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- "É uma necessidade imperiosa que tomem cerveja dessa forma?" – questionou Kurt, como cara de nojo, enquanto ele e Rachel ocupavam seu lugar no estádio.

- "Relaxe, é parte do espetáculo." – contestou ela, buscando Finn entre a multidão.

- "Mamãe, estou brincando com Kelly ali em cima." – gritou Amy e Rachel lhe fez um gesto com a mão enquanto via ela se sentar no espaço aonde as famílias dos jogadores se encontravam.

- "Isso nos dará tempo de conversar sem interrupções." – disse Kurt pegando uma bala de menta e dando um para Rachel.

- "E do que quer conversar?" – questionou Rachel, claramente entusiasmada.

- "Do Pé Grande e você, Berry. Do que mais poderia falar?" – contestou ele, exasperado.

Ela não pode evitar sorrir ao ouvir o estranho apelido que Kurt havia escolhido para seu irmão.

- "As coisas vão muito bem. Estamos tratando de... de buscar a forma de avançar, mas não muito rápido. Vamos com cautela." – lhe respondeu ela.

- "E isso no que consiste? O que é que você quer fazer?" – lhe disse, enfatizando a parte que correspondia a ele, enquanto as líderes de torcida entravam em campo e uma multidão de homens eufóricos gritavam em uníssono.

- "Bom... eu quero estar com ele. Com eles, na realidade." – disse Rachel, enquanto o estádio apaziguou. Olhou para Kurt por um segundo antes de confessar aquilo que não tinha sido capaz de dizer a ninguém mais. "Me pediu... Finn me pediu que me cassasse com ele." – Kurt teve que tampar a boca com suas mãos, para evitar que escapasse o gole de água que acabara de tomar.

- "Como? Quando? Onde?" – perguntou uma vez que pode recuperar a respiração.

- "Tranquila, não foi... não foi exatamente uma proposta..." – disse ela, tentando acalmá-lo. Kurt a olhou exasperado, rogando por mais informação. "Foi há mais de dois meses, quando voltamos para Lima no recesso. Me disse que queria se casar comigo, que queria que morássemos juntos e que ele ia esperar o tempo que fosse necessário. E eu aceitei, claro."

- "Bom, isso muda tudo. Quando vão se mudar?" – perguntou entusiasmado, enquanto segurava uma mão dela.

- "Não voltamos a falar do assunto, não desde que voltamos. Se as coisas continuam bem como estão... por que mudar?" – disse Rachel, tratando de ocultar sua desilusão.

- "Você e eu conhecemos Finn melhor do que ninguém. Sabe que se não der um empurrãozinho... geralmente lhe custa começar." – murmurou Kurt, tratando de consolá-la um pouco.

Se surpreenderam ao ver que os Jets fizeram um touchdown e todos ao redor gritavam e pulavam de alegria. Rachel pode ver como Finn, do outro lado do campo, se abraçava a Blaine tão forte, que conseguia levantá-lo uns centímetros.

- "Finn já falou com Lindsay?" – lhe perguntou Kurt, quando voltaram a se sentar e o jogo chegou ao intervalo.

- "Quem é Lindsay?" – questionou Rachel, quase risonha, mas mudando a expressão quando viu o rosto preocupado de Kurt.

- "Realmente não sabe quem é?" – lhe respondeu.

Rachel negou com a cabeça e Kurt soltou um assobio incomodado.

- "Bom, Pé grande, essa noite te espera um discurso. Por que não posso ficar calado?" – murmurou, mais para ele mesmo do que para Rachel.

Ela não voltou a falar com ele o resto da tarde e nem sequer notou que, ao finalizar a partida, os Jets festejavam a vitória por três touchdowns, enquanto declaravam ela seu amuleto da sorte.

-oo-

- "Creio que começarei a guardar os bônus por partidas ganhas. Se continuar nos dando sorte, talvez poderemos comprar uma casa ao final da temporada." – disse Finn, tratando de que Rachel captasse o tom sério por trás da brincadeira.

Ela não respondeu, mas continuou revirando o cesto de roupa suja.

