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Rachel encarava a xícara de café forte e amargo em silêncio profundo.

Qualquer um poderia reparar em suas olheiras, mas ela não se importava. Há três dias fatídicos, desde que Finn tinha lhe revelado aquela enxurrada de notícias ruins sobre seu passado, ela só chorava.

Todos na Music House estavam perplexos com o que tinha acontecido. Finn era uma pessoa muito querida por todos, os alunos, principalmente, ficaram sem entender seu sumiço repentino.

Will e Kurt ainda tentaram localizá-lo, mas parecia que a terra tinha engolido o rapaz. Enquanto isso, Marley parecia fugir de Rachel de forma deliberada, mas ela não tinha forças para brigar. Estava triste, apática, como se sua alma tivesse abandonado seu corpo.

– Hey, baby girl. – disse Kurt, entrando na pequena sala que ela tinha na escola de música.

– Olá.- ela respondeu sem o mínimo de empolgação.

Kurt cruzou os braços e disse:

– Saia desta tristeza, por favor.

Rachel encarou-o fulminantemente:

– Como você quer que eu faça isso?! Eu... eu não consigo parar de pensar no que o Finn me falou, não consigo parar de pensar que ele foi embora!

–Rachel, nós temos que raciocinar e deixar a tristeza de lado.

–Como?! – ela indagou, com lágrimas nos olhos.

–Eu estava pensando, Rachel... Arthur tem que pagar, e essa tal de Kirsten também. Só precisamos achar o Finn e fazer com que ele lute contra eles. Da primeira vez que ele jogou tudo pro alto, não tinha nada que o prendesse, nada pelo o que batalhar, mas agora, sim, ele tem. Tem a Music House, você, tem todas as novas perspectivas que ele viu surgirem. Me diz uma coisa, Arthur tentou falar com você nestes últimos dias?

– Bem... ahn... acho que ele me ligou uma vez, mas eu não atendi. Estou com nojo, Kurt, asco, pavor deste homem!

–Rach, Rach... escute. Nós temos que mantê-lo por perto, entendeu?

Rachel estampou uma expressão horrorizada no rosto.

– É, Rachel! Ele não pode desconfiar que nós sabemos o que aconteceu, não pode saber que já sabemos o que ele quer. Precisamos ganhar tempo. Você precisa enrolá-lo, até a gente encontrar o Finn.

Rachel estava pálida, tensa:

– Não sei, Kurt... agora que eu sei do que o Arthur é capaz estou morrendo de medo dele...

–Rachel, confie em mim. Eu... eu tenho um certo palpite sobre onde Finn possa estar.

À simples menção disso, o rosto dela até ganhou um pouco mais de cor:

– Onde?!

– Eu liguei para Carole, explicando tudo. Ela acha que ele pode estar num apartamento vazio do irmão dela, no Brooklyn.

–Sério, Kurt?!

– Sério. É uma hipótese válida, vale a pena nós verificarmos. Enquanto isso, mocinha, trate de fingir que ainda se interessa pelo o que o Arthur pode fazer por você. É uma boa maneira de atrasá-lo em relação seja lá o quê ele pretende fazer. Ok? – Kurt segurou o queixo da amiga e olhou dentro dos seus olhos firmemente.

– Ok. – ela sussurrou.

{...}

Rachel tentou dar um jeito nas olheiras, passando uma camada poderosa de corretivo sobre elas, e dar um jeito no humor. Arthur a convidara para jantar, e, mesmo com o estômago embrulhado só de lembrar sobre o que Finn lhe dissera sobre ele, a professora de música repetia em sua cabeça as palavras de Kurt como um mantra.

Ele a levou para um restaurante no SoHo, que ela não conhecia. Simpático, bonito, envolvente, ele sorria para ela:

– Então, eu... estou muito feliz que tenha aceitado o meu convite. Pensei que você ainda estivesse com muita raiva de mim pelo o que houve entre nós.

