda segunda." – ele disse, beijando ela entre suas palavras naquele lugar em que Rachel concentra toda suas cócegas. "Assim está melhor?"
- "Definitivamente. E eu também te amo. Demais, eu diria."
- "Nunca é demais, carinho." – agregou ele, enquanto tirava a velha camisa dela com que Rachel havia escolhido para dormir essa noite.
Ela fez o mesmo tirando a roupa dele, tal como havia feito essa mesma manhã, quando ainda não era uma nominada para um Tony.
- "Isso da nominação me deixou extremamente feliz." – confessou ele.
- "Sério? Me alegro de que seja assim."
- "Claro! Lembra o que me disse aquele dia? Que quando tivesse seu primeiro Tony estaria pronta para ter relações sexuais comigo."
- "Oh carinho! Acho que alcancei suficientes metas em minha vida para entrar nesse desconhecido mundo. Se continuar me acariciando aí estarei pronta para ter relações sexuais com você em questão de segundos..."
- "É uma pena, porque eu pensava em fazer amor com você."
- "Para isso estou pronta sempre."
Sim, pensou Finn, essa sim era uma boa segunda-feira.
-oo-
Não estava nervosa. Isso era para os principiantes. Não, Rachel Berry não ficava nervosa há... bom, não tanto, já que no dia que havia dado a luz a seus filhos havia morrido de nervosismo, mas fazia bastante tempo que não ficava nervosa por algo referido a sua carreira.
Não, Rachel havia entendido que as coisas em sua profissão tendiam a fluir com naturalidade, que cedo ou tarde chegavam se merecesse. Então naquela noite havia aplaudido por Mercedes, por Artie, por Mike e sobretudo por Kurt. Havia aplaudido, havia chorado, havia se emocionado e havia aplaudido um pouco mais.
Finn se moveu inquieto em seu assento pela nonagésima vez. Ele sim estava nervoso. Tinha a mandíbula apertada e arrumava o nó da gravata a cada trinta segundos.
- "Pode se acalmar, por favor?" – Rachel murmurou para ele, quando a transmissão foi para um corte comercial.
- "Sinto muito carinho, não posso evitar." – ele se desculpou, segurando a mão dela e sorrindo de forma cúmplice.
As luzes piscaram, indicando que retomavam a transmissão e Rachel respirou fundo.
- "Bem vindos de volta! E obrigada mais uma vez por formarem parte desse encontro histórico e encantador." – disse o entusiasmado anfitrião. "Faltam apenas duas categorias essa noite e sei que são as mais esperadas. Então, demos as boas vindas para nossos próximos apresentadores, Kristin Chenoweth e Neil Patrick Harris!"
- "Boa noite, fanáticos pelo teatro! Estamos aqui para apresentar os ganhadores das categorias de 'Melhor Ator Protagonista' e 'Melhor Atriz Protagonista'. Começamos com as damas, o que acha Neil?"
- "Perfeito Kristin. Essas são as indicadas." – disse Neil, enquanto as gigantes telas iam focando uma a uma. "Susan Mailair por seu papel em Hair. Julia Summers por Rock of Ages. Annie Bulstrode por Spring Awakening e Rachel Berry por Funny Girl." – Rachel tentou sorrir quando viu que a câmera a focava, mas Finn estava apertando a mão dela com tanta força que isso era um pouco difícil.
- "E a ganhadora é..." – disse Kristin, abrindo o pequeno envelope marrom. A sala se submergiu em um silencio expectante. Rachel e Finn contiveram a respiração ao mesmo tempo. "Rachel Berry por Funny Girl!" – gritou Kristin e a sala estalou em aplauso.
Finn gritou. Pulou de sua cadeira, obrigando Rachel a ficar de pé. Ele afundou a boca dela em um beijo, enquanto continuava gritando coisas que Rachel não escutava. Não escutava ele, nem a multidão que a aplaudia. Só escutava o sangue batendo em seus ouvidos, a mareando um pouco, enquanto se desprendia dos braços de seu marido e caminhava com dificuldade até o palco. As câmeras focavam ela e as pessoas a cumprimentava a medida que ela descia pelo corredor. Rachel não podia pensar em nada.
Um homem de roupa elegante a ajudou a subir no palco, aonde os apresentadores a esperavam com os braços estendidos. Ela cumprimentou ele brevemente, ainda em choque e pegou o pesado premio nas mãos, sentindo ele entre os dedos.
