Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Sabe aquele momento em que você está tão perto, mais tão perto da pessoa amada que simplesmente perde a fala, literalmente? Então, estou vivendo esse momento nesse exato instante. Na minha frente, lá está Finn, preocupado em achar algo em sua poltrona. Eu podia ver o quão entretido ele estava naquilo, por isso nem notou que eu estava ali. Soltei um leve ruído pela boca. Algo meio bizarro, mas foi a única coisa que consegui emitir. Vi ele virar seus olhos castanhos para mim, e me olhar espantado.
–R-Rachel?-Perguntou, paralisado assim como eu. Vi as pessoas atrás de mim gritaram para que eu saísse da frente, e assim eu fiz. Deixei todos passarem, e nesse momento, me tornei um ser invisível de tão baixinha que era. Nem Finn eu conseguia enxergar, e muito menos ele me enxergava. Subi em uma das poltronas que estavam vazias, e encontrei Finn, após uma mala ser tirada do meu campo de visão. Sorri.
–Eu me enganei quando fiquei com Sam, Finn. Ele nunca foi o homem certo pra mim.-Disse um pouco alto, para que ele pudesse me ouvir. Vi seu rosto tomar um tom de confusão, e imaginei que ele não tivesse escutado nada direito.
–O QUÊ?-Minhas teorias foram confirmadas com o grito de Finn, que logo depois for acertado por uma velhinha, que deu um forte tapa em seu ombro.
–Eu me enganei sobre Sam. Ele nunca foi o homem certo pra mim.-Repeti, agora um pouco mais alto, para que Finn me ouvisse.
–O QUÊ?-Ele repetiu, ainda perdido no meio da multidão escandalosa. Suspirei e fechei os olhos.
–CALEM A BOCA!-Gritei o mais alto que pude, e praticamente todo o povo do avião ficou quieto. Santana teria orgulho de mim se estivesse ali, eu tenho certeza. Desci da cadeira, enquanto via um Finn sorridente me encarando com curiosidade.
–Você estava indo pra Londres?-Ele perguntou, ainda sorridente, enquanto eu caminhava, ou tentava caminhar até Finn. Minhas pernas estavam moles como gelatinas.
–Eu precisava te encontrar, e te dizer o quão errada eu fui quando pensei que poderia substituir você por outro homem. Eu me enganei, enganei meu coração, sustentando a ideia de que iria encontrar um novo amor. Mas você é o dono do meu coração, você queira ou não. Você é o homem perfeito pra mim.-Disse, assim que cheguei perto de Finn. Uma fileira de cadeiras nos separava, e isso só me deixava mais nervosa. Eu podia ver todo o pessoal em suas poltronas, escutando nossa conversa.
–Eu voltei pra cá porque Blaine me disse que Kurt estava doente. Aí eu pensei, que tudo que eu estava fazendo era errado. Fugir de New York e ir pra Londres nunca iria resolver meus problemas. Eu não parei de pensar em você um segundo sequer, Rachel. E então, eu vi essa oportunidade de voltar pra New York e te tirar das mãos daquele Ken de segunda mão. Mas parece que você facilitou isso pra mim.-Finn disse, com seu sorriso encantador, aproximando-se mais ainda de mim, deixando nossas testas coladas. Podia ouvir alguns dizendo baixinho um: "beija, beija, beija".
–Parece que Santana e Kurt bolaram mais um plano infalível pra que nós fiquemos juntos. Mas esse foi diferente. Esse deu certo.-Disse, colando finalmente nossas bocas. Podia ouvir a explosão de gritos dentro do avião, enquanto eu flutuava com aqueles lábios colados tão intensamente nos meus. Podia sentir a atmosfera sumindo, os gritos sumindo. Ali, era somente eu e Finn, e nossas bocas famintas uma pela outra. Quando me soltei de Finn, foi como voltar de uma boa e maravilhosa viagem ao céu. Ele ainda me segurava pela cintura, enquanto eu tinha os braços enrolados em seu pescoço.
–EU NÃO VI LÍNGUA NESSE BEIJO! PODEM REPETIR!-Gritou um dos homens atrás de mim, e eu ri com sua fala, assim como Finn. E foi isso que fizemos. Repetimos a dose, mas com mais emoção dessa vez, onde línguas batalhavam pra ver qual era a mais resistente. Corei quando me soltei de Finn pela segunda vez.
