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Não era a primeira vez, e nem seria a última, que eu deitava naquela enorme cama e chorava, sem saber o que fazer. Chorava em silêncio, para não despertar Sam, que sempre tinha um sono pesado. Não queria preocupá-lo, e nem contar os reais problemas que eu enfrentava. Morar com ele estava sendo ótimo; ele era gentil, carinhoso e sempre perguntava se eu precisava de algo. Depois de cerca de 1 mês, eu continuava a mesma. Indecisa, sem saber o rumo que minha vida amorosa iria tomar. Estava infeliz; sem Finn ao meu lado, tudo parecia ficar mais complicado. Eu pensava que quando estivesse do lado de quem devo estar, tudo seria certo e sereno. Mas isso não acontecia com Sam. Ele podia facilitar, mas para mim, complicava ainda mais.

 

E por esse motivo, todo dia eu chorava. Chorava, e pedia aos céus que aquelas lágrimas derramadas levassem minha tristeza junto com elas. Mas isso nunca adiantava. Sempre acabava piorando, e eu me sentia cada vez mais solitária, mesmo tendo Sam do meu lado todo santo dia. Éramos como um casal de namorados que moram juntos, depois de estarem um com o outro por muito tempo. Esses casais realmente se amavam, e sabiam que esse era apenas um passo para chegar ao casamento. Mas comigo e Sam era totalmente diferente; eu só morava com ele porque não tinha outro lugar para ficar.

 

Até aquele momento. Sam chegou em casa, com sua roupa suja pelo trabalho árduo em meu apartamento. Eu estava sentada, distraída, sem nem notar sua presença. Até ele sentar ao meu lado, com um sorriso enorme no rosto. Estranhei, já que normalmente ele chega de mal humor, e morrendo de fome.

 

–Adivinha? Seu apartamento está pronto! Já liguei para Santana e hoje mesmo vocês podem voltar pra lá.-Fiquei um pouco chateada pelo tom de animação em sua voz, mas ao mesmo tempo, fiquei aliviada. Estava voltando para casa.

 

–Ótimo! Mas e....nós?-Perguntei, nervosa por aquele momento chegar. Eu estava ensaiando o momento de terminar tudo há muito tempo. Sim, terminar. Mesmo morando juntos, eu e Sam não parecíamos namorados. Eu sabia que tanto eu quanto ele somente éramos mero amigos. Sam ter me hospedado em seu apartamento foi somente um ato de amizade. Eu não o via como namorado. Ele não me via como namorada.

 

–E-eu...-Sam começou, mas não sabia ao certo o que falar. Travou, apenas olhando em meus olhos, logo depois abaixando a cabeça.

 

–Se nós ficarmos juntos, só vai complicar tudo mais. Eu tentei convencer a mim mesma que iria ficar com outro alguém depois de muito tempo, e iria esquecer de Finn. Mas ele está no meu coração há muito tempo. E não acredito que vai ter outra pessoa que vai tomar seu lugar. No fundo, nem eu, nem ele, nos víamos como amigos. Éramos dois amigos que escondiam sentimentos por um longo tempo. E quando ele finalmente confessou tudo pra mim...eu fugi. Eu fugi e fui tão burra por fazer isso. Pensei que fugir seria um ato de coragem; mas isso só me machucou.-Eu disse, pegando de leve na mão de Sam. Ele me entendia; eu podia ver em seus olhos que ele me entendia.

 

–Eu também fugi, Rachel. Eu terminei um noivado um pouco antes de te conhecer. Tentei esquecê-lá; tentei me apaixonar por você como eu me apaixonei por ela. Mas sempre foi ela...e quando ela veio me procurar pedindo pra que eu voltasse, eu recusei. E talvez, tenha perdido o amor da minha vida para sempre.-Sam chorava, e eu não sabia ao certo o que fazer. Então, como amiga, o abracei forte.

 

–Nós nos prendemos em uma mentira, Sam. E por causa dela, podemos perder as pessoas que mais amamos nessa vida. As vezes, nós pensamos que podemos superar as coisas da vida, quando na verdade, elas já fazem parte de nós...para sempre.-Disse, o soltando. Sorri, passando minha mão de leve em seu rosto angelical.

 

–Amigos?-Ele perguntou, estendendo a mão.

 

–Amigos.-Falei, apertando sua mão com força, fazendo ele soltar um leve "ai". Dei uma risada, correndo até o quarto, juntando minhas coisas e enfiando-as de qualquer jeito na mala. Eu precisava ver Finn. Precisava estar ao seu lado, e pedir desculpa por não falar com ele por tanto tempo.

 

Depois de cerca de 10 minutos, sai do apartamento de Sam, prometendo que ligaria quando pudesse. Fechei a porta, suspirando. Estava deixando pra trás uma mentira; e eu nunca me vi mais aliviada do que naquele momento.

:.

–FINN!-Gritei, largando minhas malas no chão, com um sorriso no rosto. Eu não estava nem aí para Santana e Kurt naquele momento. Desculpa, mas Finn vem primeiro na lista das pessoas que Rachel Berry ama.

 

Ouvi passos, e respirei fundo, esperando pelo grandão que eu tanto amava. Mas, para minha surpresa, um Kurt sem camisa e descabelado apareceu na minha frente. Ergui a sobrancelha, estranhando aquela situação. Ele tinha..."visitas"?