- "Viu o pijama verde de Amy, esses que tem os peixinhos? Porque ela quer usar e não encontro." – perguntou, fazendo caso omisso ao que Finn havia dito.

- "Estão na segunda gaveta."

- "Já procurei lá Finn e não estão!" – respondeu ela, de má maneira, a beira das lágrimas.

- "Ei, ei... o que passa?" – murmurou ele, se aproximando dela e segurando nos ombros para olhar diretamente nos olhos dela.

- "Quem é Lindsay? Por que nunca me falou dela?" – questionou Rachel, sustentando o olhar e tratando de que ele não escapasse da pergunta.

- "Quem... quem te falou dela?"

- "Não importa quem foi Finn, importa que não foi você! Importa que não confia em mim o suficiente para me falar dessa fulana!" – estourou ela, tratando de não chorar.

- "Rachel... não é importante. Ia comentar cedo ou tarde..."

- "Se não é importante, por que oculta? Por que sei de outras coisas sem importância, como o leite preferido de Amy ou o tipo de sabão que é alérgico, mas não sei absolutamente nada da existência de uma mulher que, aparentemente, tem que opinar sobre nossas vidas?" – disse, tratando de não gritar e apoiando no chão o cesto de roupa.

Finn ficou ali, em silencio, olhando com olhos culpados, o que fez com que a ira de Rachel crescesse ainda mais.

- "Mamãe... encontrou os pijamas?" – perguntou a voz de Amy, do quarto.

- "Não carinho, deverá usar outro. Aonde vai?" – questionou Rachel, enquanto Finn pegou seu casaco e as chaves da porta de entrada.

- "Necessito caminhar. Não me espere." – lhe disse, cruzando a porta.

- "Não ia fazer." – murmurou ela, sentindo como sua voz rebatia contra a pesada porta de madeira.

- "Vem me ler um conto ou está muito cansada?" – perguntou Amy, sem se dar conta do que havia acontecido.

Rachel sorriu ao ver que a menina havia vestido duas peças de pijamas diferentes e tinha a calça do avesso.

- "Vamos colocar direito o pijama e depois ler um conto." – lhe contestou, levando ela para o quarto.

-oo-

Finn deixou o casaco no cabideiro, tratando de fazer o menor ruído possível e se aproximou do quarto de sua filha. Sorriu ao encontrar Amy e Rachel dormindo na pequena cama da menina, fazendo o possível para não cair. Caminhou lentamente até Rachel e lhe acariciou a testa, fazendo com que ela acordasse.

- "Ei!" – murmurou movendo um pouco para que não acordasse Amy.

- "Podemos conversar?" – perguntou ele. Rachel apontou a porta e ambos caminharam para a sala, se sentando no sofá.

- "Lamento ter gritado." – se desculpou ela, segurando uma de suas frias mãos entre as dela.

- "Lamento não ter contado sobre Lindsay. Não é nada, realmente, mas sabe que tenho uma tendência a adiar as verdades dolorosas." – murmurou ele e por um momento o malvado sorriso de Santana Lopez cruzou a mente de Rachel.

- "Deve... deve confiar em mim, Finn. Não pode falar de... comprar casas se não é capaz de confiar em mim." – lhe disse Rachel, acariciando a testa dele, tratando de borrar as linhas de preocupação que havia se formando no rosto dele.

- "Escutou isso então?" – perguntou Finn, mais aliviado.

- "Claro que escutei. Estava muito brava para processar." – respondeu, com um sorriso. Ele atraiu ela para si, deixando que se sentasse em seu colo. "Me promete que não vamos voltar a discutir assim?"

- "Te prometo que vamos brigar bastante... mas que sempre vou voltar." – disse ele, acariciando o cabelo dela.

- "Eu prometo que sempre vou estar te esperando." – contestou ela, se esticando um pouco para beijá-lo. Ele pegou nas bochechas dela, aprofundando o beijo, deixando uma vez mais que dessa forma Rachel entendesse o quanto sentia e o quanto a amava.

- "Lindsay é a irmã de Laura. É a único parente que ficou da parte de sua família e... desde que nos mudamos pra cá esteve brigando pela custódia de Amy." – lhe explicou.

