Cinco amigas e suas mentes criativas
High Five Stories
Rachel estava entediada. Batia com a caneta em sua escrivaninha, com os pensamentos em nada específico. Só sabia que o fim das aulas em NYADA não era o melhor dos momentos para ela. Férias significavam passar um bom tempo em Lima com os pais e ela não tinha amigos naquela cidade, seriam somente os três.
Não entendam Rachel mal: ela ama seus pais. Mas depois de um tempo conversando e contando tudo que aconteceu em seus primeiro ano escolar, chegaria um momento em que não haveria muito a compartilhar. Ela não era mais uma princesinha dos papais! Chegaria o momento em que suas férias se resumiriam a ver e rever e rever musicais, encher-se de pipoca e sorvete vegan, esperando ansiosamente o retorno das aulas para rever os amigos que, finalmente, ela tinha em NY.
Tina entrou no quarto que as duas dividiam em uma das muitas repúblicas repletas de estudantes universitários em NY e anunciou:
“Nós duas iremos comemorar o final de nosso primeiro ano hoje! Coloque sua melhor roupa porque a night nos espera, Rachel Berry!”
Rachel não queria estragar os planos de Tina nem tirar o sorriso do rosto da amiga, mas não sabia se era uma boa idéia saírem para uma night. Tudo bem que Rachel havia mudado muito depois de sua chegada em NY. Já não vestia mais roupas que lembravam uma mistura de avó com jardim da infância, se sentia mais na moda e até sexy! E também tinha melhorado muito seu temperamento, convivendo muito bem com os colegas e fazendo amizades que poderiam se tornar duradouras. Ainda assim, tinha dúvidas se iriam sentir-se ou não deslocada na noite, bebendo, dançando, olhando e sendo olhada.
“Eu não sei, Tina. Ainda não fiz minha malas e preciso TAM-“
“Não, Rae. Não me vem com essa!! Você vai! Eu prometo que não vou passar todo o tempo com o Mike, que vamos dançar a noite toda. E também vai ter mais gente conhecida lá: a Mischa vai, o Tony...”
“Ok, ok. Eu não sei dizer não para você, quando você faz essa sua cariiiiinha!!! Hehehe”
As duas se abraçaram. Tina se encaminhou para o armário, para procurar o que vestir e Rachel fez o mesmo. Já que iria sair, sairia linda! Colocou um vestido preto e sapatos de salto alto matadores que ela escutou uma vez uma das cheerios, uma morena de tipo latino, dizer no banheiro da escola, serem sapatos que gritam “faça sexo comigo agora!”
Ao entrar no club naquela noite, Rachel não se sentiu tão mal quanto temia. O lugar era lindo, as pessoas eram bonitas e bem vestidas, e alguns rostos conhecidos foram logo vistos por ela e Tina. As duas cumprimentaram Mischa, Tony e os demais estudantes de arte dramática, indo em seguida falar com Mike, que apresentou alguns rapazes que Rachel imaginou serem do curso de dança que ele fazia em Julliard.
Rachel e Tina se serviram de bebidas, dançaram um pouco, e, quando o primeiro drink de ambas acabou, foram retocar a maquiagem no banheiro feminino. Ao voltar de lá, encontraram Mike sentado em uma mesa num canto, acompanhado apenas de um amigo. Rachel observou que este não tinha sido apresentado a ela e Tina quando chegaram. Tina imediatamente cumprimentou-o, calorosamente, com um abraço e o apresentou:
“Rachel, este é o Finn, o colega de quarto do Mike”. Rachel e Finn se cumprimentaram rapidamente com beijos no rosto, exatamente como Rachel havia cumprimentado todos os demais anteriormente, enquanto Tina se sentada ao lado de Mike em um daqueles bancos duplos e continuava a falar. “Os dois estudaram juntos também, o Finn era da banda que o Mike tinha na escola, aquela sobre a qual te falei.”
Rachel acenou positivamente, sem perceber que Finn, por sua vez, a observava, maravilhado.