–E isso tudo é que te faz a minha mulher perfeita. Quando você usou roupas extravagantes, tentou me fazer ciúmes, quando ficou com outro homem, e quando pintou o cabelo de loiro, você ainda era a minha mulher perfeita. Ela só estava escondida aí dentro, tentando ser o que não era. Mas a mulher que eu amo é aquela que acorda toda babada de manhã, com os olhos inchados e com um sorriso no rosto. A que sempre foi minha melhor amiga, minha companheira em tudo aquilo que eu precisava. Aquela morena que sempre me confortava nos momentos difíceis, e sempre me respeitou e aceitou minhas piadas ruins, sem reclamar. Você é perfeita pra mim, sem pôr ou colocar nada.-Disse Finn, e eu sentia as lágrimas escorrerem rápidas pelos meus olhos, alcançando minhas bochechas e perdendo-se em minha camiseta. Eu não podia amar mais aquele homem do que amava agora; eu queria somente tê-lo comigo, pra sempre. E era assim que seria. Pois uma vez que eu tenho meu homem perfeito nas mãos, ele nunca mais vai sair delas.
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Depois de pedirmos desculpas ao piloto e a todos do avião, cancelei minha viagem e voltei abraçada para o apartamento de Finn, onde Santana, Kurt e Blaine nos esperavam. Descobrimos sobre a brincadeira que ele fizeram, e rimos com a situação. Aqueles dois só sabiam aprontar. Entramos no apartamento, e encontramos todos sentados no sofá, presos em seus pensamentos. Eles levantaram assim que eu e Finn batemos a porta.
–LATINA, PORCELANA...EU NUNCA ODIEI TANTO VOCÊS NA MINHA VIDA!-Gritei, atacando os dois com tapas e cócegas, enquanto nós todos ríamos sem parar. Todos aqueles anos, de repente, valeram a pena. Todo o sofrimento, os planos mal feitos e mal resolvidos, tornaram aquele momento o mais perfeito de todos. Eu não podia estar mais feliz. Kurt tinha um namorado, Santana estava finalmente admitindo para si mesma e para a sociedade que era lésbica, enquanto eu e Finn encontramos a paz e o amor ao lado um do outro. Finalmente, meu Deus! Eu não aguentava mais sofrer por esse homem.
Finn desarrumava sua mala no quarto, e bati de leve em sua porta. Ele parecia ainda concentrado em encontrar alguma coisa que ele havia perdido, como quando cheguei no avião naquele dia.
–Perdeu alguma coisa?-Perguntei, enquanto ele vasculhava a mala sem parar. Sentei em sua cama, rindo da sua expressão de preocupação.
–E-eu vou achar, eu preciso achar.-Ele disse, batendo nos bolsos da calça. Sorriu, tirando dali aquela coisa que achou que havia perdido. Arregalei os olhos ao ver aquilo brilhar nos dedos grossos de Finn. Um anel.
–F-finn...isso é...-Eu apontei, trêmula, para o anel em sua mão. Ele se ajoelhou, e eu só me via cada vez mais apavorada.
–Meu plano era chegar aqui em New York, descobrir aonde aquele Sam morava, tirar você dali. Mas, se não desse certo, eu tinha esse anel de casamento comigo. E eu sei que isso você não iria negar.-Ele disse, sorrindo, segurando minha mão. Engoli seco.
–M-mas deu tudo certo, no final das contas.-Eu disse, apavorada com a ideia que passava na cabeça de Finn.
–Mas, e se só ficarmos noivos? Sem datas, sem meses de preparação. Eu te conheço como a palma da minha mão; não precisamos namorar dez anos para só assim nos casarmos. Mas enquanto isso, somente noivos, se você aceitar.-Finn disse, e senti o alívio percorrer meu corpo. Sorri, segurando as mãos de Finn.
–Noivos?-Estendi a mão, pedindo para que ele apertasse. Finn riu, apertando forte minha mão. Gritei baixo pela dor que aquilo me causou, e depois ri.
–Noivos.-Ele sorriu, colocando o anel em meu dedo, me beijando suavemente. Ouvi Santana e Kurt entrarem no quarto, derrubando eu e Finn na cama, fazendo um tipo de bolinho. Eu vivo com animais.