Rachel não pode conter a ira que cresceu dentro dela.

- "Pode fazer isso? Quero dizer... você cuidou de Amy toda sua vida e tem seu trabalho, casa e é seu pai..."

- "Pode tentar. E entendo, Rach. Amy é tudo o que lhe falta." – disse Finn tratando de acalmá-la.

- "Como pode estar tão... tão tranquilo com tudo isso?" – perguntou ela, confusa.

- "Não estou. Estou aterrorizado. Não tem um só dia que passe sem que pense o que seria de mim sem Amy. Mas também sei que se faço bem meu trabalho, se sou um bom pai e me mantenho assim... não tem forma de que a separem de mim. Por isso coloco toda minha energia nisso. E por isso que te necessito comigo mais do que nunca." – lhe confessou, a abraçando mais forte.

Rachel teve que fazer um esforço sobre-humano para não chorar.

- "Então, no suposto caso em que eu quiser me mudar com vocês, ou... ou que consideremos (em um futuro próximo) comprar essa casa de que tanto fala... necessitamos sua autorização?" – perguntou, tratando de eliminar o tom preocupado de sua voz.

Finn sorriu, se recostando no sofá e levando Rachel com ele, deixando ela recostada em seu peito.

- "Essas são nossas decisões. Suas e minhas. Não acho que nenhum juiz se incomode que eu dê a minha filha uma mãe e um lar normal." – lhe disse, vendo como os olhos de Rachel se iluminavam com a tênue luz que se filtrava pelas janelas.

- "Eu acho que estamos indo muito bem... e que vai ficar ainda melhor." – murmurou, voltando a acariciar o rosto, que ainda possuía algo de frio que Finn havia trazido da rua.

- "Eu creio que deveria mudar conosco. Sei que é um grande passo e sei que ama sua casa e que talvez é pedir muito porque... porque esse lugar não é tão lindo como o que você tem. Mas não sei se Amy queria ir daqui e..." – Finn não pode terminar a ideia, porque Rachel o beijou tão forte que quase lhe fez dano.

Sorriu ao pensar que talvez essa era seu costume favorito, quando Rachel interrompia seus torpes discursos com um beijo desse tipo.

- "Acho que começarei a empacotar amanhã mesmo." – disse ela, se incorporando no sofá e estendendo a mão.

- "Não te incomoda mudar pra cá então?... não te parece pouco?" – perguntou ele, realmente apenado, enquanto vestia o pijama.

Rachel o deteve antes de que pudesse colocar totalmente a camisa com que dormia.

- "Aquele apartamento era isso: um apartamento. Você está me dando um lar." – murmurou ela, jogando a roupa dele no chão, enquanto tirava a própria e o empurrava na cama. Finn conteve uma gargalhada.

- "O que se supõe que está fazendo?" – perguntou, sem colocar resistência, enquanto Rachel o beijava suavemente na zona aonde seu pescoço e seu ombro se encontravam.

- "Suponho que depois dessa briga que tivemos, podemos tentar isso que alguns chamam de 'sexo de reconciliação'." – murmurou para ele, com a voz baixa e sensual.

Na manhã seguinte, quando encontrou Rachel e Amy na cozinha ao sair do banho, pensou que faria de tudo o possível para que as coisas saíssem bem. Se sentou no pequeno balcão e olhou como Amy tomava de um gole só o vitamina que Rachel havia preparado. Essa fazia uma lista das coisas de cozinha que deveria empacotar de sua velha casa, enquanto recriminava Finn pelos poucos utensílios que possuía.

- "Não tire o lenço." Murmurou para ele, quando ele e Amy se despediram dela na porta.

- "Por que?" – perguntou ele, intrigado.

- "Acho que ontem a noite marquei um pouco de território. Mas isso é porque te amo." – lhe disse, beijando ele suavemente, com a mesma voz pequena que havia usado na noite anterior. Finn sorriu, enquanto via ela caminhando até o carro dela, pensando que valia a pena discutir de vez em quando só para ter esse tipo de reconciliação.

Capítulo 12

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