Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
- "O senhor Baldwin quer que saibam que ele leu o contrato e está considerando." – disse o empresário.
Finn tentou não fazer muitas expectativas, pois essa era a parte verdadeiramente difícil. Agora era quando a bola estava no campo adversário e Finn sabia o quão perigoso era isso. O último jogador que haviam visto tinha recusado o cotrato só porque não lhe permitiam usar as meias que ele acostumava usar nas partidas.
- "O que é que não o convence?" – disse Blaine, com tom provocador e Finn conteve um sorriso: ao parecer, seu companheiro possuía as mesmas preocupações que ele.
- "O senhor Baldwin não se sente cômodo com a clausula de oito anos. Queria reduzir para seis." – explicou o empresário, esfregando as mãos.
Isso não estava mal, de fato. Finn podia entendê-lo.
- "Isso... pode ser negociado se concordar com a prorrogação no caso de que termine jogando com a equipe principal." – respondeu Blaine, checando os papeis.
- "Bom. O senhor Baldwin também desejaria que concedesse uma escola. Não está contemplado no contrato e ele queria poder continuar com seus estudos em Nova York." – Finn arqueou as sobrancelhas, surpreendido.
Olhou para Blair Baldwin, quem tratava de se encolher em sua cadeira para não ser notado e de repente sentiu muito mais respeito pelo rapaz.
- "Nesse caso deveríamos possuir seu histórico escolar. Nossa equipe possui um convenio com a Universidade de Nova York e vários de nossos jogadores estão na mesma situação de Blair. Se ele deseja continuar com seus estudos... não vai ter inconvenientes."
- "Buscarei seu histórico escolar no meu escritório. Com licença." – Blaine olhou dissimuladamente para Finn e ele lhe fez um sinal para que deixasse ambos sozinhos.
Seu companheiro deu uma desculpa, abandonou a sala e Finn se moveu em sua cadeira buscando Blair.
- "É um rapaz inteligente." – lhe disse, cruzando as pernas.
Blair olhou ao redor da sala incrédulo, como se não pudesse entender o que Finn estava falando para ele.
- "Obrigado." – murmurou, nervoso.
Finn sorriu, tentando fazer ele se sentir mais cômodo.
- "Ser um bom jogador não depende apenas do quão rápidas são suas pernas ou quão fortes são seus braços, Blair. Depende também do que leva em sua cabeça. É genial que queira continuar estudando." – Blair então sorriu, se soltando um pouco.
- "Na realidade foi ideia de Mandy." – lhe explicou, perdendo o tom nervoso.
- "Deixa eu adivinhar... Mandy é sua namorada, né?" – Blair assentiu, com um sorriso.
- "Ela é a que pensa em tudo. Disse que... que não posso depender do Futebol Americano toda minha vida, que devo ter um respaldo." – lhe confessou, com um pouco de incredulidade na voz.
- "É um conselho muito bom. Sabe o que aconteceu comigo?" – Finn perguntou, ficando de pé e servindo um pouco de suco nos copos.
- "Não." – Blair negou, pegando o copo que Finn lhe entregava.
- "Eu era o quarterback da Universidade de Los Angeles. Eu fui por três anos consecutivos. Record de jardas, eleito como o jogador de ouro duas vezes, campeão nacional da liga de Universidades. Tudo estava a meu favor. E então... eu quebrei uma perna." – relatou.
Blair arqueou uma sobrancelha, claramente surpreendido.
- "Não brinca!"
- "Sério. Tive um acidente bobo enquanto ajudava meu irmão a arrumar um palco para seu clube de teatro. Esse acidente, que para outra pessoa só significava uns meses de repouso e um pouco de paciência, para mim tirou minha carreira."
- "E o que você fez então?" – questionou o rapaz.
Finn sorriu ao dar conta de que, inconscientemente, Blair havia aproximado mais a cadeira até ele.
- "Então eu estudei e me converti em treinador. Já sabe o que dizem: 'os que não podem, ensinam.'. Entrei na liga infantil e depois juvenil, até que cheguei ao posto de assistente do treinador adulto..."
- "E agora é o treinador do time profissional!"
- "Sério? Isso é genial!" – brincou Finn.
Ficaram em silencio um momento, enquanto o incomodo abandonava eles aos poucos.
