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“Querido Diário,

Estas últimas semanas têm sido muito corridas para mim. Eu preciso estudar bastante, pois sou consideravelmente mais atrasada que as outras meninas. Enquanto elas já estudavam em escolas particulares há muito tempo, eu mal consegui terminar minha educação básica. Leio todos os livros que posso na biblioteca, e ...”

 

–Você ainda está escrevendo, anã? – perguntou Santana, desfazendo a grossa trança dos cabelos com os dedos.

–Ahn... sim. – respondeu Rachel, logo guardando o diário para que Santana não ousasse pegá-lo.

–Onde está Quinn? – a latina indagou. Depois foi até o parapeito da janela e estreitou os olhos para a pouca luminosidade que fazia lá fora, no pátio da escola.

–Não sei. Faz dias que ela some e só aparece bem depois do toque de recolher. Estou com medo de que, em qualquer dia desses, sra. Tandy bata à nossa porta e ela não esteja aqui. – disse Rachel.

–Ah, cale-se, anã. Não vai acontecer nada. – Santana murmurou a última parte, olhando com tanta convicção que Rachel podia jurar que ela estava pensando com fervor no que Quinn estava fazendo.

Naquela noite, as duas garotas dormiram sem dizer mais nada sobre a outra companheira de quarto, mas imaginando o que poderia estar mexendo com Quinn a ponto de ela estar burlando as leis da St. Sophie.

Ela chegou quase de madrugada e Rachel viu sua silhueta cortar o quarto e se deitar às pressas debaixo dos cobertores.

–Quinn!- Santana exclamou.

–Shhh! – ela fez um gesto de silêncio. – Não acorde a Berry.

Elas não sabiam que, no entanto, Rachel já tinha se acordado e escutava o que elas estavam falando:

– Você foi vê-lo de novo? – perguntou Santana, o mais baixo que pôde.

–Sim. Ai, meu Deus, Sant, não sei mais viver sem ele! – Quinn exultou.

Rachel arregalou os olhos e buscou aguçar ainda mais a audição.

– Ele vem me deixar aqui em frente, não se preocupe.

– Mas, amiga, isto é muito perigoso. E olha que nem eu fui capaz de fazer isso. – Santana contrapôs.

–Mas eu o amo! Ele é o homem da minha vida.

Rachel afundou na cama. Então, Quinn estava estranha nestes dias porque estava se encontrando com alguém. E se fosse com Finn? A órfã ficou atordoada e seu peito se apertou. Provavelmente devia ser com outro, pois as famílias de ambos eram totalmente a favor de que eles ficassem juntos. Além do mais, ele mostrara-se tão genuinamente interessado em conversar com ela...

“Mas o que você está pensando, Rachel Berry?”, ela recriminou-se. “Você nunca poderá sequer cobiçar um rapaz tão encantador e rico com o sr. Hudson. Esqueça-o. Mesmo se ele e Quinn não ficarem juntos, ele achará outra garota à altura dele”.

{...}

Finn Hudson era um jovem com vinte e cinco anos, bonito, cobiçado e rico. Estava acostumado a ser o centro das atenções aonde fosse. Era tão alto e atlético graças aos anos praticando esportes na escola que deixava filas de garotas suspirosas e de homens invejosos atrás de si. Mas Finn sabia que só aquilo não bastava. Aliás, que se valesse apenas destas características, seria o mais superficial dos homens. Sua família tinha uma tradição de ajudar os mais pobres, e ele assim o fazia. Seu pai e seu avô tinham fundado um império de bancos e grandes empreendimentos no ramo das construções de pontes e estradas, e ele era o responsável por isso tudo. Finn não reclamava do trabalho, ou dos compromissos profissionais, mas se irritava quando sua família se intrometia em suas escolhas amorosas. Era justamente o que estava acontecendo naquele momento, em que seu pai, Christopher Hudson, se encontrava cortando o bico de um charuto enquanto inquiria o filho:

–Você ainda não tem nada de oficial com a garota Fabray? Como assim?

–Papai, não é assim tão fácil...- Finn se esquivou, evitando olhar para ele nos olhos.

–O que há, ora, de tão difícil em pedir a mão de Quinn Fabray? Vocês são praticamente prometidos um para o outro. Eu e o pai dela concordamos com isso e estamos esperando apenas que você o formalize.

