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–Sonhando com seu príncipe encantado, Berry?

Eu estava deitada em minha cama, com alguns livros em minha volta, com a televisão ligada e o computador ao meu lado. Um dia de folga era ótimo; evitar o trânsito, não se estressar com os diretores e ficar em casa, somente relaxando e fazendo aquilo que me der vontade. Eu tentei ler livros, ver televisão, fuçar no computador, mas não adianta o que eu faça, minha mente sempre está focada nele. A única pessoa que me fazia tirar Finn da cabeça era Santana. Mesmo sem rude, grossa e realmente briguenta, ela é a melhor amiga que alguém pode ter. Divide o apartamento comigo desde que me mudei para New York, para cursar faculdade em NYADA. Santana cursou faculdade de advocacia, e agora é uma das melhores advogadas que New York tem hoje em dia.

–Sempre sonhando com ele Santana...mas cada vez está ficando pior sabe?

Santana deitou ao meu lado, fechando o computador e o colocando de lado. Desligou a TV, e jogou meus livros no chão.

–Olha, se você quer esquecer ele, não adianta ficar vendo comédias românticas, lendo livros que falam sobre amor ou vendo fotos de vocês dois no computador. Ache um jeito certo de esquecer o Hudson.

Fiquei pensativa por alguns minutos. Santana estava certa. Passei a tarde inteira lembrando meus passeios com Finn, nossas fotos, nossas viagens, e as nossas noites de bebedeira. Ele também havia se mudado pra New York depois do colégio. Eu, Santana, Finn e Kurt, o meio-irmão de Finn, viemos juntos pra cá. Enquanto eu e Santana moramos em um prédio perto da Broadway, Finn e Kurt moram um pouco longe daqui, mas todas as noites nós quatro nos juntamos para comer, ou apenas conversar sobre nosso dia. Desde o colégio, eu, Kurt e Santana somos grudados, e sempre contamos tudo um para o outro. Finn andava com os populares, e era o pegador da escola. Enquanto eu, andava com os excluídos. Mas isso não nos impediu de formar uma amizade.

Sempre tive uma queda por ele. E quem não teria? Alto, bonito e aquele sorriso...é de matar qualquer uma...ou qualquer um. Eu e Santana tentávamos achar um jeito de fazer ele me notar, e nunca dava certo. Até que um dia tivemos que fazer um trabalho junto, para minha felicidade. Depois que terminamos, e ganhamos um merecido "A", decidimos começar uma amizade e nos conhecer melhor. Santana achou isso uma ótima ideia. Primeiro amigos, depois namorados. Mas isso não aconteceu. Ele é meu melhor amigo já há muitos anos. Nunca chegamos a nos beijar, ou trocar olhares apaixonados. Então me toquei que talvez eu não fosse o tipo dele. Já que o tipo de Finn Hudson são as galinhas e metidas.

Mas, apesar de ver uma mulher diferente cada dia no apartamento dele, nunca desisti de um dia ter ele comigo. Nunca pensei em desistir, e esquecer Finn. Ele é a pessoa que eu mais amo em todo esse planeta, e nada vai poder mudar. E não importa...eu nunca vou desistir.

–Não posso esquecê-lo, Santy. Não dá; não consigo e nem quero. Se conforme que eu vou amá-lo sempre. E nada, nem ninguém vai me fazer mudar de ideia.

Ela me olhou espantada, se sentando na cama. Eu fiz o mesmo, e depois de um tempo me deitei sobre suas pernas.

–Tá inventando algum plano pra eu tentar conquistar o Finn?-Eu perguntei, percebendo que Santana estava longe.

–Você me conhece até demais, Rachel Berry.

:.

–O plano é o seguinte. Mandei uma mensagem para Kurt, pedindo que ele não comprasse nada pra gente comer. Quando chegarmos lá, ele vai se tocar que esqueceu a comida e eu e ele vamos dar o fora do apartamento, deixando você e o Frankenteen sozinhos.

Os planos de Santana às vezes me assustavam, isso era verdade. Mas esse parecia plausível. Respirei fundo, e esperei Santana estacionar na frente do prédio em que Kurt e Finn moravem. A olhei meio apreensiva, e ela deu um leve sorriso.

–Vai dar tudo certo Rach, eu prometo. É só você não se apavorar, e fazer o que acha que tem que ser feito. Se não der certo, a Titia Santana tem um outro plano em mente já.

Nós duas rimos, e saímos do carro, indo até a porta de entrada do prédio. Pegamos o elevador, e em alguns minutos já estavámos no andar em que eles moravam. Tocamos a campainha e um Finn desleixado apareceu na nossa frente. Ele usava uma calça de moletom, e uma blusa de algum time de futebol. Os cabelos estavam bagunçados e pra completar, tinha aquele sorriso torto que fazia minhas pernas amolecerem. Entramos e vimos Kurt mexendo no computador. Me deitei no sofá maior; ainda continuava exausta. Aquele apartamento era como minha segunda casa; tirando o trabalho e o meu apartamento, esse era o lugar que eu mais passava tempo. Normalmente, era ali que nós quatro jantávamos. Dificilmente íamos para o meu apartamento e só saíamos pra comer fora quando todos estavam dispostos e animados.

