Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
“You bought a star in the sky tonight
Because your life is dark and it needs some light
You named it after me, but I’m not yours to keep
Because you’ll never see, that the stars are free
Oh we don’t own our heavens now
We only own our hell
And if you don’t know that by now
Then you don’t know me that well”
(Você comprou uma estrela no céu esta noite
Porque sua vida está escura e precisa de um pouco de luz
Você a nomeou depois de mim, mas eu não sou sua
Porque você nunca vai ver, que as estrelas são livres
Oh, nós não possuímos nossos céus agora
Nós só possuímos nosso inferno
E se você não sabe até agora
Então você não me conhece muito bem) Marina and the Diamonds – “Buy the Stars”
–RACHEL! – Finn gritou a plenos pulmões quando ela estapeou Marley.
A garota mais alta cambaleou para o lado, trôpega, segurando a face vermelha. Rachel tinha a mão crispada, a raiva tilintando dentro de si:
– Sua vaca! Sua falsa! Se fazendo de santinha mas querendo meu namorado a qualquer custo!
– Você tomou o Finn de mim! – Marley berrou no mesmo tom, ferina.
– Eu não o tomei você! Ninguém toma alguém de outra pessoa! Nós nos apaixonamos!
Marley se sentiu humilhada, deslocada, ferida:
– Você nunca sentiu nada por mim, Finn?
O rapaz estava perplexo com a agressividade das mulheres por causa dele, e hesitou um pouco para dizer:
– Marley, não... eu já tinha te dito...
Mas a garota irrompeu pela porta, chorando, antes que ele acabasse.
– Eu quero matar esta garota! – Rachel gritou, alucinada, urrando de raiva.
– Já passou, Rachel, fica fria...
– Ficar fria?! Finn, essa vadia quer destruir nosso namoro e você me manda ficarfria?
–Ela só conseguirá acabar com nosso relacionamento se deixarmos, você sabia? Não tô interessado nas paranoias dela, tô com problemas demais já na cabeça para me preocupar com a obsessão da Marley por mim. – foi a vez de Finn esbravejar.
Rachel inspirava e expirava profundamente, as narinas se contraindo e expandindo, a raiva dando lugar a milhões de sentimentos ruins que a invadiam como dardos invisíveis e letais:
– Arthur me beijou à força hoje. – ela disse, lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Finn ficou estupefato. Piscando ligeiramente, pego totalmente de surpresa, ele virou as costas e perguntou baixo, roucamente:
– O que você fez em seguida?
– Eu... eu briguei com ele, saí correndo, me senti suja, mesquinha...
– Eu te disse para se manter longe dele. – Finn falou baixo, mas Rachel sabia que aquela superfície calma cobria um coração cheio de dor e raiva.
– Finn, eu... ele me pegou de surpresa... – ela tentou justificar, mas Finn virou-se para ela novamente e ela nunca o tinha visto daquela forma: o ar selvagem, colérico, a ponto de explodir:
– EU TE MANDEI NÃO CONFIAR NELE!! Mas você só faz o que é o melhor para esta sua carreira, não pensou em mim, em tudo o que eu te disse sobre ele!!
– O QUE VOCÊ ME DISSE, FINN?!- Rachel gritou, jogando qualquer discrição pela janela. Naquele momento, qualquer um na Music House devia estar escutando aquele escândalo.- VOCÊ NÃO ME DISSE NADA, MEU CARO. Seu passado é uma colcha de retalhos! Eu não sei o que houve entre você e o Arthur, eu não sei do que tanto você tem medo, nem por que eu deveria temê-lo! Você se esquiva, foge, desconversa! Me diz, Finn, me diz o que você esconde!
Ela o encarou com o rosto borrado de chorar, ainda com raiva, mas também frágil, dolorida.
Finn mordeu o lábio inferior. Coçou a nuca:
– Ok. – ele disse, pigarreando, tentando raciocinar corretamente. – Quando eu entrei para a universidade, fiz amizade com o Arthur. Depois, ele começou a namorar a Kirsten, e nós nos tornamos muito próximos, íamos para todos os lugares juntos. Até que um dia, nós fomos chamados para fazer parte de uma irmandade, a Ômega.
Rachel ouvia a tudo atentamente.