- "O senhor está casado com Rachel Berry." – Blair então disse.
Finn soltou uma gargalhada.
- "Sabe quem ela é?" – lhe perguntou, agora surpreendido.
- "Tá zuando? Mandy está louca por ela. Acho que me sugeriu assinar esse contrato só porque acha que cedo ou tarde chegará a conhecê-la dessa forma. Deve ser a admiradora numero uma dela."
- "Não creio. Nossa filha é a admiradora numero um dela." – explicou Finn e Blair sorriu.
- "Estou fazendo isso por ela, sabe? Eu teria assinado o contrato no mesmo instante. Nova York é o sonho dela e se vocês me derem uma bolsa em UNY, poderemos fazer um esforço para que ela entre na escola de Artes." – confessou, olhando fixamente para um ponto na parede.
Finn reconheceu esse olhar no mesmo instante e sentiu como uma espécie de tristeza o envolvia. Blair não era mais do que um pequeno Finn Hudson, esperando por sua oportunidade, por sua chance para cumprir não apenas seus sonhos, mas também os de sua companheira.
- "Sei ao que se refere. Acredite." – murmurou, buscando seu olhar.
Isso foi tudo. Finn estava seguro de que com isso havia ganhado o rapaz (pelo menos havia ganhado a ele, de qualquer forma).
- "Bom, treinador Hudson, aqui tem o que me pediu." – disse o empresário, entrando na sala seguido por Blaine. "Blair levará uns dias para..."
- "Não necessito. Quero assinar agora." – disse, com voz firme.
- "Está seguro?"
- "Nunca estive mais seguro antes." – confessou, com um sorriso, olhando para Finn.
- "Nos vamos em Nova York em duas semanas." – Finn lhe disse, estreitando sua mão antes de sair.
- "Nos vemos, treinador. Cumprimente a senhora Hudson da minha parte." – Finn se virou antes de entrar no carro e caminhou até onde Blair estava.
- "Esse é meu número pessoal. Me ligue quando chegar em Nova York e compre um lindo traje. Compre um vestido para Mandy e traga ela com você. Diga que conseguiu entradas para a estreia de Funny Girl, ela entenderá."
- "Somente ela? Eu vi esse filme umas duzentas vezes."
- "Nem se compara com as quinhentas vezes que eu vi."
- "O que foi isso?" – questionou Blaine, quando Finn entrou no carro alugado.
- "Digamos que Blair se parece mais conosco do que você acha." – respondeu Finn, de forma critica.
- "Voltamos para casa?" – perguntou Blaine, se misturando ao transito.
- "Voltamos para casa."
-oo-
- "Falou com Finn hoje?" – Rachel perguntou para Carole, enquanto ambas preparavam o jantar.
- "Não, não falo com ele desde anteontem. Kurt falou com Blaine e ele disse que voltarão em um par de dias, mas não soube de mais nada. Você não falou com ele?" – questionou a mulher, colocando um enorme peru no forno.
Rachel suspirou.
- "Não, ele e eu... discutimos há uns dias e não quero... não quero incomodá-lo. Sei que ele está muito ocupado e sobre muita pressão, não vale a pena que eu o distraia com as idiotices que acontecem aqui." – ela explicou, tentando não chorar, enquanto cortava uns vegetais.
Não queria pensar na briga que ela e Finn tiveram. Tinha sido tonta e sem sentido, mas nem por isso havia doído menos. Estava tão cansada e sentia tanta falta dele que, na maior parte do tempo, tentava não se lembrar dele. A estreia estava a um par de semanas pra acontecer e Carole e Burt estariam de visita por um mês para ajudar a ela e Kurt com os meninos.
- "Acredite carinho, você não é nunca uma perca de tempo. Sei que as coisas não estão bem como o planejado, mas verá que tudo se solucionará e Finn voltará e tudo ficará bem." – a mulher a consolou, batendo carinhosamente no ombro.
Rachel concordou, ainda cabisbaixa e olhou para o relógio pelo canto do olho.
- "Devo ir, me esperam no teatro em meia hora." – disse, tirando o avental e arrumando a roupa.
- "Rach?" – Carole disse, antes de que ela pudesse abandonar a cozinha. "Está fazendo um trabalho incrível. Não apenas com a obra, mas com as crianças e a casa e... tudo. Estou muito orgulhosa de você." – lhe confessou, olhando da outra ponta da cozinha.