–Kurt, o que a gente vai comer?-Santana disse, indo até a geladeira pegando uma garrafa de água.

–Putz gente, esqueci de comprar a comida...vou no mercado e já volto.-Kurt deu uma leve piscadela para mim, e foi procurar suas chaves.

–Eu vou com você.-Finn se levantou da cadeira, e meu sorriso murchou.

–Eu vou com ele, Hudson. Você fica aqui.-Santana pegou sua bolsa e abriu a porta do apartamento.

–Mas porquê?-Ele fez uma cara de desapontamento, e comecei a achar que ele estava evitando ficar sozinho comigo.

–Finn, meu irmãozinho lindo e fofo...olha o seu estado. Você passou a tarde inteira dormindo depois que aquela vadia francesa passou a noite com você. A sua roupa, o seu cabelo...você fica aqui com a Rach.

Finn fez uma cara esquisita, mas se sentou de volta na cadeira, enquanto Kurt e Santana saíam do apartamento. Fiquei lá, deitada, olhando para o teto, pensando o que eu iria fazer para o Finn gostar de mim.

Até que tive uma ideia. Nunca soube qual era o tipo de mulher que Finn gostava. Ele dormia com qualquer uma, mas eu nunca soube qual era o tipo que fazia seu coração bater mais forte, e fazia a respiração ficar mais apressada. Eu descobriria isso, e me tornaria esse tipo de mulher. Eu me tornaria uma mulher perfeita para Finn Hudson.

–Finn...qual é o tipo de mulher que você mais aprecia?-Eu disse, me sentando no sofá.

–Como assim? Na cama?

–Não, seu bobo. Digo, qual é o tipo de mulher perfeita pra você? Aquele com quem você casaria? Não adianta falar que você não quer casar, porque eu sei que quer. Eu sei que quer ter filhos também. Também sei que você quer abandonar essa sua vida de galinha e começar a viver a vida nos eixos, com namorada e com amor. Eu sou sua melhor amiga.

Finn abaixou a cabeça, e acabei sorrindo. Ele ficava muito fofo quando percebia que eu estava certa.

–Olha Rach...eu não quero mais essa vida. Eu quero tudo isso que você. Eu estou ficando velho, e se eu não parar de galinhar, quando é que eu vou arranjar alguém certo pra mim? Não posso me casar com quase cinquenta anos! Eu preciso achar alguém; eu preciso namorar, e ter um relacionamento sério. Preciso amar alguém, preciso lhe dar carinho e casar, ter filhos. É isso que eu quero.

Ouvir Finn falar tudo isso, fazia eu querer gritar para o mundo todo o quanto eu o amava, e queria ficar com ele. Eu queria ser aquela mulher sortuda que iria casar e ter filhos com Finn Hudson. Mas eu seria. Por enquanto, devo guardar tudo isso que sinto por Finn, e ser a amiga que ele precisa.

–Me conta Finn...qual é o seu tipo de mulher?-Me levantei do sofá e puxei uma cadeira, me sentando ao seu lado.

–Bom, eu não tenho preconceitos com as outras, não teria problema de namorar outras garotas que não fossem o meu tipo, mas...eu goste daquelas que são carinhosas, e não tem problema de demostrar seus sentimentos. O que eu quero em uma mulher é respeito, carinho, sinceridade e quero uma companheira. Quero que ela me apoie em tudo aquilo que eu fizer, mesmo não concordando. Eu quero alguém pra dividir os meus medos, meus acertos. Quero ela vibrando quando eu receber um aumento, e quero ela sempre ao meu lado, em qualquer situação, seja ela feliz ou triste. Você acha que é muito?

Parei por uns segundos tentando ver se aquilo era realmente real. Finn, por trás da sua pose de garanhão e pegador, só queria um romance. Queria uma pessoa que o fizesse feliz, não só por alguns minutos, mas pelo resto da vida.

–Não é pedir muito de jeito nenhum! E você vai encontrar essa mulher...a mulher perfeita.

–Tem outra coisa também, Rach...não ria, por favor, mas eu...

–Fale Finn...

–Eu gosto mais de loiras, sabe? Não se ofenda, mas eu prefiro as loiras.

Aquilo foi como um balde d' água pra mim. Eu podia me tornar a mulher perfeita pra ele, se não fosse por esse detalhe. Loiras? Ele prefere loiras? Isso era um absurdo. Mas eu tentaria, e quem sabe, posso fazer ele mudar de ideia quanto a esse detalhe.

–E Rach...

–Sim, Finn?

–Você pode me ajudar a encontrar essa mulher?

Como eu diria não? Eu nunca consigo dizer não para Finn Hudson. É só eu fingir que estou procurando pela mulher perfeita, quando na verdade, estou tentando me transformar nela.

Cap. 1: "O que eu quero em uma mulher"

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