Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
"Eu sinto muito, Sra. Monteith." Foi a última coisa que o médico disse antes de sair do quarto, deixando-a no soro intravenoso.
Lea trocou um olhar triste com Cory e o canadense beijou a mão delicada da morena, entrelaçada na sua, em uma tentativa falha de fazê-la sentir melhor. Mas não havia como a fazer se sentir melhor, nem muito menos ele.
Há poucas horas atrás, tinham certeza que haviam encontrado a plena felicidade. Mas tal certeza havia sumido quando o médico anunciou que o bebê não era mais vivo no ventre da nova-iorquina. Estava morto, e eles teriam que fazer uma cesárea para tirá-lo.
O que mais matava Cory era ver sua baixinha com lágrimas intermináveis saindo dos olhos, acariciando a barriga e ainda com algum tipo de esperança.
A queda havia resultado em descolamento de placenta. Os nutrientes do bebê foram cortados por causa disso e ele acabou não resistindo. Morreu à caminho do hospital.
O médico voltou a pouco tempo depois, avisando que o centro cirúrgico já estava preparado. Cory beijou o topo da cabeça de Lea e disse que a amava e que tudo ficaria bem. Com isso, saiu do quarto, encontrando Naya, Mark, Dianna e Chord - que havia chegado com o mais novo casal - ainda cheirando a protetor solar e com os trajes de banho por debaixo da roupa.
Ninguém teve coragem de perguntar qualquer coisa. Os olhos dele já diziam tudo. A postura cabisbaixa dele já dizia tudo.
"O bebê... e-ele não resistiu, mas... a Lea está bem. Vão fazer uma cesárea e ela deve ter que ficar internada uns dias... não sei direito." O canadense disse, respondendo aos olhares curiosos.
"A gente sente muito, bro." Mark afirmou e o baterista tentou sorrir em gratidão.
"A culpa foi minha. S-Se eu não tivesse contado pra ela que o Mark e a Di estavam juntos... Ela não teria ficado tão animada e..." Naya disse, transtornada.
"Hey, não foi sua culpa... não foi culpa de ninguém." Cory a interrompeu. "Tudo acontece por uma razão. E apesar de não saber o por quê disso ter acontecido, deve ter uma explicação. T-Talvez nós não seríamos bons pais ou... algo pior ia acontecer no futuro, ou..."
"Agora é você que está falando besteira, dude." Chord afirmou.
"Foi um acidente, Cory." Dianna disse, logo em seguida.
E é nessa hora que ele junta todas as suas forças para não chorar. Tinha que ser forte. Ser forte por todos ali e, principalmente, por Lea. Ele estava sofrendo, com certeza, mas demonstrar ia deixar tal sentimento mais doloroso.
Então ele se senta entre Mark e Naya e espera. Espera durante quase uma hora, até que o mesmo médico volta e avisa que Lea está bem e já de volta ao quarto, mas adormecida.
Ele pede pra que Mark pegue algumas roupas suas - já que a nova-iorquina passaria duas noites em observação - e segue o médico até o quarto.
Seu coração quebra quando avista Lea sem a barriga pretuberante.
~x~
A morena ainda estava dormindo quando Mark chegou com as roupas. Cory estava cansado tão fisicamente quanto emocionalmente. Já havia ligado para os sogros e para sua mãe explicando tudo. Os Safarti e Ann prometeram estar em LA no dia seguinte.
"Como ela está?" Mark perguntou, vendo o amigo sair do quarto, visivelmente abatido.
"Bem, eu acho... Ela ainda não acordou, mas a cirurgia correu bem." Respondeu ele, pegando a mochila que continha as roupas.
"E você? Está bem?" Ele perguntou novamente.
"Yeah, estou... na medida do possível." Disse ele, suspirando.
"Dude, não faço a mínima ideia do que você está sentindo ou passando... mas você não precisa ser forte o tempo todo. Você pode chorar. Vai até te fazer bem. Não precisa construir essa muralha em volta de si mesmo." Mark afirmou, batendo no ombro do amigo, tentando confortá-lo.
"Eu não quero parecer um fraco, man." Cory afirmou.
"Isso não é ser fraco, cara. Você pode chorar, você deve chorar. Conversar com alguém sobre isso... não sei." O homem de moicano insistiu.
O canadense não disse mais nada, apenas abraçou o melhor amigo, que já estava de braços abertos. Deixou algumas lágrimas caírem de seus olhos e se sentiu melhor depois disso.
Eles não precisavam de muitas palavras pra se entenderem. Gestos eram suficientes
~x~
"Cory?" Uma voz fraca e sonolenta invadiu os ouvidos do canadense encolhido na poltrona branca. Não sabia se ele era grande demais ou a poltrona que era pequena demais. Só sabia ue a dor nas costas seria certeira depois de algum tempo ali.
"E-Está tudo bem? Está sentindo alguma for? Eu posso..." Ele disse, levantando-se e indo até ela. Imediatamente pegou sua mão.
"Não, não estou sentindo nada." Ela o interrompeu.
"Certeza?" Perguntou ele.
"Yeah... deita aqui comigo?" Pediu ela, com os olhos tristes.
"E-Eu não posso."
"Só até eu conseguir dormir. Não gosto da sensação de ficar sozinha na cama." Lea afirmou.
"Okay." Então ele subiu na cama, abraçando-a e beijando sua testa. A morena estava bem abatida. Havia chorado boa parte do início da noite - principalmente enquanto falava com sua mãe pelo telefone.
O canadense não sabia muito bem o que fazer, então apenas a abraçou. Uma vez ela dissera que um abraço dele podia fazer qualquer um se sentir melhor. Ele realmente esperava que aquilo fosse verdade naquele momento.
"V-Você pode... pode cantar pra mim?" A nova-iorquina perguntou após alguns minutos de silêncio.
"Cantar? Tem certeza, babe?" Perguntou o baterista.
"Yeah. Por favor, Cory." Pediu ela, fazendo impossível negar - não que ele fosse dizer não.
"Oh, why you look so sad?
(Oh, por que você parece tão triste)
Tears are in your eyes
(Lágrimas estão em seus olhos)
Come on and come to me now
(Venha e venha pra mim agora)
Don't be ashamed to cry
(Não tenha vergonha de chorar)
Let me see you through
(Deixe-me ver através de você)
'cause I've seen the dark side too
(porque eu vi o lado obscuro também)
When the night falls on you
(Quando a noite cai em você)
You don't know what to do
(Você não sabe o que fazer)
Nothing you confess
(Nada que você confessar)
Could make me love you less
(Pode me fazer te amar menos)
I'll stand by you
(Eu estarei do seu lado)
I'll stand by you
(Eu estarei do seu lado)
Won't let nobody hurt you
(Não vou deixar ninguém te machucar)
I'll stand by you
(Eu estarei do seu lado)"
E, com isso, ela adormeceu. Ainda estava devastada - tal sentimento não iria embora tão cedo - mas sabia que, com Cory ao seu lado, tudo ficaria bem.