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O primeiro fim de semana de Rachel e Amy a sós ocorreu no final do inverno. Os Jets jogariam no Arizona. Finn mal havia subido no avião quando as garotas já haviam começado com todos os planejamentos.

Rachel levou Amy para um estúdio de gravação, para mostrar a ela como funcionava e as duas terminaram gravando sua própria versão da música de Cruella DeVille, mesmo quando Amy se equivocou no meio da letra. Rachel pensou em guardar para Finn como um presente de aniversário, mas estava tão orgulhosa que no meio da tarde já tinha enviado a versão em MP3 e os 20 jogadores dos Jets passaram o treino escutando a música várias vezes.

No dia da partida, Rachel, Amy e Kurt programaram uma sessão de manicure enquanto viam Finn e Blaine pela televisão nacional. Amy se entusiasmou tanto que terminou quebrando uma de suas Barbies quando a equipe adversária marcou um touchdown (Kurt recordará para sempre aquela partida como 'O Grande Massacre da Barbie Malibu').

Os Jets terminaram ganhando no último minuto e Rachel não pode evitar soltar um par de lágrimas de orgulho ao ver o rosto de Finn na tela da televisão, enquanto Kurt e Amy tratavam de copiar a coreografia das líderes de torcida. Ele contava a sua sobrinha daquele ultimo campeonato das Cheerios que tinha participado (e ganhado).

Quando Finn voltou para casa, ele e Rachel inauguraram o denominado "Sexo da vitória", que somava a ansiedade por terem ficado separados durante quase cinco dias e a emoção de ter cobrado outro bônus suculento pela vitória. Secretamente, Finn começou a desejar que tosos os finais de semana os Jets jogassem fora, até que uma partida ganha em Nova York lhe ensinou que o "Sexo da vitória" se aplica também nos jogos locais.

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O segundo fim de semana de Rachel e Amy a sós, ocorreu no início da primavera. Ambas haviam planejado com antecipação um piquenique no Central Park, então quando Finn se despediu indo para o Texas, elas pegaram a cesta e foram para lá.

Rachel, claramente, havia passado despercebida pelo prognóstico do clima, que prometia a última grande tempestade de neve, por isso ambas voltaram para o apartamento úmidas, frias e de mal humor.

O resto do fim de semana passou como uma grande nuvem de descongestionantes, chás de ervas, banhos quentes e filmas da Disney (Kurt o recordará para sempre como "O Fim de Semana da Catarata do Kleenex").

Os Jets perderam por três pontos e Finn voltou devastado para se deparar com uma casa a ruínas e duas mulheres moribundas em sua cama. Dias depois, quando Rachel foi capaz de recuperar, inventaram a "Rodada da Consolação", que consistia na vontade de esquecer a derrota com a decepção de perder o bônus pela vitória.

Rachel se inscreveu no canal do tempo e Finn pensou que amava fazer amor com ela ainda quando não tinha um rótulo. O resto da semana, Rachel foi para a casa de Kurt para cuidar da recente gripe que ele havia contraído e durante quatro dias escutou ele maldizer a ela em quatro línguas distintas.

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O terceiro fim de semana, Rachel e Amy decidiram que deveriam aproveitar o tempo livre para fazer algo realmente construtivo (Rachel pensou que isso seria bom e Amy pensou que tudo o que Rachel propunha era incrível). Finn ia ficar fora vários dias, já que os Jets jogariam na Flórida, então decidiram que redecorar a cozinha era a melhor opção. Se os Jets perdessem, essa seria uma boa forma de alegrá-lo (pelo menos uma em que Amy formasse parte).

Então, durante toda a sexta-feira, Amy e Rachel pintaram paredes, armários e prateleiras de uma cor pêssego, que durou exatamente o tempo que Kurt demorou para chegar e gritar com elas (nos mesmos quatro idiomas) que aquilo era um assalto ao bom gosto (Kurt recordará para sempre como "O Fim de Semana da Agonia Visual"). Com muito esforço, um pouco mais de tinta, três macacões e a discografia da Madonna, conseguiram terminar a redecoração no mesmo momento em que os Jets finalizavam ganhando por três touchdowns.

