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Finn soube, desde o momento em que ambos se cruzaram em Nova York, que dessa vez ia fazer o necessário para se casar com Rachel Berry. Não souberam nada do outro durante dez anos e Finn temeu por um segundo que não fossem capazes de voltar a começar, mas depois daquele primeiro jantar com Kurt e Blaine, todas suas dúvidas e seus temores haviam se dissipado.

Viviam juntos. Mais do que isso: eram uma família. Haviam comprado uma casa, por seus próprios meios e haviam convertido ela em um lar. Finn ainda se surpreendia ao pensar o quão bem iam as coias e o quanto melhor iam continuar.

Qualquer um que visse elas pelas ruas diria, sem titubear, que Rachel e Amy eram mãe e filha, o próprio Finn as vezes se esquecia de que (biologicamente) não eram. Rachel a acompanhava nas aulas de ballet, a cada reunião escolar, a cada uma das apresentações teatrais em que Amy aparecia.

Finn quer fazer. Está convencido. Quer se casar com ela a todo custo. Não lhe importa se Rachel quer um casamento grande ou pequeno, se prefere fazer em Nova York ou em Lima, ou se deseja ou não que o façam sob os rituais judeus. Tudo isso não lhe importa: o único que quer é seu o marido dela.

Começa, então, a buscar sinais, indícios, por mais pequenos que fossem, de que Rachel também deseja se casar. E assim como deseja... assim chegam.

O primeiro é sutil. Quase imperceptível. Acontece em um fim de semana em que Rachel e Finn decidem fazer uma escapada romântica até um pequeno hotel, deixando Amy com Blaine e Kurt. Estão na recepção, esperando pelo quarto, quando alguém chama ela pelo nome de Senhora Hudson. Rachel sorri e assente, sem sequer se incomodar por corrigir o empregado e Finn vê como seus olhos brilham por um segundo, com emoção.

Não pode evitar sorrir também, ao pensar o quão incrível será o dia em que Rachel realmente for a Senhora Hudson.

O segundo é mais explícito e mais doloroso.

Duas semanas depois de sua incrível escapada romântica (e quando Finn já estava revisando no calendário quando seriam seu próximo fim de semana livre, para organizar a próxima) se deparou com o imprevisto de uma incomoda apendicite.

Finn odiava os hospitais. Todos esses anos em reabilitação e operações haviam lhe feito despertar um ódio tremendo por eles. Porém, quando já não podia sequer se manter em pé devido a dor, teve que ceder diante Rachel e ir ao médico. Uma viagem de carro a velocidade perigosa, um par de paradas para vomitar, uma hospitalização e uma cirurgia de quarenta minutos foram os requerimentos para que aquilo fosse para sempre recordado como um dos piores dias de sua vida.

- "Já pensou com quem deixará Amy se algo te acontecer?" – lhe perguntou Kurt, enquanto cuidava dele no pequeno quarto do hospital e lia uma revista de decoração.

Finn ia responder que não podia morrer por uma apendicite (Não? Haviam chances ou... não era perigoso?), quando entendeu que Kurt tinha razão, que nunca havia pensado no hipotético caso de que algo acontecesse com ele.

- "Bom... suponho que deixaria mamãe e papai encarregados. Ou com vocês... ou com Rachel." – pensou enquanto comia o horrível pudim que a enfermeira havia deixado.

- "Sabe qual é a melhor forma de se assegurar de que Rachel vai ficar com ela se algo te acontecer?" – lhe questionou Kurt, sem sequer levantar o olhar de sua revista. "Se casar com ela." – lhe explicou, sem esperar que Finn respondesse.

Ele sorriu: acabava de receber o segundo indício de que aquilo era o que deveria fazer. (Se perguntou, mais tarde, se havia sido realmente necessário que o abrissem e retirassem um órgão para conseguir. Não havia uma maneira mais fácil?)

O terceiro, porém, foi o mais certeiro e o mais lindo.

Finn voltou de seu primeiro treinamento, depois da semana em cama que havia passado, desejando que Rachel tivesse o jantar pronto, já que não se lembrava de ter estado tão cansado em sua vida. Porém, quando entrou em sua nova casa, notou que as luzes estavam apagadas, exceto por uma pequena lâmpada que descia pelas escadas. Pensou que Rachel e Amy deveriam estar no quarto da menina, então tentou não fazer barulho para surpreendê-las. Quando escutou o tom em que conversavam, parou ao lado da porta. Ao parecer, Amy estava chorando.