–Eu não a amo, papai.- Finn sibilou.

–E o que você vai fazer naquela escola quase todo o final de semana?

–Vou vê-la, mas porque Quinn é uma garota bastante agradável.- Finn disfarçou, pegando alguns papéis sobre sua escrivaninha.

–Vês? Não é preciso amá-la, filho. Eu e Russell Fabray apenas ansiamos que vocês se casem, só isso.

Finn virou e finalmente encarou o pai:

– O senhor quer que eu me case sem amor?

– Eu quero que você se case. Com amor ou não, é opcional. Diga-me, filho... você está interessado em alguma menina? Porque, se for, dependendo das circunstâncias... você não precisa largá-la. Pode tomá-la como amante.

Finn ficou boquiaberto. Como seu pai podia propor aquilo?

–Pai, eu... eu vou fingir que não ouvi isso. Vou fingir que meu próprio pai nunca me disse algo tão corruptor e vergonhoso como isso. Com licença, preciso sair.

{...}

–Quinn, precisamos conversar.

–Oh, olá, Rachel. – a garota loira sorriu. Estava tocando piano na sala de música tão leve e despreocupada que de longe denunciava sua felicidade.

–Desculpe-me, primeiramente, eu sei que não deveria estar sendo tão intrometida, mas... com quem você tem saído todas estas noites?

Quinn teve um leve sobressalto:

– Ai, meu Deus, Rachel, fale mais baixo!

–Me desculpe, Quinn, mas...

–É com o Puck!

–O quê?! – Rachel quase gritou. – Com o Puck, o meu primo? Com o Noah?!

–Sim! – Quinn confirmou. Havia tanta emoção em sua voz que ela parecia no céu ao confessar aquilo.

–Meu, Deus, Quinn, você ficou louca?!! – Rachel estava perplexa. – Meu primo é pobre! Ele é um simples peixeiro, sua família nunca vai permitir que vocês se casem!

–Por isso. – Disse Quinn decidida. – Que no baile que haverá comemorando o aniversário da escola, que está próximo, aliás, eu o apresentarei como um rico judeu alemão que veio viver na América.

– O quê?! Rachel estava pasmada. – Mas o Noah... Quinn, isso é loucura. Seus pais vão matá-los quando descobrirem que isso é uma farsa.

–Quando eles descobrirem, já estaremos longe, casados e com a vida toda pela frente. Eu não vou deixar de ser feliz com o homem que amo por causa ded convenções sociais, Rachel. Já vivi minha vida toda fazendo tudo o que meus pais e a sociedade acham que é certo, e nunca me senti tão feliz como quando estou com seu primo.

Rachel suspirou. Uma parte dela sentia-se até culpada por ter levado as garotas à feira naquele dia e ter feito com que Quinn e Puck se conhecessem, mas, por outro lado... ela se perguntava se um dia sentiria aquilo que sua amiga acabara de dizer.

Confusa, precisando pensar melhor, Rachel pediu para sair um pouco. Havia um parque pequeno atrás da escola, e Rachel caminhou até lá. Sentou-se em um banco de madeira, suspirando. Passou algum tempo sozinha, pensando na situação complicada em que sua amiga e seu primo estavam se enredando, quando uma pessoa sentou ao seu lado.

–F... Mr. Hudson? – ela se assustou, e por pouco não lhe chamou pelo primeiro nome.

–Oi, Miss Berry. – ele disse, a voz rouca e doce abalando mais ainda a paz da garota.

–O que faz aqui?

– Vou ser sincero, senhorita. Estou... estou verdadeiramente com muitas coisas em minha mente. E, mais ainda, em meu coração. Posso estar sendo um louco, e não sou dado à inconsequências, mas há alguém cujos meus devaneios sempre são direcionados nestes últimos tempos.

Rachel o ouvia com tanta atenção que nada mais parecia existir ao seu redor:

– Mr. Hudson, eu tenho também minha mente e coração tantas questões que não posso nem sequer exprimir. Mas o que faz aqui em St. Sophie?

Finn a olhou com tanta doçura que Rachel sabia da resposta, mesmo que palavras não fossem ditas.

–Estou aqui por sua causa, Miss Berry. Estou... estou apaixonado por você.

Cap. 4: "Revelações"

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