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Rachel deu uma espiada para fora para conferir quem estava na plateia. Dentre os alunos da escola de música, Finn, obviamente, o casal Schuester, seus amigos professores e o seu agente, Arthur Fitzpatrick, o homem que deveria impressionar com seu talento para lhe abrir as portas tão ambicionadas da Broadway.

Com um suspiro fundo, ela deu um sinal para a banda e entrou no palco cantando “Don’ t rain on my parade”, de Barbra Streisand.

“Don't tell me not to live

Just sit and putter

Life's candy

And the sun's a ball of butter

Don't bring around a cloud

To rain on my parade”

Toda a sua vivacidade estava ali, pulsando, vibrando. Ela amava aquela música, amava cantar, e sabia que só aquela canção de sua diva favorita era capaz de expressar sua vontade de alçar grandes voos e de ser uma estrela.

Rachel cantava, brilhava, e Finn não sabia o que os pais daquela garota tinham lhe dado na mamadeira, mas ela era um fenômeno. Nunca vira ninguém tão entregue, tão talentosa, tão incrível.

– Bravo! Bravíssimo! – a voz de Arthur se sobrepôs aos aplausos do auditório, atraindo os olhares de todos. – Excelente, Rachel.

–Obrigada, Arthur. – ela respondeu, já descendo do palco. Pegando a mão de Finn, ela entrelaçou seus dedos com os dele e indagou. – Vocês já se falaram?

–Anh, sim. Nós já nos falamos.- disse Finn, sério.

–Que tal sairmos para jantar algo, hum? Eu faço questão de convidá-los. – disse Arthur.

Finn e Rachel se entreolharam, e ela esperou uma pequena confirmação dele para responder:

–Tá, tudo bem!

Enquanto ela se trocava, a plateia se dispersava; era o fim do dia, os alunos e professores estavam indo para casa.

Mas Marley foi a única que ficou por ali, como que rondando Finn, até ele nota-la e cumprimentá-la:

– Oi, Marley! O que você achou da apresentação?

–Ah, incrível! A Rachel canta muito. – ela balançou a cabeça efusivamente.

– Bem... eu vou sair agora com ela... tchau, Marley.- disse Finn, apertando carinhosamente seu ombro e se retirando.

–Parece que não foi só o coração da Rachel que você fisgou, hein? – a voz sarcástica de Arthur soou atrás de Finn um minuto depois, espantando-o um pouco.

– Cara, você parece um fantasma. – Finn praguejou.

– Essa daí também é bem lindinha...

– Arthur, por favor. Não se meta a esperto aqui na Music House, ok?

– Eu?! “Metido a esperto” ? Do que você tá falando, amigo ?

Finn se manteve quieto, respirando profundamente, as mãos formigando. Arthur era como uma sombra que vinha nublar sua vida, justo agora, que tudo estava dando certo.

–Pronto, rapazes!- disse Rachel, pronta. – Vamos?

{...}

Eles acabaram optando por ir a um restaurante japonês. Finn ficou calado o trajeto inteiro, enquanto Rachel e Arthur tagarelavam sobre possíveis novas produções da Broadway às quais ela deveria se candidatar para testes. Arthur demonstrava bastante entusiasmo com relação ao desempenho dela, tecia elogios sem fim à sua apresentação: que ela era ótima, incrível, uma diva, e que um bom papel nos palcos dos musicais, aliando seu talento e a assessoria dele, era apenas questão de tempo.

Finn ouvia a tudo, mas sua cabeça se mantinha distante...

– Ele vai me levar para Londres! – Kirsten gritou.

Finn arregalou os olhos, surpreso:

– Ele não me disse nada disso.

– Porque ele não confia mais em você, Finn. Você tá dando pra trás, tá vacilando.

– Eu não quero mais ser um joguete nas mãos dele, é isso! O Arthur vai ferrar a gente, Kirsten...

– Não vai! A gente vai ganhar dinheiro, panaca, e você tá é com medo porque seu envolvimento pode respingar na imagem do seu padrasto. – ela o desafiou.

– E daí, se tenho medo disso mesmo? Isso é sério, e eu tô fora!