Rachel cruzou o local e a abraçou fortemente.
- "Não sabe o quanto isso significa para mim." – murmurou, tentando não chorar novamente.
- "Você apenas tenha um pouco de fá." – disse a mulher, movendo ela um pouco pelos ombros.
Rachel assentiu e se retirou. Enquanto dirigia pelas movimentadas ruas da cidade, teve a impressão de que aquele ensaio seria o melhor de sua vida.
-oo-
- "Fantástico Berry! Arrumaremos tudo para que possa fazer 'My Man'." – disse Artie da sala de som, enquanto o resto do elenco e os técnicos aplaudiam sua versão de 'Don't Rian On My Parade'.
- "Esteve genial!" – murmurou Tina, ao passar ao seu lado e Kurt lhe deu um par de polegares para cima do outro lado do cenário.
Rachel fechou os olhos quando escutou os primeiros acordes de 'My Man' e o rosto de Finn veio a mente. Não podia ser de outra forma, depois de tudo, aquela música era como uma detonador para ela. Bastava cantar as primeiras notas para que uma sucessão de lembranças deles se apresentasse em sua mente.
Finn e ela sentados no sofá da casa de seus pais, vendo televisão. Finn e ela caminhando pelas ruas de Nova York naquela primeira vez. Finn esperando ela no altar. Finn segurando seus filhos. Mas então o rosto de Finn apareceu borrado e triste, saindo de uma pequena tela e Rachel começou a chorar.
- "Está bem?" – questionou Kurt, segurando as bochechas dela.
Rachel abriu os olhos então, recordando que se encontrava em um lugar público e viu como o resto de seus companheiros a olhavam intrigados. Aparentemente ela esteve chorando no meio do ensaio.
- "Sim... sim, eu só estou cansada." – murmurou para Kurt.
Ele lhe devolveu um sorriso cúmplice e limpou as bochechas dela, tentando acalmá-la.
- "Por que não tomamos cinco minutos?" – Kurt perguntou para o diretor.
- "Não, melhor... paramos por hoje, ok? Nos vemos amanhã." – ele disse, juntando suas coisas e ordenando aos demais que voltassem para casa.
Kurt acompanhou Rachel até o camarim.
- "Já vão voltar, carinho, já verá. Quer que eu te acompanhe até sua casa?"
- "Não, obrigada. Estou bem, sério."
- "Ok. Nos vemos amanhã. Te amo."
- "Sim, eu também te amo. Adeus." – despediu dele, dando um beijo na bochecha.
Deitou no pequeno sofá, desfrutando do silencio por um momento.
- "Ainda lembro a primeira vez que te ouvi cantar essa música." – disse uma voz do outro extremo do pequeno quarto.
Rachel abriu os olhos, sobressaltada.
- "Aparentemente sua especialidade é aparecer do nada, né? Pena que não tenha outra." – disse para Jesse St. James com veemência, lhe dando um olhar assassino.
- "É assim que me recebe? Costumava ser mais efusiva, Berry." – ele disse, olhando determinado para os objetos que repousavam na mesa em frente ao espelho.
- "Sou efusiva com os que são bem vindos, Jesse. Com as pessoas que eu aprecio." – respondeu ela, olhando o reflexo de seu rosto no espelho.
- "Como Finn Hudson, por exemplo?"
- "Especialmente com Finn Hudson." – Jesse soltou um riso, quase com superioridade. "O que é que você acha engraçado?"
- "Me resulta engraçado, carinho, que esteja tão predestinada a cometer erros."
- "E você é quem tem autoridade para falar disso?"
- "Pelo menos eu não me casei com um ignorante que não distingue entre uma árvore e sua própria mão."
Rachel se levantou então, furiosa.
- "Sai daqui." – disse, tratando de mediar sua voz, apontando para a porta.
Jesse se virou para olha-la.
- "Agora você é Rachel Berry. Sabe o que isso significa? Que é alguém, Rachel. Que é importante, que tem uma carreira. Não entendo porque não pode se conformar com isso e prefere descer ao nível de se casar com um treinador de Futebol Americano que, claramente, não alcança o talento de uma estrela e teve que se conformar com olhar as partidas de fora do gramado."