Rachel se assegurou de que a lingerie que havia comprado (prevendo uma vitória com base nas estatísticas que Blaine, cordialmente, havia lhe mandado por e-mail) estivesse por baixo do sujo macacão.

Finn voltou, feliz e sorridente, para se deparar com a cozinha quase irreconhecível, Amy transformada em uma fã da Madonna e uma Rachel mais sexy do que nunca. Pensou que se redecorar a cozinha ia deixar ela de tão bom humor, era capaz de comprar uma casa só para ver ela rir, como agora, enquanto tirava o macacão em um movimento lento e fluido, o deixando louco.

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No quarto fim de semana, os Jets jogaram em Ohio, então a turma toda juntou suas coisas e foram para a querida Lima para uma maratona de Futebol Americano, comida e família. Finn e Blaine estavam praticamente todo o dia fora e geralmente também levavam Burt, por isso o trio magnífico formado por Rachel, Amy e Kurt foi somado a Carole e os Berrys. Rachel havia se esquecido o quão linda é Lima na primavera e passaram todo o fim de semana visitando lugares e amigos, até que no domingo se dirigiram para o estádio em busca da vitória.

Kurt e Amy haviam conseguido decorar a coreografia das líderes de torcida e a menina quase morre de alegria ao perceber que as câmeras de televisão focavam ela, enquanto dançava ao ritmo dos pompons e assovios (O que Kurt recordará para sempre como o "Fim de Semana do Debut Televisivo de Amy Hudson").

Quando os Jets perderam, Rachel pensou que Finn deveria esperar uns dias para obter sua dose da "Rodada da Consolação", mas então ele a convidou para ver um filme de alienígena no autocine e Rachel não pode evitar se sentir aliviada ao ver ele estacionar o carro no meio da estrada, deitando o assento e se aproximando para beijá-la.

- "Devo dizer que o pós-jogo está me entusiasmando mais que o próprio jogo." – ele confessou, arrumando o cabelo uma vez que terminaram e estacionavam o carro na garagem de Burt.

- "Hoje cortei minha fama de boa sorte." – se queixou Rachel, uma vez que deitaram para dormir, fazendo ele notar que era o primeiro jogo que ela havia assistido que os Jets não haviam ganhado.

- "Acredite carinho, com você sempre há boa sorte." – respondeu Finn, se aproximando novamente enquanto tratava de não fazer barulho no velho sofá-cama.

Se a luz estivesse acesa, teria visto o que possivelmente era o maior sorriso que Rachel Berry já havia dado.

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O quinto final de semana, foi o primeiro realmente lamentável. Os Jets jogaram em São Francisco. Rachel e Amy haviam planejado ir lá, até que Rachel acordou com o pior mal estar de estômago que recordava. Finn pensou seriamente em não viajar, mas Rachel insistiu tanto que ele terminou subindo no avião no último minuto.

Amy passou todo o fim de semana com Kurt, enquanto Rachel visitava o 'trono de porcelana' a cada vinte minutos e maldizia naqueles quatro idiomas que Kurt havia lhe ensinado. Quando a partida começou, esse se aproximou da cama aonde Rachel estava se recuperando para lhe deixar um prato de sopa, pão, um par de comprimidos e uma caixinha envolta em um papel marrom.

- "O que é isso, uma bomba? Porque acho que é o único que poderia me fazer sentir melhor." – protestou, sem sequer abrir, tomando a primeira colherada de sopa com cara de nojo.

- "Não Berry. É um teste de gravidez." – murmurou, se assegurando de que Amy não estivesse perto.

Rachel olhou para ele com os olhos assombrados, antes de desembrulhar rapidamente a caixinha, pegando ela com as mãos como se fosse a mais valiosa do mundo.

- "Acha que não pensei nisso? Há chances severas de que seja isso o que tenho." – lhe confessou, tomando outra colherada da sopa.

Kurt não pode evitar conter um sorriso.

- "O que estamos esperando? É o momento perfeito, Amy está distraída e levará apenas uns minutos." – disse, lhe dando coragem.

