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“Querido diário,

A nova escola é tudo o que eu nem podia imaginar. Há muitas alunas, muitos professores, muitas atividades a serem feitas. Eu tenho lido, escrito e aprendido mais do que em toda a minha vida, apenas neste último mês. Tenho professores realmente muito bons. Mr. Collins nos ensina Música, e é uma aula em que eu particularmente me saio muito bem. Adoro cantar, e sempre alcanço as maiores notas. Para dizer a verdade, é quando mais me sinto feliz estando aqui. Também temos Aritmética, com um professor muito severo, Mr. Humbold. Não gosto dele, mas sempre fui boa em fazer contas, porque eu ajudava bastante Mrs. Conrad com as contas do orfanato. E temos Inglês, cuja gramática e literatura é ensinada por Mrs. Clairmont. Ela nos indicou a leitura de “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, e eu realmente estou empolgada! Mr. Darcy parece-me tão cheio de predicados interessantes”...

 

– Oh, Díos mío, você já está de novo escrevendo neste diário? Não há mais nada que possa lhe interessar nas horas vagas, Miss Berry? – Santana Lopez, uma das companheiras de quarto de Rachel apareceu, interrompendo-a.

–Bem, escrever no meu diário é o que mais gosto de fazer.- Rachel respondeu lentamente, tratando de guardar o diário com o máximo de cuidado.

–Pois eu gosto mais de agir que escrever. O que você coloca aí? Porque você não faz nada de excepcional...

Rachel respirou fundo. Naquele último mês, a única coisa que mais a afligia na St. Sophie era a convivência com Santana Lopez. A latina implicava com ela por causa de tudo, e a órfã sentia-se acuada. Ainda bem que ela tinha uma boa relação com sua outra companheira de quarto, Quinn Fabray.

Esta estava adentrando o quarto quando viu as colegas naquela conversa, ou melhor, enquanto Santana desferia mais um de seus comentários ferinos:

– Santana, pare de ralhar com Rachel, por favor.

–Oh, vocês duas são tão maçantes. Não fazem nada, não saem, não se divertem. Estou enfadada de estar presa entre estas paredes.

– E por isso, acha-se no direito de encher nossos ouvidos com suas objeções fora de ordem? – retorquiu Quinn.

–Eu tenho espírito livre, chica. Desculpe-me se isto lhes incomoda.- respondeu Santana.

Rachel encostou-se no parapeito da janela do quarto e fitou tristonha o pátio lá fora.

Ela entendia Santana, apesar de suas implicâncias. Rachel também sentia-se sufocada na escola, apesar de não confessar aquilo. No orfanato, ela brincava com as crianças, saía um pouco com Mrs. Conrad, ria com a visita do seu primo Noah...

Rachel sorriu ao lembrar o seu primo. E teve uma ideia:

– Garotas... vocês gostariam de me acompanhar em um passeio agradável?

Quinn ergueu uma sobrancelha; estava bordando. Santana pareceu animar-se.

– É a um lugar ao qual vocês, provavelmente, não estão acostumadas, mas aposto que se formos, irão gostar. Tomaremos um pouco de sol, podíamos comer algo...

–Onde é? – perguntou Quinn, objetiva.

– À feira. No domingo pela manhã, quando temos permissão de sairmos um pouco.

–Ah, eu adoro feiras! – exclamou Santana, feliz. – Ia à muitas no Texas, e também no México, com minha família.

– Eu acho que não é um lugar muito apropriado... – Quinn disse, lentamente.

– Bem, eu sei que você pode achar que não, mas eu creio que um pouco de sol, ar fresco e movimento de pessoas ao seu redor seria muito bom. – argumentou Rachel.

Quinn olhou para ela e Santana. Ambas estavam tão empolgadas... não poderia ser algo ruim.

–Certo, tudo bem, eu as acompanharei. – ela assentiu.

{...}

No domingo pela manhã as garotas do St. Sophie tinham a permissão de saírem da escola para passearem. Era a primeira vez que Rachel se empolgava a deixar a escola um pouco, mas estava com muitas saudades de seu primo Noah, assim como de encarar outras paisagens, além dos muros da escola.

Santana e Quinn também pareciam ansiosas por um pouco de diversão, mas de formas variadas. A latina dizia que, apesar de uma feira em Nova York não ter a mesma cor que uma no México, pelo menos seria mais animada que ficar trancada na escola. Quinn ainda parecia hesitar, mas, no horário certo, as três estavam prontas. Para não causarem alarde, elas disseram à Mrs. Tandy que simplesmente fariam uma caminhada.

Qual não foi a surpresa da garotas quando um carro luxuoso estacionou em frente à escola e dele saltou Mr. Hudson.

–Fin... digo, Mr. Hudson! – Quinn exclamou, sobressaltada.

– Bom dia, mademoiselles. – ele cumprimentou-as.

Rachel ficou um pouco tensa, mas não entendia o por quê de estar agitada.

– Onde estavam indo? – ele perguntou às três.

– Estávamos indo à feira. E espero que não nos atrapalhe. - resmungou Santana.

Finn olhou curioso para Quinn:

– À feira, Miss Fabray?

Quinn ruborizou-se e apressou-se a dizer:

– Se lhe desagrada tal ideia, podemos voltar à escola, ou ir à uma confeitaria, ou...

