Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Finn tirou, outra vez, do bolso o chaveiro de coração, e decidiu testar a chave que tinha feito para Rachel e pretendia entregar a ela naquela mesma noite, ao convidá-la para ir morar com ele. Com duas voltas na fechadura, a porta estava aberta e um sorriso surgiu no rosto dele, tornando-se ainda mais amplo quando ele viu a namorada sentada no sofá à sua espera.
"Meu amor, que bom que você já chegou!" Disse, trancando a porta e escondendo o chaveiro de novo no paletó. "Você arriscou, porque a Sra. Bertha às vezes sai bem cedo... mas eu adorei." Falou, se referindo à diarista, e se aproximou dela, que se levantou, também andando em sua direção. "Eu tenho uma surpresa... uma coisa pra te dar." Afirmou, não contendo a ansiedade, mas sua animação acabou no momento exato em que chegou perto dela, que virou o rosto, quando ele tentou beijá-la, e cruzou os braços na frente do próprio corpo, séria como ele jamais a tinha visto.
"Eu vi a sua ficha, Finn." Ela informou, de repente.
"A minha ficha?" Perguntou, confuso.
"É. Eu não tava fuçando... eu não faria isso. Mas, finalmente, todos os médicos da clínica estão se livrando daqueles arquivos velhos enormes, e digitalizando tudo... e é claro que quem faz isso pro Dr. Shepherd sou eu. Foi até por isso que eu saí mais tarde."
"É bem constrangedor a namorada de um cara saber que ele passou por AQUELE tipo de problema que eu tive..." Finn passou as mãos pela nuca, olhando para o chão. "...mas eu não to chateado por você ter visto a ficha. É o seu trabalho. Tá tudo bem." Completou, pensando que ela não o beijara por achar que ele ficaria aborrecido com ela.
"Não! Não tá tudo bem, Finn!" Aumentou o tom de voz, consideravelmente. "Na sua ficha, não foi anotado só o seu problema, mas as prescrições do Derek também!" Respirou fundo, não entendendo porque ele a olhava confuso ainda. "Você me fez de boba, Finn! Me fez de palhaça!"
"O que?" Franziu a testa.
"Você ficava me falando do seu desejo por mim... um desejo que você nunca tinha sentido por ninguém. Falava que eu te deixava completamente louco... que não conseguia resistir a mim. Fingia surpresa quando a gente conseguia transar várias vezes num dia, mas... era só o efeito de uma droga de um remédio!" Ela gritou tudo de uma vez e, mesmo com ele chamando o nome dela algumas vezes e tentando falar, ela continuava, agora também andando de um lado para o outro. "Como eu fui idiota! Acreditando que eu era poderosa... uma deusa pra você... que a gente tinha uma química incrível, inexplicável... fazendo de tudo pra não perder isso e... inventando brincadeiras, comprando coisas novas... usando aquele monte de fantasias que deviam fazer você querer até rir de mim, no fundo!"
"Rachel!" Ele a segurou pelos braços, fazendo-a parar. Havia lágrimas nos olhos dela, mas ela não se deixou enfraquecer. Secou as lágrimas e se soltou dele, cruzando os braços, de novo, como se o desafiasse. "Eu tinha um problema e procurei seu chefe. E, sim, ele me receitou Viagra. MAS eu não cheguei a tomar... eu juro. Eu conheci você e, pra minha surpresa, eu fiquei bem... eu... funcionei!"
"Ah, é?" Ela riu, debochada. "Você quer agora que eu acredite em mágica? Que um homem que não tava conseguindo transar, a ponto de procurar um médico, de repente conseguia ter cinco relações em uma tarde? Você pensa mesmo que eu sou idiota, né?"
"Rach, amor..."
"Não me chama de amor! Aliás, não me chama nem de Rach!" Voltou a gritar.
"Eu também não sei explicar como eu fiquei bom, Rachel. Eu não sei, mas eu fiquei! Foi o que aconteceu!" Então, se lembrou de algo e se encheu de esperanças. "E eu posso te provar... vem comigo." Andou na direção do quarto e ela, mesmo sem confiança no que ele estava dizendo, o seguiu.
"Como você pretende tentar me convencer, hein?" Perguntou, parada perto da porta, vendo o rapaz se aproximar de sua escrivaninha e abrir a primeira gaveta.
