Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Não necessita uma licenciatura em psicologia para deduzir que em algum momento, não importa o quão incrível seja sua vida, Rachel Berry vai sentir falta dele. Os primeiros meses bastavam o reconhecimento das pessoas, com as entrevistas, com algumas apresentações em programas de TV e várias capas de revista. Mas sobretudo, bastava Amy e Finn, ter tempo para eles, para seus amigos e sua família. Mas a cada manhã, quando ambos se despediam e ela fica sozinha naquele lugar que as vezes (ainda) lhe resultava estranho, deseja secretamente que algum produtor ligue para ele para lhe oferecer algo, para lhe dar uma carícia ao ego, para lhe demonstrar que não foi um erro ter deixado, o que provavelmente será para sempre, o melhor trabalho que poderia conseguir.
Ela vai ver eles, as vezes, nos ensaios. Ajuda a nova protagonista a se familiarizar com seu papel, com o palco, com seus companheiros e não pode evitar sorrir quando alguém do elenco murmura (em voz baixa) que ninguém será tão bom como ela.
- "Tem toneladas de opções, Rachel. Não sei porque não pega uma." – lhe disse Jason, seu representante, naquela manhã de primavera no pequeno café de Nova York.
Rachel não respondeu. Era verdade, tinha opções. Tinha um par de musicais, uma obra dramática e um filme independente. Havia ligo os scripts, havia passado eles para Finn e discutido com Kurt sobre eles e mesmo que ambos opinassem que ela tinha talento e a capacidade para trabalhar em qualquer coisa, não pode se decidir.
- "Estou esperando a proposta certa, Jason. Nenhuma dessas me chamou a atenção, sinceramente." – se explicou pela enésima vez.
- "Me escute, Rachel. Entendo que agora acha que está passando pelo melhor momento da sua vida e que esta... apaixonada e formando uma família." – lhe disse, com um tom monótono que lhe deu a entender que aquilo parecia uma estupidez. "Só quero te dizer que não vai encontrar a oportunidade da sua vida se passa o dia fazendo os afazeres de outra pessoa."
- "Sabe Jay, acho que terminamos por hoje." – contestou Rachel ofendida, enquanto deixava na mesa o dinheiro correspondente ao seu café.
- "Você é Rachel Berry! Chegou até onde está sem ninguém, sem nada além do seu talento e seu esforço! Lembre-se disso!" – gritou ele, sobre o barulho dos carros.
Rachel nem sequer se virou.
- "Que sentido tem ser Rachel Berry se não posso fazer o que quero?" – disse para si mesma, enquanto se misturava ao transito pesado da manhã.
-oo-
Fiin sabe que algo ocorre com ela, porque aquela noite quando voltou depois do treino, encontra Rachel recostada no sofá, olhando os velhos vídeos do New Directions e comendo um sorvete de chocolate vegetariano.
- "Aiii... essa nota saiu desafinada." – lhe disse, parando o vídeo das Seletivas de 2012 aonde ela e Santana cantavam uma velha música do ABBA.
Finn franziu a testa, se sentando ao lado dela e pegando o controle remoto.
- "O que foi?" – perguntou enquanto tirava os sapatos dela para lhe dar umas doces massagens nos pés.
- "Nada, só... só queria ver esse vídeo." – contestou não muito segura, escondendo o olhar dele.
Finn se aproximou mais, a rodeando pelos ombros e atraindo ela para ele.
- "Não entendo porque te esmera tão pouco para mentir para mim. Acho que prefere que eu continue te perguntando." – murmurou.
Sentiu como o pequeno corpo de Rachel relaxava, se moldando mais ao seu.
- "É só que... bem, em um par de dias terminarei de empacotar minhas coisas do meu velho apartamento e... não tenho muito o que fazer. A cada manhã, quando vocês se vão... eu me sinto um pouco vazia." – lhe explicou.
Não pode evitar pensar que havia sido uma idiota por não dizer isso para Finn antes, já que agora que fazia, podia sentir como pouco a pouco o peso e a angústia que havia sentido em seu peito nesses dias ia se desvanecendo.
- "Veja, em um par de semanas começará o recesso de verão e passaremos muito tempo juntos. Mas até então, deveria... buscar algum tipo de entretenimento." – lhe disse, buscando em sua mente possíveis opções para lhe dar.
Rachel não contestou, mas se aproximou mais dele, se sentando em seu colo. Finn lhe acariciou o cabelo distraidamente.
- "Lamento muito, carinho!" – murmurou, realmente apenado.
- "Por que? Você não fez nada!" – disse ela, segurando o resoto dele entre as mãos.
- "Rachel... nos últimos dois meses você se mudou do seu apartamento, deixou seu trabalho e seu estilo de vida e fez isso tudo por nós. Não posso evitar me sentir culpado."
- "Finn, você não me obrigou a nada. Eu fiz porque eu queria assim e não me arrependo de ter feito nem por um segundo. Sim, pode ser que me custe um pouco me acostumar, mas cedo ou tarde o farei, já verá." – lhe assegurou, beijando ele docemente.
Tinha um pouco de gosto de chocolate e Finn também segurou ela pelas bochechas, a beijando com mais força, tratando de amenizar assim a angústia que momentaneamente havia invadido ele.
- "Sabe que te amo, né?" – lhe disse, uma vez que voltaram a posição anterior e Rachel voltou a colocar o vídeo.
- "Isso é o que dizer na rua." – brincou ela, se servindo com uma colher de sorvete e dando para ele na boca.
Finn sorriu, enquanto o reflexo dos dois segurando o troféu apareceu na tela da televisão.
Uma semana depois, Rachel recebia uma oferta da Disney para dar voz a um novo personagem animado. Não foi nem Finn, nem Kurt e nem seu agente que a convenceu, mas a pequena Amy. Rachel assinou o contrato com a certeza de que aquela experiência poderia ser novidade e inclusive incrível.
Porém, ao voltar para casa essa noite e encontrar com a pequena festa que Finn e Amy haviam organizado, decidiu, sem hesitação, que ser a mãe adotiva de Amy (e a futura esposa de Finn, se as coisas continuassem tão bem) era a melhor profissão do mundo.