– Não, por favor! – Santana reclamou.- Não voltaremos, aviso-lhes logo. Justo quando surge algo de realmente excitante temos que voltar? O senhor não poderia ter escolhido momento mais inoportuno para vir ver sua noiva, Mr. Hudson.

Quinn fuzilou Santana com um olhar severo, enquanto Rachel não conseguia parar de pensar no que a latina dissera sobre o rapaz à frente delas ser noivo de Quinn.

–Oh, não, srta. Lopez. Não tenho intenção de estragar o passeio de vocês, só achei um tanto quanto exótico o roteiro dele. Posso acompanhá-las, então?

– Realmente não há necessidade...

–Tudo bem, Miss Fabray. Será um prazer.

As três entraram no carro e rumaram para a feira. Rachel indicava o caminho, e eles pararam em um bairro pobre, perto do porto. Dezenas de barracas se estendiam pela rua, e a variedade de aromas se espraiava no ar.

O sol não estava forte, mas o clima estava agradável, com um céu belo e azul. Santana foi a primeira que se animou ao saltar do carro, indo diretamente procurar barracas com comidas apimentadas. Quinn e Rachel seguiram acompanhadas por Finn, que observava tudo atentamente, andando daquela forma imponente ao lado delas e que encantava a cada instante mais Rachel.

Ela não sabia como definir o que sentia na presença dele, mas era algo que aumentava cada vez mais. Mr. Hudson era simplesmente demasiado bonito, quase perfeito, mas ela sabia que pensar isso sobre ele era praticamente impróprio. Ele nunca olharia para ela com algum interesse, ela era baixinha, tinha um nariz judeu, era órfã, pobre.

Avaliando- se assim, ela olhou de soslaio para ele e Quinn. Ela era tão bonita... e era rica, culta, prendada. E eles estavam noivos, não fora isso que Santana dissera?

–Minha princesinha!

Rachel foi engolfada por dois braços fortes que a ergueram no ar.

–Noah! – ela exclamou, feliz, pois era seu primo que a abraçava tão efusivamente no meio da feira.

–Minha prima linda! Como você está?

–Estou bem! – ela respondeu, feliz por vê-lo. – Bem, deixe eu apresentar meus amigos. Este é Mr. Hudson e esta é Miss Fabray, minha colega de escola.

Finn apertou distintamente a mão de Noah, enquanto Quinn estendeu sua mão delicadamente para ele. Noah ficou encantado com a moça loira de olhos castanho-esverdeados, beijando sua mão de forma tão cuidadosa que parecia estar cumprimentando uma santa.

–Noah vende peixes. – disse Rachel.

– Ah, podem me chamar de Puck.- ele disse, olhando fixamente para Quinn.

–Que interessante. - disse Quinn, sorrindo. Aquilo poderia soar como uma simples cortesia, uma resposta por educação, mas seus olhos tinham um brilho genuíno em direção ao peixeiro.

– Quer olhar minha barraca, senhorita? – o primo de Rachel perguntou, animado.

– Adoraria. - ela respondeu alegremente.

–Então, este é o momento em que nós dois ficamos sozinhos para trás e precisamos criar uma conversa para que a companhia um do outro não se torne enfadonha.- disse Finn, sobressaltando Rachel.

– Não precisa se esforçar, se não quiser, Mr. Hudson. – ela respondeu, humilde.

Eles foram caminhando pela feira, lado a lado.

– Ora, será que não sou capaz de falar nada que possa lhe agradar? – ele gracejou, e Rachel ficou vermelha.

– Imagine! Eu é que não sou capaz de dizer o que possa entretê-lo por muito tempo.

Finn sorriu para ela:

– Acho que você não tem noção dos seus encantos, Miss Berry. Uma garota que é capaz de trazer duas das maiores herdeiras da cidade para um passeio na feira deve ter um grande poder de persuasão.

Rachel corou mais uma vez:

–Elas estão aqui pelo exótico, como o senhor mesmo apontou hoje mais cedo. Mas, devo confessar que não esperava que Quinn acabasse sendo a mais animada, no fim das contas.- ela reparou na amiga e no primo, mais adiante, trocando olhares e sorrisos na barraca de peixes.

– Parece que seu primo caiu nas graças dela. – Finn comentou.

Rachel percebeu que não havia ironia ou ciúmes na voz dele. Mas Santana não tinha dito que ele e Quinn eram noivos?

– Quinn e eu nos conhecemos desde crianças. Nossas famílias são amigas e têm laços de negócios muito fortes. Por isso, há uma certa pressão para que fiquemos noivos e reforcemos ainda mais esta aliança. – ele disse, parecendo adivinhar os pensamentos de Rachel.

–E esta ideia lhe agrada, Mr. Hudson? – Rachel indagou, surpresa com a própria ousadia.

– Gosto de Quinn, mas é um sentimento difuso. Não creio que seja a paixão definitiva de que tanto os poetas falam. – ele sorriu.

– Será que este conceito é realmente verdadeiro? – ela o desafiou.

– Se não existir um amor pelo o qual se valha à pena lutar e viver, Miss Berry, não existiriam também os poetas que o cantam.

–Então, o senhor acredita no amor verdadeiro. Que bonito.

– Acredito, Miss Berry. E também acredito que devemos sempre buscar o melhor nos outros, independente do que aparentem ser. Por isso, nunca duvide do quanto é encantadora.

Cap. 3: "Encantos na feira"

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