– Esta irmandade era um tanto exclusiva, para não se dizer secreta. Lá só entra quem tem boas notas e pais influentes. Envolve um círculo de gente muito importante no país. Senadores, deputados, altos empresários das maiores multinacionais, juízes. Pessoas poderosas, Rachel. E eles nos recrutam na faculdade ainda para que a gente se torne isso aqui fora e encha os bolsos da organização. Aliás, ela não funciona apenas como uma recrutadora de pessoas poderosas, mas também é uma rede intricada de troca de favores entre elas.
–Como assim? – a garota indagou.
– Imagine que um figurão deste esteja precisando de algo. De sexo, bebida, diversão, drogas, uma liminar na justiça, um habeas corpus, qualquer coisa. Na Ômega, esse negócio de uma mão lavar a outra é a base de todo o sistema. Mas eu quebrei o esquema, Rachel. E agora tô sendo perseguido.
Os olhos de Rachel se arregalaram, perplexos:
– Como, Finn?!
O rapaz caminhou até a janela e encostou o rosto na vidraça, mas não via a paisagem lá fora, só as coisas que passavam na sua cabeça como um filme:
– O Arthur entrou na minha vida de novo com esse objetivo! Está usando você para isso! Eu fugi da irmandade quando me forçaram a fazer coisas horríveis, eu não aguentei a pressão... – ele começou a chorar silenciosamente, e Rachel se assustou.
– Que tipos de coisas? – ela perguntou num sussurro.
– Pediram que eu levasse droga para um empresário que estava em Londres. Quando chegasse lá, deveria também arranjar garotas de programa para ele. Eu não fui, e sofri várias retaliações dentro da irmandade. Até que briguei com Arthur, e sumi dali pra sempre. Mas minha vida nunca mais foi a mesma. Vivi sendo uma sombra de mim mesmo, tentando me destruir, até que vim para cá, e o resto você já sabe.
–Finn, eu... – Rachel tinha a voz fraca, soluçante. Não podia acreditar que ele tinha vivido tudo aquilo e não lhe contara! – Por que não me disse isso antes? Por que me deixou cair nas garras do Arthur?
– Porque eu queria te proteger! Ninguém fora da Ômega deve saber como é lá dentro, agora você já sabe! Eles querem minha cabeça ainda, Rachel!
– Por quê?! – ela se exaltou.
– Porque eu sumi com a droga deles! Eu destruí, não fui pra Londres com ela! E também torrei todo o dinheiro destinado pra essa viagem, gastei tudo, eles estão fulos comigo, e vão me caçar até me pegarem! E já conseguiram, já sabem onde estou, o que faço, as pessoas com as quais me relaciono, agora é questão de tempo até que me peguem!
Rachel estava aterrorizada, no mínimo, e perguntou, atordoada:
– Finn, o que... o que vai acontecer agora?
Ele segou firmemente pelos braços, olhando-a fixamente nos olhos, um brilho infeliz e febril bruxuleando nos seus:
– Eu vou ter que ir embora, Rachel. Não posso mais deixar você correr riscos. Pelo visto, Arthur está disposto a transformar minha vida num inferno, e vai te meter em roubada, eu sei que vai.
Rachel chorava mais, seu cérebro tentando processar aquela informação impactante e mortal:
–Finn, não, por favor... não... –ela gemia debilmente, sentindo-se mole e incapaz de qualquer coisa quando ele dizia que ia embora. – Eu preciso de você! Eu amo você!
– Ele já está movendo as coisas e as pessoas como num tabuleiro, Rachel! Entrou na nossa vida, se aproximou de você, te envolveu, e envenenou a Marley, eu tenho certeza disso. Acredite em mim, nada até agora foi por acaso. Ele está à serviço da Ômega porque eles acham que tenho uma dívida com eles que deve ser paga a qualquer custo. Eu infringi todas as leis da irmandade e ninguém nunca fez isso.
– Finn, a polícia... alguém... pelo amor de Deus!
– Eu sinto muito, Rachel. Eu tentei. Eu tentei ter uma vida normal, um trabalho, um namoro, ser um cara legal. Mas não posso ficar aqui agora que você sabe de tudo. É perigoso para você, para a Music House e... você deve estar com nojo de mim. Me desculpe.
– Finn, por favor... – Rachel chorava copiosamente, soluçando.
Ele a apertou junto a si, beijou seu cabelo, depois, sua boca. Enquanto seus lábios estavam colados, as lágrimas de ambos se misturavam e formavam um só pranto de tristeza e dor:
– Eu te amo. – ele sussurrou antes de ir embora.