Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Finn andava nos corredores quase escuros da faculdade sem dificuldade nenhuma.
Ele sabia bem para onde iria, e seus passos não faziam barulho. Abriu a porta e a viu, sentada olhando fixamente para a lareira, e, sem se sobressaltar, ela o olha e diz:
– Você veio.
–Achava que eu não viria, não é? – ele desafiou.
– Sim, sinceramente. – afirmou Kirsten.
–Mas, aqui estou.
Finn estava decidido, ou pelo menos, estava decidido a estar decidido, se é que isso existia. Kirsten o analisava, e ria baixo. O cabelo avermelhado, escuro, a pele muito branca e os olhos azuis eram sedutores, misteriosos. Ele estava atraído por ela, mesmo sabendo que ela era namorada de Arthur. Era mais forte que ele.
– Você está pronto para tudo o que a Ômega quer de nós? – ela sussurrou, levantando-se da cadeira e puxando a mão de Finn.- Pronto para um mundo novo? De poder, glória, dinheiro?
–Se for com você, sim.
–Você me ama, Finny?- ela sussurrou ao seu ouvido, enquanto suas unhas iam e viam debaixo da blusa de Finn.
– Só amei uma garota na vida, Quinn Fabray, na época da escola ainda. Ela me enganou e quebrou meu coração, então, não quero mais saber disso.
–Tem razão. Amor é para os fracos. – Ela reiterou, segurando o rosto de Finn e beijando-o.
Foi um beijo voluptuoso, tenso, áspero. Aquilo seria um problema se Arthur descobrisse, mas, o que Finn poderia fazer? Kirsten o hipnotizava. E ele faria tudo para conseguir ficar com ela, até dar o sangue para fazer parte da Ômega.
Ele acordou suado, assustado, ofegante. Maldito pesadelo. Malditas lembranças de Kirsten, daquela época que ele gostaria de enterrar no mais profundo buraco da sua memória.
– O que foi, Finn? – Rachel perguntou, sonolenta, esfregando delicadamente as costas dele.
–Nada, querida. – ele trouxe a mão dela para si e beijou as pontas dos dedos.- Volte a dormir.
–Sim, preciso estar bem descansada, amanhã é minha audição na Broadway.- ela disse, aconchegando-se ao peito dele.
–Amanhã, já?
–Humhum.- Rachel afirmou, antes de cair no sono de novo.
Mentalmente, Finn pediu aos céus para que Rachel não fosse aprovada e, assim, Arthur sumisse de suas vidas.
{...}
-Marley, você está tão bonita e diferente!- Will comentou quando, naquela manhã na Music House, a jovem professora apareceu com um novo visual. Mais maquiada e com uma roupa mais descolada que o normal, todos os caras estavam babando por ela, e até Puck comentara com Artie que estava a fim de convidá-la para uns drinques.
Finn também reparou na mudança, mas preferiu não comentar nada, já que era pedir para brigar com Rachel ele fazer qualquer coisa relacionada à garota.
– Vai acabar tendo overdose de cafeína. - Kurt disse, sentando ao lado do irmão na cantina da escola de música.
– Não dormi direito. - Finn respondeu.
– Algo grave?
– Não, apenas pesadelos.
Ambos ficaram em silêncio por uns instantes até Finn indagar, olhando para o irmão:
– Seria muito egoísmo da minha parte querer que Rachel não se dê bem naquele tal teste só para o Arthur sumir de vez?
– Não.- Kurt respondeu, bebericando o seu cappuccino. – Arthur não é uma boa pessoa, eu sinto isso.
– Mas ele parece ter mudado. O pior é isso. Se ele ainda estivesse agindo feito um covarde, como antes... mas ele parece ter se redimido. Tenho medo de estar estragando uma oportunidade de ouro para a Rachel apenas por insegurança.
– Finn, é melhor dar um basta nisso. Diga para ela o que é a Ômega, impeça-a de ter mais contato com o Arthur. Ele pose estar apenas fingindo e tramando algo contra você.
Finn comprimiu os lábios e balançou a cabeça. Ele não poderia mais ficar refém de seu passado.
{...}
Rachel retocou o rímel e respirou fundo. Estava ansiosa para o seu teste, mas sabia que se preparara bem o bastante para conseguir um papel.
No fim das contas, não foi nada de outro mundo. Ela teve que cantar, o que fez com perfeição, dançar, e representar. O diretor a olhou com atenção e prometeu lhe ligar dali a alguns dias, quando a bateria de testes para a peça terminasse.