"Você sabe que esse remédio é de receita presa... que, quando a pessoa faz a compra, ele fica na farmácia, não sabe?" Explicou, virando-se para ela, que balançou a cabeça, confirmando. "Então... é simples! Eu tenho a receita guardada aqui... porque eu nunca cheguei a comprar o remédio."
Ela ficou esperançosa, por alguns segundos, com aquela afirmação, mas ia perdendo as esperanças e se sentia, cada vez mais, sendo ludibriada, na medida em que Finn remexia nas gavetas e receita alguma aparecia. Depois de um tempo, ela colocou as mãos na cintura e começou a bater os pés no chão. O barulho deixava Finn, que já estava tenso porque sabia ser completamente inocente e não ter comprado nada, e tinha certeza de ter guardado, em uma das gavetas, a receita que agora tinha desaparecido, ainda mais apreensivo.
"Tá na cara que essa receita não tá aqui... e é porque você usou, Finn! Chega de mentiras!"
"Eu já vou achar, babe... é só..." Ele tentou argumentar, mas pelo barulho do salto dela se afastando percebeu que ela saíra do quarto e, quando se movia para ir atrás dela, já escutava a porta do apartamento batendo.
Rachel tinha tanta vontade de sumir dali, naquele momento, que estava disposta até a descer as escadas, mas teve a sorte de encontrar o elevador parado no andar do apartamento de Finn, e ele, por sua vez, só teve tempo de ver a porta se fechando. Correu, então, pelas escadas e conseguiu alcança-la na rua, se colocando bem no caminho dela, que levantou os olhos, fulminando-o com eles. Não queria ouvir mais desculpas do homem que lhe dissera tantas mentiras, que a fizera acreditar em uma relação, quando ela estava sendo construída sobre falsos alicerces.
"Rachel, babe... por favor, volta comigo." Implorou. "Eu vou achar essa receita... ela tem que estar lá."
"Finn, me deixa em paz, ok?" Pediu, cansada.
"Você tá terminando tudo?" Questionou, com medo.
"O que você acha, Finn? Que eu vou simplesmente deixar pra lá?"
"Rachel, por favor..."
"Me. Deixa. Em. Paz." Repetiu, enfática. "Não vem atrás de mim... ou eu vou gritar e todo mundo em volta vai saber desse seu... probleminha." Ameaçou.
Rachel caminhou, com passos firmes e sem olhar para trás, e Finn ficou na calçada, passando a mão nervosamente pelo rosto, molhado de lágrimas que ele não sabia quando tinham começado a escorrer de seus olhos. Ele precisava achar aquela maldita receita! Não porque ele quisesse usá-la, já que, como ele tinha afirmado para Puck, sexo era o menor de seus problemas. Viver sem Rachel não era algo que ele planejava aceitar.
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Finn passou grande parte de seu final de semana revirando o apartamento atrás de uma receita que ele sabia ter, mas que não aparecia. O apartamento estava um caos quando ele adormeceu, já na manhã de sábado, em cima de uma papelada velha, vencido pelo cansaço, e ficou pior ainda ao longo do sábado, até ele desistir de procurar, no final da tarde. Ele sabia que não tinha usado a receita, mas provavelmente tinha jogado fora sem querer, ou deixara em algum lugar e a diarista havia se livrado dela. Simplesmente, não havia mais onde olhar.
Concluindo que teria que fazer Rachel acreditar nele sem o papel, começou a tentar falar com ela, mas nenhuma mensagem foi respondida ou telefonema atendido. Ficar na entrada da casa dela por horas também não adiantou, apesar de ter certeza de que ela estava lá, porque o rádio estava ligado, no momento em que chegara à porta do apartamento, e Sugar tinha se mudado definitivamente para a casa de Artie, no final de semana anterior.
Bater e gritar não somente não surtiu efeito, como também começou a chamar a atenção dos vizinhos. Normalmente, Rachel abriria a porta, para não virar motivo de fofoca no prédio, mas ela realmente não queria estar com Finn. Ficar frente a frente com ele e se manter firme em sua decisão seria extremamente difícil, porque, apesar de estar chateada e de não confiar mais nele, ela o amava e o queria como jamais quisera alguém.
Sem jeito com o olhar de reprovação de uma senhora que morava em frente a Rachel e chegara das compras, no meio de uma das tentativas dele de convencê-la a abrir, Finn sentou no chão e ficou em silêncio, tentando bolar um plano.