- "E o que você está fazendo agora, Jesse? É a estrela de alguma obra, ou tem sua própria discografia?" – ela soltou, sem poder conter mais, carregada de ira. "Finn sempre foi melhor do que você e sempre será. Pelo menos para mim. Ele e eu... temos uma família. Temos filhos, Jesse. Estamos casados. Amadurece um pouco e para de viver sua vida como se ainda tivesse dezoito anos e pudesse mudar tudo com apenas um movimento de cabelo." – disse, pegando suas coisas e abandonando o quarto, desejando com todas suas forças não voltar a ver ele nunca mais.
-oo-
Claro que não ia poder dormir. Sua discussão com Jesse só havia feito ela sentir ainda mais falta de Finn, se isso era possível.
Olhou no relógio. Eram quase quatro horas da manhã e ainda ano conseguiu conciliar o sono mais do que por um par de minutos. Calçou as pantufas e desceu em silencio as escadas, tentando não acordar os bebês.
Quando entrou na cozinha, porém, teve que conter um grito de alegria: a mala e o casaco de Finn repousavam no balcão, igual que uma xícara de chá e um prato com migalhas de biscoito. Buscou ele na sala, no banheiro e no quarto dos bebê, sem resposta alguma. Estava começando a se preocupar por sua saúde mental quando ouviu os roncos de seus esposo saindo de um dos quartos de hóspedes.
Ele estava ali, com a cara enterrada no travesseiro e os pés saindo pela beirada da cama. Rachel reprimiu um suspiro de alívio e tirou as pantufas, recostando sobre as costas de Finn e metendo suas mãos no pequeno espaço entre a barriga de seu marido e o colchão. Ele levantou o rosto, assustado, acordando de repente.
- "Não se assuste... sou eu." – ela murmurou, acariciando com seu nariz a parte de trás do pescoço dele, beijando um pouco.
Finn relaxou no mesmo instante.
- "Oi." – murmurou, girando na cama para poder abraça-la.
- "Por que está dormindo aqui? Quando chegou?"
- "Não queria te acordar e mamãe e Burt estavam dormindo no outro quarto. Cheguei a uma hora."
- "Não te escutei entrar."
- "Tentei não fazer muito barulho."
- "Oh... como foi?"
- "Muito bem, conseguimos assinar o contrato com Blair Baldwin."
- "Isso é genial!"
- "Sim, estamos muito contentes. Como foi para você?"
- "... bem." – ela mentiu. Sentia demasiada falta dele para ocupar esse precioso tempo falando de Jesse St. James. Ficaram em silencio por um momento, ambos buscando a forma de pedir perdão ao outro. Rachel se incorporou um pouco, segurando as bochechas dele. "Não vamos voltar a brigar nunca mais." – disse, quase em súplica, brincando com o cabelo dele que cresciam pela lateral de seu rosto, em pequenas dimensões.
Finn sorriu, também lhe acariciando o cabelo.
- "Lamento muito, Rach. Não devia ter me comportado assim. Fui um imbecil." – se desculpou, com tom amargo na voz.
- "Não importa agora. Já está aqui e está comigo, não estamos mais bravos." – disse ela, beijando primeiro as bochechas, depois o nariz e por último os lábios.
Dizer que tinha sentido falta dela era uma estupidez, era uma subestimação. Até esse momento, Finn havia se sentido incompleto, como se tivesse tirado a metade de seu corpo. Deslizou suas mãos debaixo da camiseta que ela dormia, lhe acariciando a barriga e um pouco mais acima, girando na cama para envolvê-la com seu corpo. Rachel sorriu contra seus lábios, separando um pouco as penas.
- "Sabe? Nunca fizemos nesse quarto." – murmurou no ouvido dele, enquanto Finn abandonou seus lábios para lhe beijar o pescoço.
- "Sempre tem uma primeira vez." – ele respondeu, tirando a camisa e apagando a luz.
- "Senti tanta sua falta... muito..."
- "Quanto?"
- "Muitíssimo. Demais."
- "Chorou?"
- "Sim. E você?"
- "Se chorei?"
- "Não, bobo. Se sentiu minha falta."
- "Claro que si, carinho. Tanto que me doía."
- "Bom, eu gosto assim."
- "... também chorei um pouco, mas não diga a ninguém."
- "Eu sabia!"