Rachel forçou-se a sorrir e perguntou:

– O que você sugere deste menu?

– Ensopado de vitela à provençal acompanhado de batatas com alecrim e alho.

–Hum, parece delicioso. – ela respondeu.

– Onde está Finn? Ele concordou sem nenhum obstáculo que você viesse sozinha jantar comigo? – Arthur indagou, astucioso.

– Finn... Finn está viajando. É, ele foi ver a mãe, que ficou doente. E... eu não preciso dizer a ele algo tão banal como vir jantar com você no meio da semana, não é?

–Algo banal?

– Isso é um jantar de negócios, não é?

Arthur arqueou as sobrancelhas:

– É que você saiu tão desvairada do nosso último encontro, chorando, gritando comigo...

–Você me beijou à força.- ela retorquiu, gélida, pedindo forças a Deus para que a vontade que estava de espetar um garfo na mão dele não se concretizasse. Era preciso resguardar Finn, achá-lo, fazê-lo lutar contra essa tal Ômega, destruir Arthur.

–Querida, aquilo não se repetirá mais. Foi um erro. A não ser que...

– A não ser que?...

–Que você queira. – ele completou, malicioso, olhando para ela por cima da borda da sua taça de vinho. – Sabe, Rachel, há um mundo de coisas que eu posso te apresentar. Pessoas importantes que podem te levar ao estrelato, festas, cultura. E a cada dia que te vejo, sinto que você tem muitas vantagens, e nenhuma desvantagem, em confiar em mim.

Rachel quis rir debochada na cara dele, jogar vinho nele, gritar, espernear, perguntar por que ele estava perseguindo Finn depois de tudo o que ele tinha sofrido. Mas, respirando fundo, ela sorriu:

– Arthur, eu confio em você. E é por isso que eu estou aqui. Não disse nada ao Finn, e sei o quanto minha carreira sai ganhando te tendo ao meu lado.

–Não só sua carreira, minha cara. Imagine, Rachel... no quanto seria ótimo ficar comigo. Você é linda, atraente, sexy... eu estou muito interessado em você.

Rachel sentiu um nó na garganta. “Ai, meu Deus, tomara que a gente encontre logo o Finn!”

{...}

–Adorei a ideia de vir dormir aqui. – disse Rachel, sorrindo quando Blaine passou uma xícara de chocolate quente para ela.

–Nós achamos melhor também. – disse Kurt. – Então, como foi o jantar?

–Péssimo. Kurt, ele está querendo me seduzir!

– Bem, é de se esperar. Talvez ele ache que uma das maiores formas de machucar Finn seria te roubando dele. Mas...

Kurt fez uma pausa dramática e deixou o namorado e a amiga em suspense:

– Eu acho que achei Finn!

–Oh, meu Deus! – Rachel colocou as mãos na boca, sentindo o que era estar alegre pela primeira vez em dias.

–Eu acho que ele está mesmo no tal apartamento no Brooklyn. Tudo indica que sim.

–Eu preciso saber onde é, eu preciso ir lá! – ela gritou.

–Calma, eu te dou o endereço.

{...}

Rachel respirou fundo. O prédio do apartamento em que Finn poderia estar era bem simples, antigo, e ficava numa rua quase sem movimento. Com certeza, era um ótimo lugar para se esconder.

Ela tocou a campainha. Aqueles poucos segundos pareciam uma eternidade. Tocou de novo. Nada. Ninguém viera abrir a porta.

Até que ocorreu à Rachel que, já que Finn estava se escondendo, não devia mesmo vir atender quem tocava a campainha, era óbvio. Então, ela decidiu chama-lo:

– Finn, é a Rachel. Se você estiver aí, por favor, abra a porta. Fale comigo. Eu te amo, e não vou desistir de nós dois.

Finn gelou ao ouvir a voz de Rachel do outro lado da porta. Não podia, não ela não estava ali...

–RACHEL?!

–FINN!

 

 

 

 

 

Cap. 17: "I won't give up"

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