Mais ou menos uma hora depois, quando ela pensava que ele tinha desistido e não sabia se estava aliviada ou ainda mais decepcionada por isso, alguém tocou a campainha e se identificou como um entregador da floricultura. Não queria nada do ex-namorado, muito menos o buquê enorme de rosas vermelhas que o rapazinho franzino, que ela viu pelo olho mágico, carregava, mas o rapaz estava apenas fazendo seu trabalho, então decidiu abrir.
Foi apenas quando já estava com as flores nas mãos e agradecia ao jovem que ela percebeu que Finn não tinha ido embora. Na verdade, naquele momento, ele segurava a porta, impedindo que ela a fechasse. Não querendo fazer um escândalo e, no fundo, um pouco tocada pela insistência dele, ela desistiu de lutar e deixou que ele a acompanhasse para dentro do imóvel.
"Finn, pelo amor de Deus." Falou, impaciente. "Eu deixei claro que não quero falar com você, não respondendo nenhuma mensagem e nem atendendo ao telefone. Sem contar o tempo que eu deixei você do lado de fora!"
"Rachel, pelo menos me escuta. Por todo esse tempo que a gente ficou junto... tudo que a gente viveu... me dá uma chance de falar!"
"Ok." Ela se encaminhou para o sofá e ele sentou-se ao lado dela.
"Eu não achei a receita pra te mostrar, mas eu nunca tomei o remédio." Ele viu que ela o olhou com uma expressão nada convencida, até mesmo com uma certa ironia, um certo desdém. "Eu sei que é difícil de acreditar, mas pensa, Rachel. Mesmo que eu tivesse comprado o remédio, você sabe que ele não teria dado pra todo esse tempo... e que eu só tinha uma receita. Você sabe que eu não voltei no meu médico."
"Você pode ter ido a outro... ou até comprado o remédio no mercado negro."
"Ok. Eu poderia. Mas eu não fiz!" Passou a mão pelos cabelos, nervoso. "Se eu não fosse louco por você, Rachel... por que eu estaria aqui insistindo tanto? E se eu estivesse bem simplesmente por causa de um remédio, e fosse indiferente a mulher com quem eu transo, por que eu continuaria com você?"
"Finn, não se trata de achar que você não gosta de mim! Eu sei que você gosta. Se trata de confiança. Eu perdi a confiança em você."
"Que homem chegaria pra mulher com quem ele queria ficar e falaria que tava com um problema de impotência, Rachel? Me diz! É... vergonhoso, tá?"
"Você não precisava me contar isso. Bastava não ficar também falando que era eu quem fazia... tudo aquilo... com você, quando tinha um remédio ajudando. Eu fico me lembrando de você falando 'Eu quero mais, babe. Como vc consegue fazer isso comigo?' e... não era eu!" Imitou-o, exasperada.
"Era você, babe. Eu juro! Meu único remédio foi você... um santo remédio que apareceu na minha vida. Ou nada santo..." Deu um sorrisinho safado, mas ela não o acompanhou.
"Desculpa, Finn... mas não dá pra acreditar. Você quer que eu acredite num milagre porque o seu orgulho de macho não te deixa admitir que você tomou um remédio pra impotência, o que piora ainda mais as coisas." Suspirou. "Se bem que é uma faca de dois gumes, porque, se você admitir, eu também não vou te perdoar. Você me deu uma visão falsa sobre o que a gente tinha e eu não consigo esquecer isso."
"Eu não posso te perder, Rachel." Ele falou, fazendo carinho no rosto dela, mas ela tirou, rapidamente, a mão dele.
"Eu lamento, Finn. Por nós dois. Eu também perdi a pessoa que me fazia a mulher mais feliz do mundo, quando eu li aquela ficha... e tá doendo muito." Engoliu seco, evitando chorar na frente dele. "Vai embora, por favor. A Sugar vai buscar as minhas coisas, pra mim, qualquer dia, na sua casa." Avisou, caminhando para a porta, e ele não teve outra atitude a tomar senão segui-la.
Ele estava mais impotente do que quando fora procurar pelo chefe dela, mais impotente do que nunca! E era um tipo de impotência para o qual nenhum médico teria tratamento a oferecer.
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Dizer que o domingo tinha sido um dia difícil seria simplificar muito as coisas, mas, afinal, não havia palavras na língua de Finn, e provavelmente em nenhuma outra, que pudesse descrever aquelas horas infernais. Normalmente, seria um dia inteiro que ele dividiria com Rachel e agora ela não estava mais ao lado dele, e nem pretendia voltar a ficar um dia. Isso sem contar o fato de que ele sabia estar sendo totalmente injustiçado e não podia fazer nada a respeito, o que fazia sua cabeça doer e remédios serem realmente utilizados.
