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“Rachel?” Ouviu-se a voz de Finn ecoando pelo corredor da casa dos Berry. O menino desajeitado tropeçava nos próprios pés enquanto ia em direção ao quarto de Rachel a fim de chamá-la para brincar com seu novo jogo.
Os dois tinham 11 anos de idade e eram melhores amigos desde que tinham 3. Assim que os Berry chegaram na cidade e se mudaram para a casa antiga ao lado da que Finn e sua mãe viviam, se tornaram inseparáveis. Leroy e Hiram foram as pessoas que impediram Carole Hudson de continuar usando coletes jeans e escutar a velha trilha do Mellancamp, apesar de Finn adorar praticá-la na bateria.
“Rachel?” Ele continuou chamando, mas dessa vez batendo na porta de madeira branca que correspondia ao quarto dela. Cinco segundos depois ouviu um clique e a porta se abriu.
Finn se deparou com a silhueta pequena de sua melhor amiga. Eles costumavam ser do mesmo tamanho, mas ultimamente Finn estava em um surto de crescimento, já estava 5 centímetros maior que ela. A sua primeira reação foi um suspiro e logo depois abraçou o melhor amigo recostando a cabeça em seu ombro. Finn não hesitou em abraçá-la de volta, sentindo as lágrimas molharem sua camisa dos Rolling Stones.
“O que aconteceu?” Ele perguntou quando percebeu que se acalmara um pouco. Ela se soltou do abraço e ele passou a mão em seu rosto limpando as lágrimas.
“V-Você me acha... bonita?” Rachel perguntou, com a cabeça baixa, meio tímida. Apesar da idade, já tinha muitas inseguranças, principalmente com sua aparência.
“Hey, Rach...” Finn disse, fazendo-a levantar a cabeça. “Você é linda!” Ele afirmou, arrancando um sorriso dela.
“Mas...” Ela abaixou a cabeça de novo. “Por que nenhum menino acha isso?” Perguntou em um sussurro.
“Hey...” Ele se afastou. “Eu sou um menino.” Disse se fingindo de ofendido, arrancando outro sorriso dela.
“Você é meu melhor amigo. Não conta.” Ela respondeu, dando um beijo tímido na bochecha dele.
“Claro que sim.” Teimou sentando na cama, seguido por ela. “Mas desde quando você se importa com os outros meninos? Você é Rachel Berry. A futura estrela da Broadway, a ganhadora de vários Tonys.” Afirmou Finn brincando com os dedos dela.
“É que...” Ela coçou a cabeça hesitante. “A Quinn deu o primeiro dela hoje. E ela passou meia hora dizendo como o beijo do Sam é incrível porque os lábios dele são grandes e blá, blá, blá.”
“E...?” Ele perguntou confuso, não entendendo o que aquilo tinha a ver com a aparência de Rachel.
“Eu perguntei o que eu tinha que fazer para um garoto me beijar e ela disse que eu precisava ser bonita.” Ela apoiou a cabeça no ombro de seu amigo quando as lágrimas voltaram a escorrer pelo seu rosto. Finn bufou. Ele já estava acostumado com as vezes em que Quinn se julgava superior a Rachel. Mas para ele, isso não funcionava. Ele sabia que só a voz de Rachel já derrubava qualquer menina que ele conhecia. Só que ela não se via assim e se achava o Patinho Feio do seu grupo.
“Não dê ouvidos a ela.” Ele voltou a limpar as lágrimas da sua melhor amiga. “Lembra quando ela disse que a loiras eram mais bonitas que as morenas e você disse que era o contrário?” Ela assentiu. “Então, vocês ficaram discutindo por semanas até ela ver que a Miss Universo eleita era morena e se calar.” Rachel sorriu relembrando da cara de Quinn quando viu o resultado do concurso.
“Você sempre me faz sentir melhor, sabia?” Ela deu outro abraço nele. “Por isso que eu te amo.”
Ele congelou. Não era a primeira vez que Rachel falava isso, mas ele sempre sentia como se fosse a primeira vez. Apesar de só ser um ‘eu te amo’ de amigos, ele sentia algo mais forte que isso.
“Eu também te amo.” Respondeu sorrindo de orelha a orelha. “Agora vem.” Ele estendeu a mão. “Minha mãe comprou o novo The Sims pra mim e eu não sou muito bom em cuidar das famílias. Eles sempre morrem. Mas com você, dá certo.”
Ela agarrou sua mão e correu para a casa dele, seguidos por um grito de Hiram dizendo a queria em casa para o jantar. Os dois jogaram por horas, Rachel sempre criava famílias perfeitas. Ela era organizada e tinha paciência. Esses eram os requisitos básicos para ter sucesso no jogo. Requisitos que Finn não tinha, mas não reclamava, adorava a ajuda dela.
Finn se despediu da amiga, com um abraço, um beijo na bochecha e um ‘eu também te amo’. A viu desparecer pela porta da frente e correu para ver o novo episódio de Naruto. Antes de dormir, pensou em Rachel novamente. Desde de que a conhecera, a admirava e a amava e esse amor era grande demais para ser de amigo. Pensava em como sentia ciúmes quando Puck falava dela como se fosse um pedaço de carne, pelo simples fato de ela ter começado a usar sutiã. Não que ele não gostasse. Ele gostava sim porque toda vez que pensava nisso começava a sentir coisas estranhas e a certeza aumentava.
Juntando todos estes fatos, concluiu, que estava, pelo menos era o que presumia, apaixonado por Rachel Berry. Ela era doce, se importava com ele e era bonita. Sim, ele estava apaixonado mesmo. Dormiu ainda pensando nela e decidiu que no dia seguinte confessaria seu amor que apesar de ter sido descoberto a pouco tempo, era grande demais para ficar escondido.

Capítulo 1

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