- "Não deveria esperar o Finn?"

- "Se dá negativo, Rachel, romperá o coração dele. Acho que assim é melhor." -contestou Kurt, com toda a sinceridade de que era capaz.

Uns minutos depois, Rachel abriu a porta do banheiro para deixá-lo entrar.

- "Fez... fez no palitinho?" – questionou ele, nervoso.

Rachel assentiu com a cabeça, se sentando na beirada do vaso e ele a seguiu. Durante esses três minutos, ela pensou em mais coisas do que achava que fosse capaz.

Recordou aquela primeira conversa, no velho quarto de Finn, esse com o papel de parede dos Cowboys e a cama pequena. Recordou como então, com seus dezesseis anos e depois de ter passado por todo o problema do bebê, ainda assim ele pensava neles no futuro, como uma família. Recordou a pequena conversa que tiveram na véspera do Natal e a forma com que Finn sorria para ela cada vez que Amy a chama de mamãe. E por um minuto todos os contras que uma gravidez naquele momento significava desapareceram. Rachel desejou, como nunca havia desejado nada em sua vida, que aquele simples dispositivo marcasse positivo. Que isso que ela sentia em seu interior fosse... fosse uma parte dela e uma de Finn.

Kurt apertou a mão dela, em sinal de aviso e ela lhe pediu que revelasse o resultado porque não era capaz de fazer isso sozinha. Kurt olhou para o pequeno artefato por um segundo, antes de negar com a cabeça e jogá-lo no lixo.

Rachel fingiu alívio e ele a imitou, tratando não colidir as duas decepções ou dessa forma não haveria lugar suficiente nesse quarto que contivesse a pena e tristeza dos dois. Durante um bom tempo, falaram do alívio que representava que ela não tivesse que passar por isso agora (No que Kurt recordará para sempre como a conversa mais fictícia e falsa que ele e Rachel tiveram na vida, intitulando o fim de semana com "O Negativo". Nenhum dos dois voltou a fazer referência a esse fim de semana nos anos seguintes).

Sentiram Amy festejar o triunfo dos Jets e Rachel pensou que pela primeira vez, realmente desejava que Finn não voltasse para casa.

- "Já sei, já sei... O "Sexo da Vitória" terá que esperar até que você se sinta melhor." – disse Finn, de forma compreensiva, enquanto ela entrava na cama na noite seguinte.

Rachel se virou, com os olhos cheios de lágrimas (aquelas lágrimas que havia contido por 24 horas), se agarrou a ele com toda a força de que era capaz. Não pode conter a verdade. Não pode sustentar a mentira. Não pode evitar dizer para ele, quando ele perguntou o que estava acontecendo, que a dor de estômago era apenas um par de cosquinhas ao lado do vazio que sentia desde a tarde anterior.

Ele não necessitou que explicasse duas vezes: sabia, mais do que ninguém, o que significava perder um filho que realmente nunca havia tido. A abraçou forte, abafando o som do seu choro, dizendo para ela 'eu te amo' quantas vezes a voz lhe permitiu. Lhe prometeu que haveriam outros dias, outras chances, outros tempos. Que talvez não aconteceria na primeira ou na vigésima, mas que estava comprovado que cedo ou tarde as coisas sairiam bem entre eles.

Ela murmurou para ele, antes que o cansaço de todo aquele choro a colocasse para dormir, que não haveria um só dia em que não desse o melhor dela, o que tinha e o que não tinha, para demonstrar a ele que o amava, com loucura, as vezes fora do tempo e do lugar.

Outro teria se assustado. Outro homem teria pensado que não era normal que sua namorada de poucos meses chorasse por um filho que nunca havia sido. Outro homem teria se sentido aliviado e teria deixado ela na manhã seguinte quando o café da manhã tivesse acabado. Mas ele, Finn Hudson, dormiu aquela noite a abraçando forte, contendo ela em seus braços e esperando o momento em que ela adormecesse para chorar também.

O velho Finn, aquele com que agora simpatizava, havia achado que Garoa era um nome original. E estava certo: tal como a garoa, essas coisas escapavam da mão dele.

Capítulo 13

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