Tina deu um beijinho rápido no namorado, enquanto Rachel dirigiu seu olhar para a pista de dança e sorriu vendo os amigos, e Finn tomou um gole de sua bebida sem tirar os olhos dela. A asiática, então, voltou a falar, na esperança de que suas próximas palavras pudessem, enfim, quebrar o gelo.
“Finn, Rachel estudou no McKinley também. Nos mesmos anos que você e os meninos.”
“De jeito nenhum!” Finn afirmou, o que fez Rachel olhar para ele com a expressão confusa e ele perguntar, dirigindo-se a ela própria “Isso é verdade?”, ao que ela apenas respondeu com um aceno de cabeça positivo. “Não é possível, eu me lembraria”, ele completou.
“É o que você diz... mas não se lembra!” Rachel disse, finalmente. “Não se sinta mal, também não me lembro de você”, falou, tentando manter-se indiferente, apesar de também não entender como pode ignorar alguém tão alto e tão... liiiiindo!!
“Isso é difícil também. Eu era o quarterback do time de futebol, o capitão do time de basquete...”
“Eu nunca fui ligada a esporte”, ela disse sorrindo.
De fato, Rachel nunca tinha prestado a menor atenção aos esportes e aos esportistas do colégio. Ela sempre esteve totalmente focada em suas atividades curriculares e extracurriculares porque queria entrar em NYADA: os musicais, o jornal e a rádio da escola.
Além de não gostar de esportes, não tinha vida social alguma na época, não ia sequer aos bailes que aconteciam durante o ano escolar. Sempre foi solitária, sendo a única exceção o momento em que seu par romântico na montagem escolar de A Bela e a Fera se apaixonou por ela e Rachel resolveu dar uma chance ao rapaz, apesar de não ver os fogos de artifício, as faíscas e todas essas coisas de que falam nas comédias românticas, quando ficava com ele. Isso aconteceu já no último ano e durou uns oito meses, mas a menina resolver terminar tudo quando, mesmo depois de se entregar algumas vezes ao namorado, continuava não sentindo nada intenso acontecer em seu corpo e em seu coração.
Finn era o extremo oposto: cheio de amigos, cheio de meninas interessadas nele, cheio de atividades sociais durante quase toda a sua vida escolar, o que só mudou um pouco no último ano, quando passou a se dedicar mais a música e começou, inclusive, a compor. Ele decidiu que iria estudar música e o fato de ter uma banda e de ter estudado muita coisa sozinho (tocava vários instrumentos, sabia alguma teoria musical, cantava) fez com que conseguisse ir para Julliard.
Vendo que Mike e Tina se perdiam um no outro neste momento, Finn aproveitou para perguntar se Rachel não gostaria de ir até o bar com ele buscar bebidas para ambos, e ela aceitou, levantando-se do banco que dividiam.
No bar, ele perguntou o que ela queria beber e ela quis saber o que ele iria beber. “Uma cerveja”, “Uma cerveja para mim também, então!”
Eles receberam as cervejas, que Finn fez questão de pagar, e voltaram á mesa conversando. Ambos perguntaram sobre o que o outro estava estudando ali em NY e ficaram extremamente surpresos (ela mais do que ele) e maravilhados (ambos mesmo, neste caso) com a escolha de carreira do outro. Parece que afinal eles tinham alguma coisa em comum: a arte, principalmente a música.
A conversa fluiu naturalmente e eles voltaram ao bar para pegar mais uma cerveja, mas dessa vez não voltaram juntos à mesa, pois Rachel disse amar a música que começava a tocar, perguntou se ele se importava que ela se juntasse aos amigos na pista, ao que ele respondeu que não, então a estudante foi dançar.
Finn não conseguia tirar os olhos dela, mexendo-se na pista de dança. Era tão sexy, tão linda! Seu sorriso iluminava mais do que as luzes daquele lugar, sua gargalhada era contagiante e, mesmo de longe, só de a ver rindo tão espontaneamente de alguma piada dos amigos, ele se pegou sorrindo como bobo.
Sem nem perceber Finn já tinha tomado toda a sua cerveja e se levantava para pegar outra. A noite, afinal, estava apenas começando.