Na segunda e na terça-feira, Finn se arrastou de casa para o trabalho e fez o que era possível para alguém que estava funcionando no automático, empreendendo esforço mínimo nas tarefas. Depois igualmente se arrastou para casa, consumindo alguns tranquilizantes, para apagar sem pensar, porque a simples ação de raciocinar significava trazer à tona memórias de seus momentos com Rachel, lembrar que ela não fazia mais parte da vida dele, tentar achar algo mirabolante que pudesse trazê-la de volta e não chegar a lugar nenhum e, por fim, sentir uma dor quase física por causa da saudade e da impotência. Irônica impotência!
Ele não sabia, mas Rachel não estava muito diferente. Apesar de ter tomado a única decisão que se sentira capaz de tomar e de não estar propriamente arrependida dela, a saudade era avassaladora. Ela tinha vontade de ver Finn, ouvir a voz dele, sentir o calor do corpo dele no seu, o seu cheiro gostoso, que parecia ainda estar no travesseiro que ele usava, apesar da troca da roupa de cama. Sentia-se exausta, como se tivesse um peso enorme nos ombros, e estava tão distraída, que tanto o chefe quanto um de seus professores haviam chamado sua atenção para erros cometidos, o que nunca acontecera antes.
Na quarta, o rapaz decidiu que não iria mais ficar se enchendo de remédios, mas não conseguia dormir sem eles e, como sempre, não parava de pensar em uma certa morena. Decidiu, então, vestir-se novamente e saiu de casa, indo para o pub de Puck, que estava no caixa, quando ele chegou e ocupou um dos bancos em frente ao bar, pedindo ao conhecido barman uma tequila.
"Tequila e alguns dias sem falar comigo. Não vai me dizer o que tá pegando?" Perguntou o amigo, logo que se aproximou dele.
"Eu acabei de chegar, cara. Boa noite pra você também." Respondeu, irônico.
"Ok, ok. Boa noite, bro." Replicou, impaciente. "Mas, sério... o que tá rolando, cara? Eu já tava preocupado e agora essa tequila, às dez da noite de uma quarta... não pode ser coisa boa."
"A Rachel terminou comigo e, se você falar qualquer coisa como 'Eu te avisei que isso podia acontecer e agora você pode ter aquele problema de novo' ou me aconselhar a fazer um teste, eu quebro um desses bancos aqui na sua cabeça... eu juro." Disse, antes que o outro pudesse fazer uma observação impertinente.
"Cara, eu sei que eu pareço babaca às vezes, mas eu sou seu brother, ok? Eu dei essa sugestão quando eu achava que você tava só com tesão na garota... mas depois eu conheci a Rachel... ela é legal... e eu entendi que você gosta dela, de verdade. Eu não ia falar nada disso."
"Desculpa, cara."
"Tudo bem." Assegurou, entregando uma cerveja para Hudson, que o olhou, confuso. "Até eu sei que encher a cara e acordar todo fudido amanhã, tendo que ir trabalhar, só vai piorar as coisas." Explicou. "Agora, me conta. O que aconteceu? A gata parecia totalmente na sua."
"Ela tá. Quer dizer... ela tava. Agora, ela pode até gostar de mim ainda, mas não confia mais em mim."
"Como assim, cara? Você é o maior cachorrinho..."
"Não é esse tipo de falta de confiança." Interrompeu. "Ela não acha que eu chifrei ela, não. Ela..." Respirou fundo. "...descobriu que eu tinha aquele... problema... e pensa que eu tomei aquele remédio. Ela acha que quando eu falava que ela era uma delícia... que ela me deixava mais a fim do que qualquer outra garota... eu tava mentindo e o tesão era efeito do remédio. Ela acha que acreditou num papinho... que fez papel de idiota."
"Caralho!"
"Pois é. E a merda é que eu nem acho a porra da receita que o chefe dela me deu. Se, pelo menos, eu tivesse mostrado pra ela que eu nunca usei a receita, talvez ela acreditasse... mas eu virei minha casa de cabeça pra baixo e... nada!" Bufou, bebendo um gole de cerveja, em seguida.