- "Amy, me fale o que te passa." – murmurou Rachel.

Finn viu que estava sentada na beirada da cama da menina, lhe acariciando o cabelo. Amy se virou, abraçada a seu coelho de pelúcia e indicou que Rachel se recostasse ao seu lado. Ela obedeceu.

- "O papai da Sammy tem namorada."

- "Sim."

- "E eles vão casar no inverno."

- "Sim."

- "E Sammy vai ter um irmão."

- "Sim." – Amy não continuou. Rachel franziu a testa, sem entender. "E você fica triste que seja assim? Acha que Sammy vá te trocar por seu irmão? Porque sei que não será assim."

- "Não. O que quero saber é... quando você e papei vão casar?" – lhe perguntou, em voz muito baixa, como se envergonhasse de tal maneira com o que acabava de dizer.

Rachel não contestou em seguida, mas suspirou e esfregou o rosto com as mãos.

- "Por que te interessa tanto saber se papai e eu vamos nos casar?" – questionou olhando para ela, como se tratasse de decifrar o que a menina realmente pretendia.

Amy se sentou na cama para ver ela melhor.

- "Sammy disse que você não é minha mamãe. Que não será até que você e papai casem. E eu realmente quero que seja minha mamãe." – lhe explicou, contendo as lágrimas, muito aflita.

Rachel se incorporou, sentando ela em suas pernas.

- "Quero que me escutem com atenção. O que ocorre entre você e eu não tem nada a ver com Sammy, nem sequer com o papai. Sim, nos amamos muito e provavelmente vamos nos casar algum dia. Mas você e eu... nós temos nosso próprio pacto, né? Não somos melhores amigas de cinco (quase seis) e vinte e oito anos?" – lhe perguntou, a abraçando forte.

Amy sorriu.

- "Sim, somos. Mas... podemos ser mamãe e filha?" – respondeu, se virando em suas pernas, para olha-la.

- "Realmente quer isso?"

- "Sim."

- "Bom... Amy Hudson, aceita ser minha filha?" – lhe perguntou Rachel, solenemente, levantando uma mão.

- "Sim!" – disse a menina, levando os braços ao pescoço dela e a deitando na cama.

Rachel também soltou uma gargalhada, se girando na cama para fazer cosquinhas nela. Finn tomou isso como um sinal de que podia entrar.

- "O que está acontecendo aqui?" – perguntou, fingindo um tom bravo.

- "Nada papai." – murmurou Amy, assustada.

- "Não minta. Vi que a mamãe estava te fazendo cosquinhas. Não a cubra." – brigou, com um dedo acusador.

Rachel olhou para ele por um segundo, sem entender.

- "Sim... bom, sim... estava me fazendo cosquinhas." – disse Amy, vencida.

- "E sabe qual é a pena por cometer o delito das cosquinhas, carinho?" – perguntou Finn, abandonando pouco a pouco o tom sério e se aproximando de Rachel, que já sorria ao intuir o que vinha. "A pena, Rach, é receber a quantidade equivalente do dita tortura."

Finn pulou sobre a pequena cama, a arrastando de forma brincalhona até o travesseiro e fazendo cosquinhas nela. Amy não duvidou em unir. Finn segurou Rachel fortemente, impedindo que ela se movesse. Ela esticou o pescoço para lhe dar um beijo, esperando que aquilo freasse o ataque. E conseguiu, porque no momento em que seus lábios se tocaram, ambos se esqueceram das cosquinhas e da (pouco acreditável) raiva.

- "Oi!" – murmurou ela, quando se desgrudaram.

Finn voltou a beijá-la, dessa vez um pouco mais lento, adiantando o que provavelmente receberia mais tarde. Recebeu um olhar quase malvado de Rachel como confirmação de que a mensagem havia sido interpretada. Amy aplaudiu, entusiasmada, ao ver que seus pais se beijavam.

- "Oh, esqueci de dizer! O senhor Schue me ligou essa manhã." – lhe contou Rachel, enquanto jantavam.

- "Sério? Como está?" – perguntou Finn, assombrado, enquanto engolia metade de seu prato de fetuccini em uma só mordida.

- "Bom, está arrumando uma pequena reunião para celebrar os dez anos de nossa formatura. É em um par de semanas e queria saber se poderíamos ir. Lhe disse que ia conformar, mas que achava que podia contar conosco." – lhe explicou.

Finn sorriu e pensou que voltar para Lima era perfeito. O que melhor do que pedir Rachel que se case com ele do que no lugar em que tudo começou?

Capítulo 17

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