Arthur a esperava do lado de fora do teatro, encostado em seu carro:
– Como foi o teste, estrela?
– Ótimo! Acho realmente que tenho chances.
– Então, deveríamos almoçar juntos para comemorar, não acha?
– Han... eu não sei... ainda tenho que dar aula hoje na Music House, e queria tanto ter um tempo com Finn... –ela se esquivou.
– Relaxe, Rachel, é só um almoço rápido.
Arthur a levou para um restaurante que ela não conhecia, um requintado lugar do Upper West Side.
–A pasta com trufas daqui é divina. - Arthur comentou, dobrando seu guardanapo e pondo sobre o colo.
Rachel se sentia um pouco deslocada, mas tratou de embarcar no glamour do momento. Se ela fosse uma estrela, como um dia sonhava em ser, não deveria ficar perdendo tempo com encabulamentos estúpidos. Por isso, sorriu de leve quando o garçom colocou o vinho branco em sua taça e cruzou as pernas, fazendo uma pose de mulher chique e bem-resolvida, que ela imaginava ser o tipo que andava num local como aquele.
A comida ali era realmente excelente, e o almoço foi agradável. Arthur lhe distraía falando coisas do show bizz e ela se deixou levar, até olhar para o relógio:
– Minha nossa, eu preciso ir! – ela disse, levantando-se.
– Eu te levo.- ele se prontificou.
– Não, Arthur, você já foi tão gentil, eu posso pegar um metrô e...
O resto das palavras morreram em sua boca, pois Arthur colou os lábios nos dela, segurando delicadamente seu rosto.
No momento em que o susto passou e ela processou a informação, isso segundos após ele comprimir os lábios nos seus, Rachel o afastou:
– Você... o que foi isso?
– Desculpe, Rachel. Mas você é irresistível.
Rachel piscou várias vezes, confusa sem reação:
– Você não podia ter feito isso. Eu tenho namorado. Eu o amo. Eu... nem sei o que Finn pode fazer se souber disso, e... eu não ... eu amo o Finn...
Arthur, internamente, se divertia com o embaraço dela. Como era tola, como estava caindo tão perfeitamente em seus planos...
– Rachel, eu insisto em te levar.
– Não, obrigada, eu vou só. – ela disse, retirando-se do restaurante.
{...}
Finn estava sozinho na sala, após o término de uma aula, quando ela entrou e colocou as mãos sobre seus olhos.
– Quem é?
– Nossa, não conhece o toque das minhas mãos?
– Não, Marley. – ele disse, afastando-se.
Ele estava sentado na bateria, e ela o rodeou, ficando de frente para ele. Suas pernas longas estavam bem valorizadas numa saia curta e com botas de cano longo e salto alto. Ela usava uma jaqueta escura e uma blusa provocante, além de uma maquiagem mais escura.
– Gostou do meu novo visual?
– E eu teria que gostar? – ele retrucou, ríspido, levantando-se para guardar suas baquetas. Não queria ser rude, mas já estava cheio de problemas para dar brecha para Marley vir lhe arranjar mais um.
–Nós tivemos algo, Finn. Lembra? – ela perguntou, encarando-o.
– Não, Marley, não tivemos. Saímos duas vezes, comemos cachorro-quente, dei um selinho em você, e só. Isso nem chegou a ser algo.
– Claro, Rachel apareceu no meu caminho.
–Marley, seja lá o que for que você esteja querendo, não vai obter de mim. Eu gosto de você, sério. Te acho bonita, talentosa, legal, mas como amiga, ouviu? A-mi-ga.- ele disse pausadamente, como quem explica algo bem didaticamente.
Marley pigarreou e revidou:
– Eu posso ser como ela é. Posso ser uma estrela. Arthur me disse isso. E, dentre as coisas que ela tem, uma delas eu quero mais que tudo: você.
Finn arregalou os olhos estupefato:
– Que bicho te mordeu, garota?! Eu não sei o que o Arthur te disse, mas não acredite nele. Vá por mim, eu também já acreditei e foi a pior besteira da minha vida.
–Eu vou lutar por você, Finn.- ela disse, como se não tivesse escutado nada do que ele falara.
Rachel, que vinha aturdida, abriu a porta da sala. Precisava falar com Finn, precisava conversar, estava se sentindo suja pelo beijo que Arthur lhe dera, precisava se explicar...
–Você vai lutar pelo meu namorado, Marley? Foi isso o que eu escutei? - ela perguntou, irada e perplexa.