"Cara..." Puck passou a mão pelo moicano que usava no meio de sua cabeça raspada. Finn sabia que aquilo era um gesto nervoso, então voltou suas atenções para ele. "Eu talvez possa te ajudar. Eu tenho uma coisa pra te falar, mas você tem que prometer... jurar... que você vai deixar eu e o meu bar inteiros."
"O que, cara? Fala logo! É óbvio que eu não vou quebrar nada. Parece que não me conhece, porra." Ficou impaciente.
"Beleza, então... lá vai. A receita tá comigo." Informou, fechando os olhos, com medo da reação, mesmo que realmente a vida toda Finn tivesse sido um cara pacífico.
"O que?" O outro quase gritou.
"Tá comigo, bro. Outro dia, quando você me pediu pra pegar seu iPad na gaveta, eu vi a receita lá, dando mole, e sabia que você não ia usar... aí eu achei que ia ser legal eu comprar pra mim e me divertir um pouco. Dizem que é a maior doideira!"
"Eu não acredito!"
"Eu não te contei porque eu sabia que você não ia me deixar usar. É todo certinho." Fez um trejeito engraçado, implicando com o amigo.
"Não me interessa o que você faz da sua vida, não, Puckerman. Eu até te devolvo a receita e você usa essa merda, até passar mal... até morrer, se quiser. Mas, agora, me dá isso, pelo amor de Deus! Talvez a Rachel acredite em mim e me perdoe."
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Rachel estava se virando de um lado para o outro na cama, como vinha acontecendo nas últimas noites. Não havia posição que parecesse confortável, porque abraçar um travesseiro jamais se poderia comparar a abraçar a pessoa que antes dormia com a cabeça repousada nele. Estava com sono, mas agitada demais, ao mesmo tempo, com a mente cheia de lembranças e ideias sobre como poderia ter sido.
Quando estava finalmente pegando no sono, escutou o celular tocar, indicando a chegada de uma mensagem. Teve vontade de apagar sem ler, ao ver que era de Finn, mas a curiosidade venceu a razão e ela apertou o botão, a fim de ver o que estava escrito.
Sei q vc n quer falar comigo, mas vou passar um papel por baixo da sua porta. Vou ficar aqui 15 minutos, se vc quiser falar sobre ele. Bjs, F
Ela pegou o papel e logo o identificou. Era uma receita dada pelo Dr. Shepherd, meses antes. Não havia como ser falsa, pois tinha o carimbo do médico e a assinatura dele, e a data também estava escrita na letra inconfundível que ela era obrigada a decifrar todos os dias.
"Oi." Disse, vendo Finn em frente à entrada de seu apartamento, com as mãos nos bolsos, a cabeça baixa, o semblante abatido. "Entra." Abriu passagem para ele.
"Olhou?" Ele perguntou, apontando para o papel na mão dela.
"Onde ela tava?"
"O Noah... ele achou que seria divertido experimentar Viagra e, como ele sabia que eu não ia usar... pegou."
"Sem te falar nada?"
"Ele detesta sermões e sabia que eu faria um."
"Então, você não tomou mesmo..."
"Não, Rach. Eu não tomei!" Interrompeu. "Eu te falei que não tinha tomado e não tomei. E não vem me falar, por favor, sobre mercado negro, porque eu tinha uma receita e não tinha razão pra comprar num maluco qualquer e me arriscar."
"Mas como você ficou bom, do nada... e... TÃO bom como você ficou? Eu to confusa!"
"A gente pode sentar?" Ela fez sinal positivo e eles foram para o sofá, como dias antes. "Rachel, eu não sou especialista nessas coisas. Eu não tenho como afirmar que eu fiquei bom por esse ou aquele motivo. Mas, quando eu consultei o seu chefe, ele disse que o meu problema não era físico... era psicológico, por... por causa de um trauma que eu sofri."
"Um trauma?"
"É, Rachel. Um trauma." Suspirou. "Eu peguei a garota que eu namorava, com uma ex minha, na minha cama... e as duas falando do quanto eu era... ruim de cama."
"Você ruim de cama?" Riu. "Meu Deus, Finn! Foi por isso que você me perguntou, uma vez..."