- "Obrigada." – disse para a multidão, se aproximando do microfone. As pessoas ainda continuavam de pé, a aplaudindo e Rachel buscou o rosto de Finn entre todos os rostos desconhecidos. Ali estava, se abraçando com Kurt, com os olhos cheios de lágrimas e só nesse momento é que Rachel entendeu: acabara de ganhar um Tony! "Obrigada a todos, muito obrigada. Quero dedicar esse premio para... pra tanta gente, na realidade. Para meus pais, primeiro, por terem sido meus primeiros fãs e por ter me apoiado em tudo. A meus amigos, que me acompanharam nesse caminho durante tanto tempo e trabalharam juntos para que esse projeto saísse perfeito. A todas as pequenas Rachel Berry que assistem nas salas de suas casas, se perguntando se alguma vez poderão ganhar um Tony. A meus três lindos filhos, que eu amo mais do que tudo no mundo e que estão me esperando em casa. Valeu a pena ter me escutado cantar essas músicas por meses, né? E... a meu esposo Finn. Carinho, você é mais do que somente meu esposo. E isso... isso também é para você. É seu. Como tudo o que eu tenho. Obrigada!" – finalizou, contendo as lágrimas e olhando para ele diretamente nos olhos.
As pessoas voltaram a aplaudir e um outro senhor de traje conduziu Rachel para uma pequena salinha em que esperavam uns cinquenta jornalistas. Aparentemente era incrivelmente assim que se sentia ao ser a ganhadora de um Tony.
-oo-
- "Não posso sentir meus pés." – disse para Finn, mais tarde naquela noite, enquanto ambos entravam em casa depois da festa, das entrevistas e da quantidade de coisas que haviam feito em um par de horas e que Rachel já não recordava.
- "Felicidades senhora Hudson!" – disse a babá, entusiasmada, quando viu eles chegarem na cozinha.
- "Obrigada Ruby. Pode ir agora, Finn e eu nos encarregamos de tudo." – ela respondeu, buscando o dinheiro na carteira para pagá-la, enquanto Finn servia um copo de água para cada um.
Rachel soltou uma gargalhada quando Finn a carregou nos braços para levá-la par ao quarto.
- "Amanhã vai se queixar da sua dor nos joelhos." – ela murmurou, entre risos, mas ele não se importou.
Deixou ela sobre o tapete do quarto e havia começado a beijá-la quando ao acender a luz, Rachel soltou um gritinho de surpresa ao ver que seus três filhos dormiam na cama de casal deles.
Amy estava deitada no meio e tinha um gêmeo de cada lado e os três dormiam pacificamente entre a coberta de seus pais.
- "Bom, isso vai ser difícil." – disse Finn com um sorriso, enquanto se desprendia da roupa.
- "Deixe eles." – ela murmurou, tirando o vestido e colocando a velha camisa de Finn com que acostumava a dormir.
Se trocaram em silencio, roubando beijos aqui e ali, brincando sobre o melhor lugar para colocar o recém ganhado premio. Cada um se deitou em um lado da cama, abraçando um pouco seus filhos.
- "Agora entendo porque comprou uma cama tão grande." – ele brincou por sobre a cabeça de seus filhos.
Rachel sorriu, abraçando mais a Funny e se perdendo no cheiro do shampoo dela. Os braços de Finn eram tão grandes que podia abraçar a praticamente todos e atrair eles para ele até poder acariciar uma das bochechas de sua esposa. Ela suspirou.
- "Nunca quis ser Funny Brice." – ela confessou, quase adormecida.
- "Tá brincando? Toda a vida você quis esse papel..."
- "Não, não entende. Eu nunca... quis terminar como ela. Me refiro a isso, que nunca quis me transformar nisso na vida real." – lhe explicou, consciente pela primeira vez em sua vida de que isso era verdade. Nunca havia pensado, na realidade. "Ela termina sozinha... sem ninguém, apaixonada por um homem que não podia ter. Não, Finn, isso..." – murmurou, com os olhos carregados de lágrimas, apontando para seus filhos que dormiam entre seus braços. "Isso é cem vezes melhor. E você me deu. Você cumpriu os sonhos que eu nem sequer sabia que tinha." – finalizou, com um sorriso, sem poder conter mais as lágrimas.
- "Fizemos juntos. E fazemos juntos. E faremos juntos." – ele respondeu, limpando as bochechas dela.
Ela aproximou sua mão, beijando a palma dela e pegando entre as suas.
Quando sua vida era muito ruim, muito solitária e ela não era mais do que uma guria incompreendida... bom, nesses tempos viver em um conto de fadas parecia mais sensato, mais divertido, menos doloroso. Sua vida hoje estava longe de ser um conto de fadas. Porém não a trocaria por nada. Preferia ser a esposa de Finn (aquela que as vezes não conseguia um momento com seu amado marido em dias) e a mãe de seus filhos (a que corria, chegando atrasada em todos os lados e que sempre tinha uma mancha de comida na roupa) do que ser Funny Brice. Ou Dorothy. Ou qualquer uma das heroínas de sua infância.
Não, ser Rachel Berry era fantástico. Pelo menos enquanto Finn estivesse com ela. E pelo olhar que ele lhe devolveu nesse momento, Rachel soube que isso não ia mudar em pelo menos um par de dias. Ou de anos. Ou até a próxima vida.