–Finn? – Arthur indagou, intrigado. – Tá tudo bem?

–Sim, está.- Finn respondeu, movimentando-se na cadeira e tentando se concentrar na conversa entre Rachel e o outro.

– Eu estava falando aqui com a Rachel... será que ela deveria tentar também os palcos de Londres? – disse Arthur.

{...}

O jantar seria num silêncio total se dependesse de Finn Hudson. Mas Rachel e Arthur aproveitaram para repassar várias informações e contatos importantes, até que acabaram e se despediram.

Arthur foi embora em seu carro, enquanto Finn e Rachel preferiram ir andando até o metrô. A moça ia com a cabeça apoiada no braço do namorado, até que decidiu perguntar:

– O que há entre você e o Arthur?

– Já disse que nada. – Finn tentou manter um tom de voz tranquilo.

– Ele tem sido um grande apoiador. Ele é o empresário mais empenhado que já vi. – ela comentou.

– Deve ser porque você está lhe pagando. – Finn murmurou.

Rachel parou abruptamente:

– Não, Finn! Eu ainda não paguei nada! Será que você acha que alguém só pode me elogiar e me ajudar a faturar um papel num musical se for pago?

– Eu... eu não quis dizer isso...

– Mas disse! – Rachel esbravejou no meio da rua.- e você, por que me elogia? Pra conseguir transar comigo?

– Rachel! – Finn também perdeu a paciência. – Não é nada disso! Você não o conhece, e já fica assim, toda animada, toda empolgada. Vai que o Arthur não é tudo isso que você espera?

– Se você sabe algo sobre ele, porque não me diz o que é, então?- ela o instigou.

–E...eu não sei nada.- Finn hesitou.

Rachel fez uma cara desconfiada para ele:

– Não gosto quando você fica assim, distante, taciturno. O que é tá havendo com você ultimamente, Finn?

Ele desviou o olhar do dela:

– Já disse que nada.

–Finn, eu estou querendo me aproximar, sabia? Você anda cheio de evasivas, distante. O que tá acontecendo com você? Eu fiz algo?

–Será que você podia parar de me encher?! – ele gritou, irritado.

Os olhos de Rachel pareciam duas grandes piscinas de lágrimas. Piscando, ela falou em um tom grave:

– Ok. Desculpe por me preocupar.

Antes que ele pudesse processar o que tinha feito, ela já estava distante, andando a passos largos.

–Droga! – ele bateu a mão na testa, com raiva e frustrado consigo mesmo.

{...}

Kurt deixou uma xícara de leite quente na porta do quarto de Finn. Era um hábito que tinha desde a adolescência, e que renovava agora que ele e o irmão voltaram a morar juntos.

Mas Finn, que não estava dormindo, o surpreendeu voltando da varanda do apartamento, ao invés de estar em seu quarto:

– O que houve? – Kurt perguntou, vendo que o semblante de Finn não era dos melhores.

– Eu gritei com a Rachel no meio da rua. – Finn respondeu, envergonhado.

–Isso tem alguma coisa a ver com o fato de você andar meio estranho ultimamente?

– Tô sendo tão óbvio assim?- Finn deu um sorriso de lado triste pro irmão.

– Sim. – afirmou Kurt. – Escute, Finn. O passado passou. Você mudou, por favor, não deixe que a presença do Arthur te atinja.

– Ele... ele ainda me incomoda.- segredou Finn.

– Eu sei que algo tenso rolou na época da faculdade entre vocês, mas já passou, não passou? Agora, vai lá e toca a campainha do apartamento dela. Aposto que Rachel está acordada assistindo a uma maratona de Sex in the City ou algo assim.- Kurt aconselhou, depois de fazer um afago no cabelo do irmão.

Finn vestiu uma calça, um moletom e foi fazer o que o irmão disse.

Rachel abriu a porta com a cara amassada de choro, um blusão desbotado, o coque bagunçado no alto da cabeça e ainda muito ressabiada:

– O que você quer?

– Você. – ele respondeu, adentrando o apartamento e lhe apertando em seus braços num beijo avassalador.

 

 

 

 

 

Cap. 11: "Don't rain on my parade"

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