"Foi! Por isso eu te perguntei se você fingia. Porque elas fingiam." Pegou na mão dela, antes de continuar. "Eu acho que o desejo que eu senti por você, logo que a gente se conheceu, de alguma forma, me curou. Não como um milagre ou coisa do gênero, mas porque, quanto eu tentava com outras garotas, eu acabava me lembrando delas, do que elas tinham dito e... com você, não. Quando eu ficava perto de você, eu não pensava em nada! Era como se só existisse você... o seu corpo, o seu cheiro, a sua voz no meu ouvido. Eu fiquei surpreso quando eu consegui, é claro. Mas eu ia reclamar?" Questionou, retoricamente. "Era a melhor coisa que podia acontecer comigo, Rachel... e não só porque eu consegui ir até o fim de novo, mas porque era completamente diferente de tudo que eu já tinha sentido... MELHOR que tudo que eu já tinha sentido."
"Tudo que você me falou..."
"Era a mais pura verdade!" Completou. "Cada palavra, babe. Você me enlouquece de desejo... e eu sempre quero mais com você. Eu adoro quando você veste uma lingerie nova pra mim e eu tiro ela bem devagar do seu corpo... e quando você veste aquelas fantasias, eu não tenho nenhuma vontade de rir, só de..." Começou a ficar ofegante apenas por falar. "...passar horas e horas te amando, tendo você só pra mim."
Ela baixou a cabeça, sem jeito, e ficou em silêncio, por alguns segundos, mas começou a brincar com a mão dele, que segurava a sua, e um pequeno sorriso pode ser visto surgindo em seus lábios. Finn sorriu também, relaxando, e colocou uma mecha do cabelo dela para trás da orelha, acariciou a maçã de seu rosto, delicadamente, e, enfim, levantou seu queixo, procurando alguma resposta, algo mais em seu olhar.
"Se você veio até aqui, a essa hora da noite, pra me provar que tava falando a verdade, o tempo todo, eu... acho que eu posso concluir que você ainda me quer, mesmo eu tendo sido tão injusta com você, não posso?" Perguntou, hesitante.
"É claro que eu quero você... eu te..." Finn não conseguiu concluir a frase, porque Rachel tomou sua boca em um beijo apaixonado, que ele retribuiu com todo o prazer do mundo.
"Eu te amo muito, Finn. Eu to tão envergonhada..." Foi a vez de a garota ser interrompida. Os dedos dele impediram o movimento de seus lábios.
"Esquece tudo isso, babe! Vamos fingir que nem aconteceu, ok?" Ela concordou. "Vamos recomeçar de onde a gente parou, então... eu tenho uma surpresa pra você." Informou, tirando do bolso o chaveiro que ele vinha carregando havia dias, sem nem saber por que, como se fosse um amuleto.
"O que é isso?"
"A chave do meu apartamento que, se você aceitar, vai ser nosso apartamento, daqui pra frente." Ela colou uma das mãos à boca, surpresa. "Eu tenho pensado em te chamar pra morar comigo, desde que você contou que a Sugar ia se mudar. Então, naquele dia em que você terminou comigo, eu tinha feito essa chave e pretendia fazer todo um discurso, mas..." Deu de ombros. "Se você achar precipitado, não precisa aceitar... e a gente não vai terminar por isso, nem nada. Só... fala alguma coisa, por favor! Você tá me deixando nervoso." Riu.
"Então, Finn..." Falou devagar, fazendo suspense. "Considerando que eu teria mesmo que me mudar daqui, depois do escândalo que você fez no corredor do prédio, eu acho uma boa opção." Os dois riram. "E considerando o quanto eu amo você e... o quanto é melhor dormir com você do meu lado, é... TUDO que eu mais quero."
Os dois se abraçaram forte e, quando se separaram, ambos tinham lágrimas nos olhos, o que os levou a rir. As emoções estavam à flor da pele! Eles tinham saído da total falta de esperança e solidão para o melhor dos mundos, e com uma promessa silenciosa de infinitude no ar.
"Eu vou usar essa chave amanhã." Disse Rachel, tirando os dois da viagem que estavam fazendo no olhar um do outro. "E amanhã também combinamos tudo sobre a mudança. Mas hoje, você dorme aqui, porque já tá tarde." Sentenciou. "Além disso, eu to tentando dormir há algum tempo e não to conseguindo. Eu to muito ansiosa e eu acho que só tem um remédio pra isso." Levantou-se e esticou a mão, chamando-o.
"E que medicamento milagroso seria esse?" Ele brincou, já de pé e segurando a mão dela, que apenas sorriu, travessa.
Rachel Berry podia tê-lo curado primeiro, mas, quanto o assunto fosse o bem estar e a felicidade da sua pequena, Finn Hudson também se mostraria um (nada) santo remédio.
FIM