 

–Rachel!-Ele correu ao meu encontro, me abraçando forte. Retribui, sentindo seu peito desnudo entrar em contato com minha pele. Ele estava gelado.

 

–Antes de qualquer coisa...porque o senhor está assim?-Perguntei, colocando as mãos na cintura. Ele lançou-me um olhar malicioso, e entendi tudo.

 

No minuto seguinte, um homem de estatura média, cabelos cheio de gel, apareceu em minha frente. O homem do bar que dançou comigo! Lembro de ele ter perguntado sobre Kurt, e foi aí que me toquei que ele era gay. Kurt e ele me explicaram, resumidamente, que acabaram se conhecendo nesse mesmo bar, e agora estão juntos. Não sei como Blaine sabia da existência de Kurt. Talvez ele fosse um perseguidor. Eu não sei. Só sei que toda essa história lembrou-me o real motivo pra eu estar ali.

 

Sem dizer nada, corri até o quarto de Finn. Mas, o que encontrei, foi Santana fazendo suas malas. Pisquei, sem entender nada. Chamei-a, e Santana correu até mim, dando-me um leve tapa na cara, logo depois me abraçando.

 

–Senti sua falta.-Eu disse, me soltando dela.

 

–Eu vou te matar, Berry! Não me ligou durante 1 mês! 1 mês!-Ela disse, me empurrando de leve, voltando a arrumar suas malas.

 

Não manti contato nem com Santana, nem com Kurt, para evitar de acabar perguntando sobre Finn. Eu tinha botado na minha cabeça que precisava de total distância dele. Quando na verdade, tudo o que eu precisava era dele ao meu lado. Eu precisava do meu melhor amigo de volta.

 

–Você sabe porque eu não telefonei...-Disse, sentando na cama e ajudando-a a arrumar as malas.

 

–E exatamente por você não ter telefonado, nem aparecido, é que ele se foi.-Santana disse, séria, parecendo de mexer em suas roupas. Fiz o mesmo, paralisando.

 

–Como assim ele se foi?-Perguntei, sem piscar ou me mover.

 

–Foi pra Londres, ficar 2 meses lá.-Ela disse, engolindo seco. Eu via o quanto aquilo a machucava também. Kurt e Blaine estavam encostados na porta, com caras nada agradáveis.

 

–Me fala aonde ele está, Santana. Endereço, rua, tudo!-Eu disse, me levantando, revoltada.

 

–Eu não acho que seja uma boca ideia, Rachel. Você o machucou...-Kurt disse, já devidamente vestido.

 

–E É POR ISSO QUE EU VOLTEI! EU QUERO CONVERSAR COM ELE E ARRUMAR TUDO! QUERO O HOMEM QUE EU AMO DE VOLTA! EU ME AFUNDEI EM UMA MENTIRA, ACHANDO QUE AMARIA OUTRA PESSOA. MAS ISSO NUNCA VAI ACONTECER! SEMPRE FOI ELE, E SEMPRE SERÁ!-Eu gritei, caindo aos prantos no chão. Eu estava cansada; cansada de tanto errar, e nunca acertar nas minhas escolhas.

 

–Eu não sei aonde ele está, Rachel. Somente pegou a mala e disse que iria para Londres. Não liga faz 2 semanas. Como você, ele queria um tempo para pensar. Mas, diferente de você, quis ficar sozinho.-Santana disse, sentando ao meu lado, acariciando meus cabelos com uma das mãos, enquanto a outra deitava minha cabeça em suas pernas.

 

–M-mas eu preciso ver ele, preciso falar com ele. Não posso mais esperar, Santana.-Eu disse, me levantando.

 

–Vai então, pequena. Vai atrás do seu homem. E boa sorte. Vou ver se eu ou Santana conseguimos descobrir sobre aonde ele está.-Kurt disse, entregando-me a minha mala.

 

Dei um rápido tchau para Blaine, Kurt, já que Santana decidiu me dar carona até nosso apartamento. Eu e ela deixaríamos nossas coisas lá, e eu pegaria somente o essencial para a viagem.

 

–Vou atender.-Santana disse, ouvindo o telefone tocar. Continuei arrumando minhas coisas, vendo o quão bonito o apartamento havia ficado.

 

Santana voltou, pálida. Estava sem falar nada, preocupada com algo. A chamei por uns minutos, mas nada. Depois, ela sorriu e perguntou:

 

–Seu vôo é só 2 horas da manhã. Vamos comer?

:.

KURT POV

–Você acha que isso vai dar certo?-Blaine me perguntou, pegando o telefone da cômoda.

 

–Eu espero que dê.-Disse, mexendo em meus dedos, enquanto ele discava o número de Finn.

 

–Alô, Finn? Aqui é o Blaine, namorado do Kurt, sabe? Então...eu preciso que você volte pra New York hoje mesmo. Kurt não está nada bem.-Blaine disse, preocupado em dizer tudo certo, para nada dar errado.

 

–Tem um vôo daqui 30 minutos.-Blaine disse, vendo que seu relógio marcava 18:30.-Você pode?

 

Esperei, ansioso, até ele desligar o telefone. Blaine virou-se para mim, com um sorriso.

 

–Ele vem.-Disse, e o abracei. Peguei o telefone de sua mão, discando o número de Santana.

 

Ela precisava enrolar Rachel até 2 horas da manhã. Boa sorte, latina.

Cap. 11: "Always was him"

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